Nesta conversa, abordámos a complexa dinâmica entre o Ocidente e Israel, destacando a relevância da relação histórica e cultural que sustenta este apoio.

Discutimos sobre a ação do Ocidente em relação a Israel, tendo o nosso convidado afirmado que Israel é considerado o “coração” do Ocidente ou “a menina dos olhos” do Ocidente. Ele explicou que o Ocidente pode ser definido em três dimensões: cultural e religiosa (mundo judaico-cristão de matriz greco-romana), projeto de modernidade (liberalismo e democracia), e ética cristã/protestante segundo Max Weber.

O nosso convidado argumentou que é por estas razões que é natural para o Ocidente apoiar Israel. Mencionou uma peça de Shakespeare, “O Mercador de Veneza”, para o explicar, destacando a personagem Shylock, o judeu, para ilustrar por que o Ocidente sempre apoia Israel e criticou a posição do apoio incondicional a Israel, exemplificando para isso um comentário recente do Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal.

Conversamos sobre a decisão do Tribunal Internacional que afirmou haver base para prosseguir com a acusação de genocídio contra Israel, tendo o nosso convidado discordado, afirmando que a noção de genocídio é complexa e não é clara, explicando que embora as decisões jurídicas sejam importantes, o foco principal deve ser nas vidas que estão a ser perdidas no terreno, neste momento.

Abordamos na conversa, o papel do Brasil na revisão de preceitos e valores internacionais apresentados pela África do Sul, afirmando o nosso convidado que, embora o Brasil seja um país influente, a sua população em geral desconhece as complexidades do Médio Oriente e que apesar de as sensibilidades serem grandes, a influência do Brasil no conflito israelo-palestiniano é limitada.

Finalmente, discutimos a actual fragmentação do Ocidente e comparou-se o período actual com a Guerra Fria, apesar de que, ao contrário da Guerra Fria, o mundo hoje é mais complexo e dinâmico, com muitas potências e soberanias a competirem por influência.

Encerrou-se a análise reforçando que as questões globais actuais são mais intrincadas e perigosas do que aquelas do período da Guerra Fria e que é importante reconhecer as diferentes perspectivas culturais e a complexidade das questões internacionais.

Em suma, esta conversa trouxe à tona a complexidade das relações entre o Ocidente e Israel, sublinhando as influências culturais, históricas e políticas que moldam este apoio, além de destacar as implicações humanitárias e a necessidade de uma compreensão mais profunda das questões internacionais actuais.