Hoje É O Dia Internacional Da Juventude 2025

O Dia Internacional da Juventude (DIJ) celebra-se anualmente a 12 de Agosto, com o objectivo de reconhecer o papel fundamental dos jovens nas sociedades e ganhar consciência sobre os desafios e oportunidades enfrentados por eles em todo o mundo, afirmando-se como uma oportunidade de chamar a atenção da comunidade internacional para as questões dos jovens.

Este dia não é apenas mais uma data no calendário internacional. Constitui uma plataforma para promover o envolvimento dos jovens e celebrar as suas contribuições para a sociedade, o desenvolvimento e a paz. É também um marco que lembra ao mundo que metade da população mundial é jovem e que, sem a sua participação activa, não há futuro sustentável possível.

O Dia Internacional da Juventude de 2025 chega com um tema carregado de significado: “Iniciativas locais dos jovens para os ODS e além!”. Este não é um mero slogan. É um convite urgente para que as novas gerações transformem compromissos escritos em acções palpáveis, sentidas nas ruas, nos bairros, nas aldeias e nas cidades.

A juventude, tantas vezes retractada como beneficiária passiva, é aqui reconhecida como agente activo de mudança – criadora de soluções, mobilizadora de comunidades e construtora de pontes entre decisões políticas e a vida real das pessoas.

O mundo está a menos de cinco anos do prazo final da Agenda 2030. Muitos indicadores mostram avanços, mas outros revelam estagnação ou mesmo retrocesso.

A crise climática, a desigualdade económica e a instabilidade social afectam de forma directa as camadas mais jovens, sobretudo nas regiões mais vulneráveis. Por isso, o foco em acções locais lideradas por jovens não é apenas desejável: é vital.

A Origem do Dia

Imagem © 2025 UN (20250812) Hoje É O Dia Internacional Da Juventude 2025 O Dia Internacional da Juventude foi proclamado oficialmente a 17 de Dezembro de 1999 pela Assembleia Geral das Nações Unidas, através da Resolução 54/120. O impulso veio da Conferência Mundial de Ministros Responsáveis pela Juventude, realizada em Lisboa, em Agosto de 1998.

O objectivo era claro: criar uma data anual que chamasse a atenção de todo o mundo para as questões juvenis e reconhecesse o papel essencial dos jovens no desenvolvimento sustentável e na construção da paz. Mas a história remonta ainda mais longe.

Já em 1965, a ONU tinha aprovado a Declaração sobre a Promoção da Juventude dos Ideais de Paz, Respeito Mútuo e Compreensão entre os Povos, sublinhando o valor da juventude na harmonia mundial. Em 1985, celebrou-se o Ano Internacional da Juventude sob o lema Participação, Desenvolvimento e Paz.

Essa celebração abriu caminho para um compromisso duradouro, culminando na criação de um dia dedicado exclusivamente aos jovens. Desde a sua primeira celebração, o Dia Internacional da Juventude tem explorado temas que reflectem as preocupações e aspirações das novas gerações. Já se falou de segurança alimentar, saúde mental, solidariedade entre gerações e competências ecológicas.

Cada ano, o tema procura não apenas inspirar, mas também guiar políticas públicas, mobilizar organizações juvenis e sensibilizar comunidades para a importância de ouvir e incluir os jovens nas decisões que moldam o seu presente e o seu futuro.

O tema de 2025 distingue-se por reforçar a acção local como ponte para alcançar metas mundiais, reforçando o papel dos governos municipais e das associações comunitárias no processo.

O Tema de 2025

O Tema de 2025 – Iniciativas locais dos jovens para os ODS e além! – faz a ligação entre a juventude e os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Os ODS são um pacto mundial, mas a sua concretização depende de acções específicas e adaptadas às realidades de cada território. Mais de 65% das metas dos ODS têm ligação directa com responsabilidades dos governos locais e regionais.

E é precisamente aí que a juventude desempenha um papel determinante. Ao nível local, os jovens conhecem de perto as necessidades e as fragilidades das suas comunidades. Têm sensibilidade para detectar problemas e criatividade para encontrar soluções inovadoras.

Seja na gestão de resíduos, na promoção de energias renováveis, no incentivo ao empreendedorismo ou no apoio a causas sociais, os jovens podem transformar intenções políticas em resultados tangíveis. Embora as metas dos ODS sejam estabelecidas a nível mundial, é no terreno que a mudança acontece.

A tradução destes compromissos para políticas públicas locais, acompanhada da participação directa dos jovens, garante que as estratégias não fiquem apenas no papel. O tema de 2025 não deixa dúvidas: os jovens não devem ser vistos como beneficiários, mas como parceiros.

