Índice
ToggleCS Da ONU Precisa De Ter Uma Voz De África
O Conselho de Segurança da ONU abriu a semana a debater a representação africana no órgão, sob proposta da presidência que, este mês, é exercida pela Serra Leoa. A sessão foi conduzida pelo Presidente da Serra Leoa, Julius Maada Bio.
Julius Maada Bio apresentou argumentos para que o continente tenha uma representação mais forte no órgão composto por 15 Estados-membros; o Presidente da Serra Leoa indicou haver uma “luz ao fundo do túnel” com novas atitudes dos cinco membros permanentes.
Após o encontro, Bio concedeu uma entrevista à ONU News, onde destacou que deve ser mantido o optimismo e impulsionada esta aspiração que já consta da agenda da ONU há mais de 40 anos.
Injustiça ao Continente Africano
O Presidente da Serra Leoa apela para um espírito renovado num mundo em mudança, com líderes a surgirem e a desaparecerem. Bio disse que está a tentar convencer os homólogos em África e no mundo sobre a injustiça cometida ao continente.
Com o aproximar dos 80 anos das Nações Unidas, Julius Maada Bio afirma que não se pode continuar com a estrutura e configuração actuais do Conselho de Segurança da ONU que considera injusta para com um continente com mais de 1,3 mil milhões de pessoas.
Bio justifica o seu optimismo ao sublinhar que África e o mundo devem apoiar completamente esse processo que ocorre num momento em que se debatem temas como democracia, justiça e representatividade.
Para ele, a sub-representação africana no Conselho de Segurança da ONU, tanto ao nível dos membros permanentes ou não permanentes, afecta a legitimidade do órgão, porque o seu mandato “não pode ser facilmente executado em África” sem as visões de países da região.
Impulso e Compromissos do P5
Bio afirmou que há agora um impulso necessário e compromissos assumidos por todos os representantes dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU das Nações Unidas, também conhecidos como P5, o que chamou de “luz ao fundo do túnel”.
Nesta nova realidade, ele aponta como sua missão “aumentar a consciência do mundo de que o continente também atingiu a maioridade”.
O Presidente da Serra Leoa destacou que África representa 54 dos 193 Estados-membros das Nações Unidas devendo, por isso, “deixar de ser apenas um território para guerras por procuração e de ser usada por outros”.
Lideranças Africanas
O Presidente da Serra Leoa defende que o continente “tem uma voz, conhece os seus problemas e deve ter a palavra”, uma vez que ocupa mais de 60% das questões discutidas no Conselho de Segurança da ONU e acolhe a maioria das actividades do órgão.
O Chefe de Estado da Serra Leoa afirmou que as lideranças africanas precisam “despertar novamente e perceber que não se pode integrar uma organização mundial e não fazer parte do seu principal órgão, o Conselho de Segurança da ONU”.
Segundo Bio, após vários anos de provações e tribulações, muito foi aprendido da parceria africana com as Nações Unidas e várias outras instituições e Estados.
Conclusão
A luta por uma representação mais justa de África no Conselho de Segurança da ONU reflete um desejo antigo de equilíbrio e equidade. Julius Maada Bio, ao colocar esta questão novamente em destaque, reforça a necessidade urgente de reestruturar um órgão que, até ao momento, tem mantido um sistema que não reflete a realidade geopolítica actual.
Com o apoio crescente dos membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, o continente africano encontra-se numa posição crucial para exigir uma representação mais justa e adequada. Contudo, o sucesso desta empreitada depende da coesão e da determinação dos líderes africanos em garantir que as suas reivindicações sejam levadas a sério.
A representação no Conselho de Segurança da ONU poderá contribuir significativamente para um futuro onde as decisões globais considerem de forma justa as necessidades e os desafios de África, promovendo uma paz e uma justiça mais equitativas para o mundo.
Achas importante África estar representada no Conselho de Segurança da ONU? Queremos saber a tua opinião, não hesites em comentar e se gostaste do artigo partilha e dá um “like/gosto”.
Imagem: © 2023 ONU