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31 De Julho, O Dia Da Mulher Africana É Especial?

O Dia da Mulher Africana, foi comemorado pela primeira vez a 31 de julho de 1962 em Dar Es Salaam, capital da Tanzânia.

31 De Julho, O Dia Da Mulher Africana É Especial?


O Dia da Mulher Africana, celebrado anualmente a 31 de Julho, é uma data que visa reconhecer e homenagear a contribuição vital das mulheres africanas na construção e desenvolvimento do continente. Instituído em 1962 durante a Conferência das Mulheres Africanas em Dar-es-Salaam, na Tanzânia, este dia destaca as conquistas e desafios enfrentados pelas mulheres africanas ao longo dos anos.

Embora todos saibamos que as mulheres africanas, pela sua luta no dia-a-dia celebram e dão conteúdo ao Dia da Mulher Africana, todos os dias, nesta data, o continente demonstra que valoriza e não esquece o que elas fizeram, fazem e continuarão a fazer, por todos nós e pelo continente.

É sabido que a mulher, no continente africano, ainda é discriminada. Não obstante, tem vindo a ganhar espaço quer no mercado trabalho, quer no poder. A descolonização do continente por parte dos ocidentais, no século XX, permitiu às mulheres começarem a ganhar posições no mercado, embora com uma remuneração menor do que a dos homens.

As mulheres africanas, apesar das adversidades e discriminações, têm mostrado uma notável determinação e coragem, desempenhando papéis cruciais na sociedade, economia, política e cultura do continente. Esta é uma das razões por que este dia é tão importante. Para nos fazer lembrar a todos da importância das mulheres e que é preciso continuar a lutar pelos seus direitos e igualdade.

 

O Que é o Dia da Mulher Africana?


O Dia da Mulher Africana, foi comemorado pela primeira vez a 31 de Julho de 1962 em Dar Es Salaam, capital da Tanzânia, levando ao estabelecimento da Organização Pan-Africana das Mulheres (PAWO) nesse mesmo ano, tornando-se um marco importante na luta pela igualdade de género em África.

A PAWO, foi a primeira e é a mais antiga organização coletiva de mulheres africanas, em funcionamento. Foi formada para contribuir para a libertação do continente do colonialismo, pôr fim ao apartheid e abolir todas as práticas discriminatórias contra as mulheres africanas.

Após a descolonização do continente no século XX, as mulheres têm gradualmente conquistado espaços no mercado de trabalho e no poder político, embora ainda enfrentem desafios significativos, como a disparidade salarial e a sub-representação em cargos de liderança.

Esta desigualdade salarial é uma das razões pela qual o Dia da Mulher Africana é tão importante, pois serve para nos lembrar da necessidade de continuar a lutar pelos direitos e igualdade das mulheres.

No entanto, apesar das leis e políticas progressistas proclamadas, a implementação prática dessas mudanças ainda enfrenta obstáculos significativos. Um dos principais desafios continua a ser a mudança de mentalidade em várias esferas da sociedade e a vontade política para implementar essas mudanças através de ações concretas no dia-a-dia.

A estrutura institucional e legal para promover e proteger os direitos das mulheres ainda é problemática em muitas partes do continente, especialmente nas questões relacionadas com heranças e propriedade da terra. A fraca implementação de leis progressivas é um dos fatores que corroem os avanços obtidos na igualdade de género e na valorização das mulheres.

 

Desigualdades Persistentes


Apesar dos progressos, as desigualdades de género persistem em muitas áreas. A regra das quotas para garantir a participação das mulheres na vida política é um exemplo de uma política que ainda enfrenta resistência e má implementação.

A falta de respeito às questões relacionadas com a participação das mulheres na organização e cultura dos partidos políticos, bem como no acesso a recursos financeiros, continua a ser um grande obstáculo. Além disso, as mulheres enfrentam dificuldades em obter cargos de liderança real económica, financeira e política.

A liderança política, social, empresarial e cultural dos países africanos deve garantir que as medidas tomadas sejam postas em prática e que a igualdade de género e a valorização das mulheres sejam levados a sério nos processos eleitorais e de nomeação para os órgãos de liderança nacional.

A inclusão de mulheres em funções de tomada de decisão é crucial para remover os estereótipos e promover uma sociedade mais justa e igualitária. O papel dos média é fundamental nesta luta. A responsabilidade de mudar a narrativa sobre a igualdade de género e dar poder às mulheres africanas recai em grande parte sobre os meios de comunicação.

É essencial lembrar aos homens e a toda a sociedade da importância de tratar as mulheres de igual para igual, tanto no ambiente doméstico quanto no local de trabalho. Quando todos adoptarem esta postura, a necessidade de um dia dedicado à mulher africana deixará de existir, pois a igualdade terá sido finalmente alcançada.

 

Mulheres Corajosas


A história do Dia da Mulher Africana é rica e cheia de exemplos de mulheres corajosas que abriram caminho para as conquistas que vemos hoje. A Conferência das Mulheres Africanas de Dar-es-Salaam, em 1962, que contou com a participação de 14 países e oito Movimentos de Libertação, foi um ponto de inflexão na luta pela emancipação das mulheres africanas.

Desde então, a luta pela igualdade de género tem sido contínua e multifacetada. A educação tem sido um factor crucial na valorização das mulheres africanas. Luzia Inglês, secretária regional da Organização Pan-Africana das Mulheres, destacou a educação como um estímulo essencial para a valorização das mulheres e uma base para um futuro sustentável para o continente.