A inclusão da juventude na governação local não é um acto simbólico, é uma necessidade estratégica para a eficácia das políticas de desenvolvimento sustentável. Ao criar espaços de participação, capacitar jovens líderes e promover diálogo entre gerações, as comunidades fortalecem a ligação entre decisões de topo e acções concretas, assegurando que ninguém seja deixado para trás.

Quem É Considerado Jovem?

Imagem © 2025 Dardan Rushiti - UNDP Kosovo (20250812) Hoje É O Dia Internacional Da Juventude 2025 Não existe uma definição universal de “juventude”. Para fins estatísticos, a ONU considera jovens as pessoas com idades entre 15 e os 24 anos, definição adoptada na Resolução 36/28 de 1981 e usada desde os preparativos para o Ano Internacional da Juventude em 1985.

Contudo, este enquadramento varia de país para país, influenciado por factores culturais, económicos e políticos. Em muitos Estados, a “maioridade” – idade em que se adquire plena capacidade legal – não coincide exactamente com o intervalo definido pela ONU.

Há ainda a distinção entre “crianças” e “jovens”. Pela Convenção sobre os Direitos da Criança, qualquer pessoa com menos de 18 anos é considerada criança, mesmo que, para outras estatísticas, possa ser incluída no grupo juvenil. Este cruzamento de definições é fundamental para garantir protecção legal adequada a todos os que se encontram nesta faixa etária.

Actualmente, o planeta abriga 1,2 mil milhões de jovens entre os 15 e os 24 anos – cerca de 16% da população mundial. Até 2030, prevê-se que este número atinja 1,3 mil milhões. A geração jovem de hoje é a maior da história e, ao mesmo tempo, enfrenta desafios sem precedentes.

O desemprego juvenil, por exemplo, afecta 73 milhões de jovens. Para absorver a mão-de-obra que entra anualmente no mercado, será necessário criar 475 milhões de novos empregos até 2030.

Além disso, dois em cada cinco jovens estão ou desempregados ou empregados em condições precárias e de baixa remuneração. E quase 60% das crianças de 10 anos nos países de baixo e médio rendimento não conseguem ler e compreender um parágrafo simples – um sinal claro de que a desigualdade educacional continua a limitar oportunidades.

Estes números revelam a urgência de políticas activas que garantam educação de qualidade, trabalho digno e participação efectiva dos jovens nos processos de decisão.

Juventude Como Força Motriz

Educação de Qualidade – ODS 4

A educação é um direito fundamental e a chave para desbloquear o potencial da juventude. O Objectivo de Desenvolvimento Sustentável 4 (ODS 4) apela a uma educação inclusiva, equitativa e de qualidade, bem como à promoção de oportunidades de aprendizagem ao longo da vida.

Para que os jovens possam contribuir para uma economia produtiva e para o desenvolvimento sustentável, é essencial garantir que o ensino primário e secundário seja não apenas acessível, mas também de qualidade. Isto significa currículos actualizados, professores capacitados e infra-estruturas adequadas.

Contudo, a realidade mostra disparidades profundas. Em muitos países de baixo rendimento, a universalização do ensino secundário ainda é uma meta distante. As barreiras vão desde a falta de recursos materiais até questões culturais que limitam o acesso de raparigas à escola.

A educação técnica e profissional é igualmente crucial. Proporciona aos jovens competências práticas para o emprego e o empreendedorismo, permitindo-lhes criar as suas próprias oportunidades. A ligação entre escolas, centros de formação e o sector empresarial deve ser fortalecida, garantindo que as competências ensinadas correspondam às necessidades reais do mercado de trabalho.

Mais do que um investimento, a educação é uma ponte para a liberdade económica, social e política. Ao capacitar jovens com conhecimento e espírito crítico, abre-se caminho para lideranças mais conscientes e para sociedades mais justas.

Trabalho Digno e Crescimento Económico – ODS 8

O ODS 8 aborda um dos maiores desafios enfrentados pela juventude: o acesso a trabalho digno. Actualmente, os jovens têm três vezes mais probabilidades de estar desempregados do que os adultos. E, quando conseguem emprego, muitos encontram-se em situações de subemprego ou em trabalhos informais e precários.

A criação de oportunidades de trabalho não é apenas uma questão económica, mas também social e política. Jovens sem perspectivas de emprego estável são mais vulneráveis à exclusão, à pobreza e, em alguns casos, à radicalização.

A aposta deve passar pela diversificação económica, pelo incentivo ao empreendedorismo juvenil e pela promoção de sectores emergentes, como as tecnologias digitais, a economia verde e as indústrias criativas. Programas de mentoria e estágios remunerados podem facilitar a transição da educação para o mercado de trabalho, aumentando as hipóteses de inserção profissional.

