A data é celebrada anualmente desde a sua proclamação através da Resolução 45/106 adoptada na Assembleia Geral das Nações Unidas a 14 de Dezembro de 1990, a que foi seguida pela adopção dos Princípios das Nações Unidas para Pessoas Idosas em 1991, marcando o início de um esforço mundial concertado para dar mais visibilidade aos problemas e desafios enfrentados pelos idosos.

O objectivo central foi sempre o de promover os direitos humanos e o bem-estar dos idosos, garantindo a plena realização das suas liberdades fundamentais e destacando a importância da sua inclusão e participação activa na sociedade.

A designação de 1999 como o Ano Internacional do Idoso e a subsequente adopção do Plano de Acção Internacional de Madrid sobre o Envelhecimento (MIPAA) em 2002, na segunda Assembleia Mundial sobre o Envelhecimento, consolidaram ainda mais esta agenda.

O MIPAA, em particular, foi elaborado para responder às oportunidades e aos desafios do envelhecimento populacional no século XXI, promovendo o desenvolvimento de uma sociedade para todas as idades, através de acções centradas no desenvolvimento, na saúde e na criação de ambientes favoráveis.

Estes marcos históricos representam a base sobre a qual se assenta a política mundial de envelhecimento, servindo como pilares que orientam os esforços contínuos para a construção de um mundo onde a idade seja vista como uma fonte de riqueza e não de vulnerabilidade.

A evolução dos temas anuais desde 1996, que passaram de “Os desafios para as pessoas idosas” para “Equidade digital para todas as idades” em 2021 e “A resiliência e as contribuições das mulheres idosas” em 2022, demonstram uma crescente sofisticação e abrangência na abordagem das questões relacionadas com o envelhecimento.

Estes temas tem reflectido uma compreensão cada vez maior das múltiplas dimensões que afectam a vida dos idosos e a necessidade de respostas políticas adaptadas à sociedade moderna.

Os idosos, longe de serem meros beneficiários passivos de programas sociais, emergem como poderosos agentes de mudança, cujas vozes devem ser ouvidas e valorizadas na formulação de políticas públicas e na luta contra a discriminação etária.

A experiência acumulada durante décadas de vida traduz-se em sabedoria e capacidade de aconselhamento, factores indispensáveis em sociedades marcadas por rápidas mudanças. Muitos continuam activos em profissões, voluntariado e movimentos cívicos, ajudando a encabeçar causas locais e mundiais.

Desde a promoção da equidade em saúde e do bem-estar financeiro, até à edificação da resistência comunitária e à defesa intransigente dos direitos humanos, os idosos desempenham um papel crucial na sociedade. Ao mesmo tempo, a convivência entre gerações enriquece a transmissão de valores culturais e históricos, preservando identidades colectivas.

O tema de 2025, ao sublinhar o seu papel como impulsionadores de acções locais e mundiais, alinha-se directamente com os princípios do MIPAA, que reconhece os idosos como motores do progresso.

O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, sublinhou esta verdade, destacando a necessidade de construir sociedades inclusivas que reconheçam e celebrem as contribuições dos mais velhos. A sua experiência de vida, o seu conhecimento acumulado e a sua sabedoria são recursos inestimáveis que podem ser canalizados para o progresso em diversas frentes.

Este reconhecimento não é apenas simbólico; é um apelo à acção para que as sociedades criem as condições necessárias para que os idosos possam continuar a participar activamente, a partilhar as suas perspectivas e a influenciar decisões que afectam não só as suas vidas, mas as de toda a comunidade.

A evolução do debate sobre o envelhecimento trouxe à luz a necessidade de reforçar os direitos humanos, até a relativamente pouco tempo, negligenciados, em relação às pessoas idosas.

Em Abril de 2025, foi estabelecido um marco importante com a aprovação da Resolução 58/13 pelo Conselho de Direitos Humanos, apoiada por oitenta e um Estados-Membros, para estabelecer um grupo de trabalho aberto encarregado de elaborar um instrumento juridicamente vinculativo para promover e proteger os direitos humanos das pessoas idosas.

Trata-se de um passo histórico, já que a velhice passa a ser reconhecida como uma etapa com direitos próprios e não apenas como um momento de cuidados assistenciais. Este reconhecimento internacional ajuda a combater o preconceito etário e sublinha que envelhecer não pode significar exclusão, mas sim inclusão plena.

Este avanço notável reflecte um reconhecimento crescente de que os idosos não são apenas um grupo demográfico, mas sim detentores de direitos inalienáveis e agentes activos de mudança, merecedores de um quadro legal robusto que salvaguarde a sua dignidade e autonomia.

A criação de um instrumento juridicamente vinculativo representa um marco crucial na agenda mundial de envelhecimento, pois irá fornecer uma base sólida para a elaboração de políticas nacionais e a responsabilização dos Estados na protecção dos seus cidadãos mais velhos.

Isto é fundamental pois a eliminação da discriminação etária é uma condição essencial para o desenvolvimento sustentável num mundo em envelhecimento, permitindo que os idosos possam contribuir plenamente com o seu potencial.

Esta iniciativa é um testemunho da crescente tomada de consciência para a necessidade de combater o preconceito da idade, a discriminação e a exclusão que muitas vezes afectam os idosos, garantindo que as suas vozes sejam ouvidas e que as suas aspirações sejam tidas em conta na construção de um futuro mais justo e equitativo para todas as gerações.

Os idosos constituem um segmento da sociedade em rápido crescimento, um fenómeno particularmente acentuado nos países em desenvolvimento. As mudanças demográficas em curso tornam mais urgente do que nunca, repensar a velhice. A longevidade, se acompanhada de políticas adequadas e de uma atitude social inclusiva, pode ser um motor de desenvolvimento e inovação.