A educação não só proporciona às mulheres as ferramentas necessárias para participarem plenamente na sociedade, mas também contribui para a construção de uma sociedade de paz, solidariedade, ética e respeito pelos direitos humanos.

As mulheres africanas têm desempenhado um papel vital na construção da paz e na promoção dos direitos humanos e foram fundamentais na luta contra o colonialismo e o apartheid e continuam a ser fundamentais para lutar contra outras formas de opressão ainda vigentes no continente

A relatora especial sobre os Direitos da Mulher em África, da Comissão Africana dos Direitos Humanos e dos Povos, aplaudiu as mulheres corajosas que abriram o caminho para a proteção dos direitos das mulheres através dos seus esforços valentes para acabar com o colonialismo e amplificar as vozes das mulheres africanas.

 

Mulheres em Posições de Liderança


O número crescente de mulheres em posições de liderança em África é um testemunho da evolução positiva dos direitos das mulheres no continente.

Mulheres como Ellen Johnson Sirleaf (ex-Presidente da Libéria), Joyce Banda (ex-Presidente do Malawi), Ameenah Gurib-Fakim (ex-Presidente das Ilhas Maurícias), Sahle-Work Zewde (Presidente da Etiópia) e Samia Suluhu Hassan (Presidente da Tanzânia) são exemplos inspiradores de liderança feminina em África.

A União Africana e a Comissão Africana dos Direitos Humanos e dos Povos têm desempenhado um papel crucial na promoção dos direitos das mulheres. Através de políticas, declarações e leis, estas instituições têm dado aos Estados-membros e às mulheres africanas ferramentas para promover e proteger os direitos das mulheres.

Iniciativas como a Década da Mulher Africana sobre a Abordagem de Base para a Igualdade de Género e a Valorização das Mulheres (2010-2020) e a Década da Mulher Africana para a Inclusão Financeira e Económica são exemplos de esforços contínuos para promover a igualdade de género no continente.

 

Acesso à Educação


O acesso à educação é um dos pilares fundamentais para a valorização das mulheres africanas. No entanto, muitos desafios ainda persistem na luta pela igualdade de género na educação.

A África Subsaariana enfrenta problemas significativos para alcançar a igualdade de género na educação, incluindo o casamento infantil, a gravidez precoce, a violência contra as mulheres, a pobreza, ambientes de aprendizagem inadequados e a falta de saneamento básico.

Joana Tomás, secretária-geral da OMA, destacou a importância de uma abordagem de intervenção para matricular as raparigas e mantê-las na escola. A educação é fundamental para a melhoria das oportunidades e para garantir que as mulheres possam exercer funções transformacionais e contribuir para o desenvolvimento inclusivo e sustentável dos seus países.

A luta pela igualdade de género na educação requer estratégias eficazes e duradouras. Embora existam bons exemplos de promoção da igualdade de género na educação em alguns países africanos, os obstáculos que as raparigas enfrentam ainda são grandes em muitos lugares.

A necessidade de transformar e revitalizar o sistema educativo é crucial para garantir que as raparigas tenham acesso à educação e possam realizar o seu pleno potencial.

 

Conclusão


O Dia da Mulher Africana é uma celebração da força, coragem e determinação das mulheres africanas. É um momento para reconhecer as conquistas alcançadas e refletir sobre os desafios que ainda persistem na luta pela igualdade de género.

As mulheres africanas têm desempenhado um papel crucial na construção de uma sociedade mais justa e igualitária e, a sua contribuição, é essencial para o desenvolvimento sustentável do continente. A luta pela igualdade de género é um processo contínuo que requer o compromisso e a ação de todos.

Governos, organizações da sociedade civil, organizações intergovernamentais e os meios de comunicação, têm um papel vital a desempenhar na promoção e protecção dos direitos das mulheres.

A educação é um dos pilares fundamentais para a valorização das mulheres e garantir o acesso à educação de qualidade para todas as raparigas e mulheres sendo essencial para alcançar a igualdade de género, uma luta por justiça, dignidade e direitos humanos, uma luta que todos devemos apoiar.

É essencial continuarmos a trabalhar juntos para garantir que as mulheres tenham as mesmas oportunidades e direitos que os homens e que possam contribuir plenamente para o desenvolvimento dos seus países.

Cabe-nos, a nós os média, estar na vanguarda para mudar a narrativa sobre a igualdade de género e dar o poder às mulheres africanas, lembrando aos homens, de uma forma geral que é preciso esquecer os preconceitos e encarar as mulheres de igual para igual, em todas as circunstâncias, quer no interior do lar, quer no local de trabalho, quer na sociedade.

Quando todos procedermos desta forma não haverá mais a necessidade de um dia dedicado à mulher africana, pois a igualdade terá sido finalmente alcançada e teremos finalmente vencido a “guerra”.

Feliz Dia da Mulher Africana.

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Imagem: © 2024 Francisco Lopes-Santos
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Atleta olímpico, tem um Doutoramento em Antropologia da Arte e dois Mestrados um em Treino de Alto Rendimento e outro em Belas Artes. Escritor prolifero, já publicou vários livros de Poesia e de Ficção, além de vários ensaios e artigos científicos.

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