Além disso, é essencial proteger os direitos laborais dos jovens, garantindo condições de trabalho seguras, salários justos e oportunidades de progressão na carreira. O emprego juvenil deve ser visto como um investimento no futuro da sociedade, e não como um simples número nas estatísticas.

O Papel dos Governos

Os governos locais e regionais desempenham um papel decisivo na concretização das metas dos ODS. Sendo as estruturas mais próximas das comunidades, conhecem melhor as necessidades e aspirações dos seus cidadãos, incluindo os jovens.

Criar conselhos municipais de juventude, fóruns de participação e plataformas digitais de diálogo são formas eficazes de integrar as vozes juvenis nas decisões políticas. Estes espaços não devem ser apenas consultivos, mas também deliberativos, garantindo que as propostas feitas pelos jovens tenham impacto real nas políticas públicas.

A cooperação com organizações juvenis e associações comunitárias é outro elemento-chave. Estas entidades actuam como pontes entre os jovens e as autoridades, canalizando ideias e projectos que podem ser incorporados nas agendas de desenvolvimento local.

Uma das maiores dificuldades na implementação dos ODS é transformar políticas nacionais em acções concretas a nível local. Muitas vezes, as decisões tomadas nos gabinetes não correspondem às realidades das ruas. É aqui que os jovens, com a sua ligação directa às comunidades, podem actuar como mediadores.

Ao envolver os jovens desde o planeamento até à execução das políticas, assegura-se que as medidas adoptadas sejam relevantes, eficazes e sustentáveis. Além disso, quando os jovens participam, aumenta-se o sentimento de pertença e de responsabilidade colectiva, factores essenciais para o sucesso de qualquer projecto de desenvolvimento.

Desafios Para a Juventude

Desemprego e Subemprego

O desemprego juvenil continua a ser um dos maiores problemas do nosso tempo. De acordo com dados recentes, 13% da força de trabalho jovem está desempregada, e muitos dos que têm emprego encontram-se em condições precárias.

O subemprego – quando se trabalha menos horas do que se deseja ou em funções abaixo das qualificações – afecta a auto-estima, a motivação e o potencial de crescimento dos jovens. Esta situação não é apenas uma perda individual, mas também um desperdício de talento e de recursos para as sociedades.

Para inverter esta tendência, é necessário um esforço coordenado entre governos, sector privado e sociedade civil. O investimento em sectores com potencial de crescimento, como as energias renováveis, o turismo sustentável e a economia digital, pode criar novas oportunidades para os jovens.

Alterações Climáticas

As alterações climáticas representam uma ameaça directa ao futuro da juventude. Inundações, secas, tempestades e outros fenómenos extremos têm impacto não só no ambiente, mas também na economia, na saúde e na segurança alimentar.

Muitos jovens, especialmente em países vulneráveis, já vivem em zonas afectadas por desastres climáticos e crises humanitárias. Estas situações limitam o acesso à educação, aumentam o risco de deslocação forçada e agravam desigualdades sociais.

O envolvimento da juventude nas soluções climáticas é crucial. Desde projectos de reflorestação até à promoção de energias limpas, os jovens estão na linha da frente da luta por um planeta sustentável. Programas de educação ambiental e financiamento para iniciativas ecológicas lideradas por jovens são investimentos que revertem directamente para o bem-estar colectivo.

Construção da Paz Mundial

A importância dos jovens na promoção da paz foi formalmente reconhecida pela Resolução 2250 do Conselho de Segurança da ONU, adoptada em 2015. Este documento histórico apelou aos Estados para criarem mecanismos que permitissem a participação significativa da juventude na prevenção de conflitos e na construção de sociedades pacíficas.

A resolução posicionou os jovens não como espectadores, mas como parceiros estratégicos na segurança mundial, reconhecendo que a sua exclusão pode contribuir para a instabilidade, enquanto a sua inclusão fortalece a coesão social.

Em 2018, a Resolução 2419 reforçou este compromisso, incentivando a presença juvenil nas negociações e implementação de acordos de paz. Mais do que palavras em documentos oficiais, estas resoluções procuram abrir portas para que a juventude tenha assento à mesa onde as decisões críticas são tomadas.

Participação Em Negociações

A presença de jovens em processos de paz traz perspectivas frescas e uma compreensão mais directa das realidades no terreno. Muitos destes jovens viveram de perto os impactos dos conflitos e têm um interesse vital em garantir que a paz seja duradoura.