O crescimento exponencial dos idosos representa um desafio complexo, mas também uma oportunidade sem precedentes para reimaginar o envelhecimento e a sua relação com o desenvolvimento sustentável. É fundamental que as políticas públicas sejam redesenhadas para garantir o acesso equitativo à saúde, à protecção social e a oportunidades de participação económica e social.

Ao amplificar as vozes dos idosos e ao reconhecer as suas contribuições multifacetadas, o Dia Internacional de 2025 serve como uma plataforma vital para que os idosos expressem as suas aspirações, defendam os seus direitos e reivindiquem políticas que garantam a sua dignidade, o seu bem-estar e a sua plena integração na vida comunitária.

A relevância de promover biotecnologias inovadoras baseadas em evidências para prevenir os processos degenerativos do envelhecimento, prolongando assim vidas activas e saudáveis, é um exemplo claro de como a ciência e a política podem convergir para melhorar a qualidade de vida dos idosos, permitindo-lhes desfrutar de uma longevidade com qualidade e propósito.

A celebração anual de primeiro de Outubro, com as suas conferências, debates, programas educacionais e campanhas de consciencialização sobre os direitos dos idosos, desempenha um papel crucial na promoção de uma sociedade para todas as idades.

É um momento de reafirmar o compromisso mundial com a dignidade e o bem-estar dos idosos, e de sublinhar a sua relevância como impulsionadores do progresso. O envelhecimento não deve ser visto como um fardo, mas como uma fase da vida rica em potencial, experiência e sabedoria.

O percurso para a igualdade de idade, a capacidade de resistencia das mulheres idosas, a equidade digital para todas as idades e o cumprimento das promessas da Declaração Universal dos Direitos Humanos para as pessoas mais velhas são temas que continuam a guiar os esforços internacionais.

O futuro que queremos é um futuro onde a idade seja celebrada, onde cada idoso seja valorizado pelas suas contribuições e onde as suas aspirações e direitos sejam plenamente respeitados. A construção de sociedades resilientes e equitativas passa, inevitavelmente, pelo reconhecimento e pela valorização do papel transformador que os idosos desempenham.

O Dia Internacional do Idoso de 2025 é mais do que uma efeméride, é uma lembrança premente de que o envelhecimento populacional é um fenómeno que nos afecta a todos, exigindo uma resposta colectiva e multifacetada.

A sabedoria dos mais velhos, a sua experiência e a sua capacidade de contribuir para o desenvolvimento social, económico e cultural são activos inestimáveis que as sociedades devem saber valorizar e proteger.

O caminho para uma sociedade verdadeiramente para todas as idades passa pela eliminação da discriminação etária, pela garantia de acesso equitativo a serviços essenciais e pela criação de ambientes que permitam aos idosos viverem com dignidade, autonomia e propósito.

Ao sublinhar o papel dos idosos como impulsionadores de acções locais e mundiais, estamos a traçar um futuro onde a longevidade seja sinónimo de oportunidades e onde a experiência acumulada das gerações mais velhas seja um farol a guiar o nosso progresso colectivo.

A responsabilidade de garantir que as aspirações, o bem-estar e os direitos dos idosos sejam plenamente realizados recai sobre cada um de nós e, este dia, serve como um potente apelo à acção para que continuemos a construir um mundo mais inclusivo e justo para todos, independentemente da idade.

• O número de pessoas com 60 anos ou mais, mais do que duplicou, de cerca de 541 milhões em 1995 para 1,2 bilhão em 2025 e a projecção é de que chegue a 2,1 bilhões até 2050. Até 2080, o número de pessoas com 65 anos ou mais superará o dos menores de 18 anos.
• A expectativa de vida mundial atingiu 73,5 anos em 2025, um aumento de 8,6 anos desde 1995. O número de pessoas com 80 anos ou mais está a crescer ainda mais rápido e a projecção é de que ultrapasse o número de crianças até meados da década de 2030 e chegue a 265 milhões.
• Com o envelhecimento da população, a procura por assistência médica e apoio social aumentou, especialmente para pessoas com condições como demência, uma das principais causas de dependência e incapacidade nos idosos. Os cuidados especializados agora são essenciais para atender a essas necessidades crescentes.
• As mulheres constituem a maioria dos beneficiários de cuidados e cuidadores, contribuindo com cerca de 70% das horas de cuidados informais em todo o mundo. Isso é especialmente verdadeiro em países subdesenvolvidos, com serviços de cuidado limitados, tornando as mulheres mais vulneráveis ​​à pobreza na velhice.
• Uma vida mais longa traz consigo oportunidades, não apenas para os idosos e para as suas famílias, mas também para a sociedade como um todo. Os anos adicionais proporcionam a oportunidade de procurar novas actividades, como educação continuada, uma nova carreira ou encontrar uma paixão há muito negligenciada.
• Os idosos contribuem de muitas maneiras para as suas famílias e para as comunidades em que se encontram. No entanto, a extensão dessas oportunidades e contribuições depende fortemente de um factor: a saúde.

O Dia Internacional do Idoso neste ano de 2025 é muito mais do que uma mera data comemorativa. É um apelo à humanidade para que construa uma sociedade capaz de valorizar todas as idades. Ao colocar os idosos no centro da agenda mundial, a ONU reforça a mensagem de que a velhice não é um fardo, mas uma etapa da vida plena de contribuições e significados.

A dignidade, a participação e a protecção social dos idosos são pilares de um mundo que se quer mais justo e inclusivo. Ignorar esta realidade seria comprometer o próprio futuro das próximas gerações. E é preciso não esquecer que todos nós, se assim a vida se proporcionar, iremos lá chegar…