No entanto, a participação efectiva requer mais do que convites formais. É necessário garantir formação em diplomacia, mediação e resolução de conflitos, bem como criar ambientes seguros onde as opiniões juvenis sejam respeitadas e consideradas.

Ao investir na capacitação destes jovens mediadores, as sociedades constroem não apenas acordos mais inclusivos, mas também uma geração preparada para prevenir futuras crises.

Programa Mundial de Acção Para a Juventude

Adoptado em 1995, o Programa Mundial de Acção para a Juventude (WPAY) estabeleceu 15 áreas prioritárias que vão desde a educação e o emprego até à saúde, participação política e ambiente. Estas áreas servem como guia para governos e organizações que procuram melhorar as condições de vida dos jovens.

O WPAY não é apenas um documento de intenções. Ele define acções concretas para que os países promovam políticas inclusivas e criem oportunidades reais para a juventude. Ao longo dos anos, tornou-se uma referência para a cooperação internacional no sector juvenil.

Relevância Para 2025 e Além

Em 2025, o WPAY celebra o seu 30.º aniversário, coincidindo com um momento crítico na corrida para cumprir os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável até 2030. Esta é uma oportunidade para reavaliar compromissos, reforçar parcerias e assegurar que as metas estabelecidas há três décadas sejam não apenas alcançadas, mas superadas.

O alinhamento entre o WPAY, o Pacto para o Futuro e a Declaração sobre as Gerações Futuras é fundamental para garantir coerência nas políticas e maximizar o impacto das acções. Estes instrumentos destacam que os jovens devem estar no centro das decisões que moldam o mundo que irão herdar.

Por todo o mundo, jovens estão a criar soluções inovadoras para problemas antigos. Desde projectos de reciclagem e hortas comunitárias até plataformas digitais para promover a literacia financeira e campanhas de saúde mental, as iniciativas juvenis estão a demonstrar que a mudança começa no bairro e se propaga a nível mundial.

Exemplos não faltam: grupos que transformam terrenos baldios em espaços verdes, associações que oferecem formação tecnológica a jovens desempregados, colectivos que promovem a igualdade de género em comunidades conservadoras.

Estes projectos, muitas vezes iniciados com recursos limitados, mostram que a criatividade e a determinação são activos tão valiosos quanto o financiamento.

O Papel das Organizações Juvenis

As organizações lideradas por jovens desempenham um papel crucial como incubadoras de talento e plataformas de expressão. Elas proporcionam não só espaço para a acção, mas também oportunidades de aprendizagem, criação de redes de contactos e fortalecimento de competências.

Quando estas organizações recebem apoio institucional e financeiro, o impacto das suas acções multiplica-se. É por isso que a parceria entre governos locais, sector privado e sociedade civil é essencial para escalar estas iniciativas e garantir a sua sustentabilidade a longo prazo.

Desafios e Oportunidades

A proximidade do prazo da Agenda 2030 coloca pressão sobre governos e instituições para acelerar resultados. No entanto, a velocidade não deve comprometer a qualidade das políticas. É fundamental que estas sejam inclusivas, participativas e adaptadas às realidades locais.

A juventude, pela sua diversidade e criatividade, é um recurso estratégico para garantir que as soluções sejam inovadoras e eficazes. Políticas inclusivas não se limitam a ouvir os jovens, mas envolvem-nos activamente na concepção, execução e avaliação de programas.

Tecnologia e inovação

As tecnologias digitais oferecem ferramentas poderosas para capacitar a juventude. Plataformas de aprendizagem online, redes sociais para mobilização comunitária, aplicações para monitorizar projectos e recolher dados em tempo real – tudo isto pode acelerar a implementação dos ODS.

No entanto, o acesso desigual à tecnologia continua a criar barreiras. É necessário investir em infra-estruturas digitais e garantir formação adequada para que todos os jovens possam beneficiar destas oportunidades.

A inovação não é apenas tecnológica; pode estar na forma como se organizam comunidades, se mobilizam recursos e se criam parcerias inesperadas para enfrentar desafios complexos.

Conclusão

O Dia Internacional da Juventude 2025 é mais do que uma data comemorativa. É uma lembrança de que o futuro sustentável não será alcançado sem a energia, a criatividade e o compromisso da juventude.

A acção local, quando bem apoiada e integrada em estratégias nacionais e internacionais, tem o poder de transformar realidades, reduzir desigualdades e criar sociedades mais justas.

O apelo é claro: dar força aos jovens, investir nas suas ideias e garantir que as suas vozes sejam ouvidas. Porque, no final, o mundo que queremos em 2030 começa a ser construído hoje, pelas mãos de quem irá viver nele.