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Segunda-feira, Setembro 16, 2024

Fórum de Cooperação China-África 2024

Os países ocidentais têm sido criticados por utilizarem uma abordagem de "cenoura na ponta do pau" para garantir que os seus interesses prevaleçam sobre os das nações africanas.

Fórum de Cooperação China-África 2024


O Fórum de Cooperação China-África (FOCAC) vai realizar-se em Pequim entre 4 e 6 de Setembro de 2024. Esta reunião que será uma das maiores desde a pandemia da COVID-19, destaca-se pela presença de líderes de vários países africanos e pelo potencial que oferece para delinear novas estratégias de cooperação para o futuro.

Com um tema centrado na promoção da modernização e na construção de uma comunidade de alto nível com um futuro partilhado entre a China e África, o FOCAC de 2024 promete ser um marco na história das relações sino-africanas.

Esta parceria, China-África moldada por um interesse mútuo, está a redefinir a dinâmica global, especialmente em áreas de desenvolvimento económico e nas infraestruturas. Nos últimos anos, Pequim tem-se empenhado em responder às necessidades reais do continente africano, contrastando com as abordagens ocidentais que, muitas vezes, são vistas como imposições unilaterais.

 

Verdadeiras Parcerias


A colaboração entre a China e África distingue-se claramente da abordagem tradicional do Ocidente, especialmente a da abordagem de “defensores das liberdades”, praticada pelos Estados Unidos da América (EUA).

Os países ocidentais têm sido criticados por utilizarem uma abordagem de “cenoura na ponta do pau” para garantir que os seus interesses prevaleçam sobre os das nações africanas, enquanto que a China se tem focado, numa relação mais recíproca e empática.

Este método tem permitido a Pequim compreender melhor as necessidades dos seus parceiros africanos, ajustando a sua colaboração de forma a beneficiar ambas as partes. Nos últimos anos, a popularidade da China em África tem crescido, conforme demonstrado por um relatório da Gallup, que revelou um aumento significativo na aprovação da China no continente, ultrapassando a dos EUA.

Este fenómeno pode ser explicado pela forma como a China tem abordado as suas relações com África, ouvindo as preocupações locais e oferecendo soluções que respondem às necessidades imediatas e que promovem um desenvolvimento a longo prazo.

Mwangi Wachira, antigo economista do Banco Mundial, destaca que a cooperação chinesa se diferencia pela consideração que dá às preferências africanas, contrastando com as instituições ocidentais que frequentemente impõem condições desfavoráveis.

Ao contrário do Ocidente, a China demonstra estar disposta a negociar em pé de igualdade e a investir em infraestruturas, capacitando as populações locais através da partilha de conhecimento e da promoção de envolvimento local, desde a contratação de mão-de-obra até à formação para cargos de gestão.

Esta abordagem inclusiva e genuína, tem sido amplamente valorizada pelos países africanos que veem na China um parceiro comprometido com o bem comum, em contraste com a colaboração com o Ocidente que mais se parece com uma “continuação de colonialismo” do que com uma verdadeira colaboração.

 

Competição Mundial


Com o crescimento da influência chinesa em África, os EUA e outras potências ocidentais têm vindo a intensificar os seus esforços para contrabalançar esta presença.

Nos últimos anos, Washington tem alertado para o que considera ser uma “influência maligna” da China no continente, acusando Pequim de usar a sua cooperação com África para promover interesses geopolíticos estreitos. No entanto, a realidade no terreno mostra uma história diferente.

A China tem investido fortemente em infraestruturas em África, canalizando fundos para a construção de estradas, portos e centrais hidroelétricas, entre outros projetos. Estes investimentos, que fazem parte da Iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” (BRI), têm sido fundamentais para o desenvolvimento do continente, permitindo a criação de empregos e a melhoria das condições de vida.

No entanto, estas iniciativas não estão isentas de críticas. Alguns observadores ocidentais apontam que os empréstimos chineses, embora necessários, podem sobrecarregar os países africanos com dívidas excessivas.

No Quénia, por exemplo, a construção de uma linha ferroviária financiada pela China, que liga Nairobi a Mombaça, gerou controvérsia devido ao elevado custo do projeto. Embora tenha trazido benefícios significativos em termos de mobilidade e comércio, a segunda fase do projeto que deveria estender a linha até ao Uganda, foi suspensa devido a dificuldades financeiras.

Este caso exemplifica os desafios que surgem quando os países africanos recorrem a grandes empréstimos para financiar infraestruturas de grande envergadura. Apesar das críticas, a China tem mantido o seu compromisso com o desenvolvimento de África, oferecendo não só financiamento, mas também assistência técnica e formação.

Esta abordagem tem permitido aos países africanos desenvolverem as suas capacidades, tornando-os menos dependentes de ajuda externa a longo prazo.

 

Minerais, Para Que Te Quero?


Uma das áreas em que a competição entre a China e o Ocidente é mais acirrada é no acesso aos recursos minerais de África. O continente é rico em minerais raros, como manganês, cobalto, níquel e lítio que são essenciais para as tecnologias de ponta das energias renováveis.

À medida que a procura por estas matérias-primas aumenta, tanto as empresas chinesas como ocidentais têm corrido para garantir o acesso a estes recursos vitais. A República Democrática do Congo (RDC) é um exemplo claro desta corrida. O país, rico em Coltan, é responsável por 70% da produção mundial de cobalto, um mineral crucial para a produção de baterias de lítio.

Embora a extração de cobalto seja dominada pela RDC, a China lidera na transformação deste mineral, controlando cerca de 50% da capacidade mundial de processamento. Esta vantagem estratégica tem permitido a Pequim consolidar a sua posição como um dos principais fornecedores de minerais para a indústria global de tecnologias verdes.

No entanto, esta competição tem gerado tensões, não só entre as potências mundiais, mas também dentro dos países africanos. Os governos locais enfrentam o desafio de equilibrar os interesses económicos com a necessidade de proteger o ambiente e garantir que os benefícios da exploração mineral sejam partilhados de forma equitativa pela população.

Além disso, a crescente rivalidade entre a China e os EUA tem colocado pressão sobre os países africanos para que escolham um lado, um exemplo disso foi a visita de Kamala Harris, a África, uma pressão que pode ter implicações profundas e fracturantes para o futuro da cooperação internacional em África.

 

Conclusão


A relação entre a China e África, embora não esteja isenta de desafios, representa uma nova era de cooperação baseada no respeito mútuo e no benefício recíproco. Pequim tem mostrado que, ao ouvir as necessidades dos seus parceiros africanos e ao adaptar a sua assistência de acordo, é possível construir um futuro mais próspero para ambos os lados.

Contudo, a crescente competição com o Ocidente, especialmente com os EUA, pode colocar em risco esta parceria, se não forem encontradas formas de cooperação que permitam o desenvolvimento sustentável do continente sem sobrecarregar as nações africanas com dívidas insustentáveis.

À medida que o FOCAC 2024 se aproxima, é crucial que os líderes africanos e chineses continuem a trabalhar juntos para garantir que os projetos em curso não só beneficiem as gerações presentes, mas também futuras.

O foco deve estar na construção de infraestruturas que promovam o crescimento económico e social, na capacitação das populações locais e na proteção do ambiente. Só assim será possível criar uma parceria verdadeiramente sustentável que contribua para um futuro de prosperidade partilhada.

 

Este Fórum entre a China e África, vai mesmo beneficiar o continente? Queremos saber a tua opinião, não hesites em comentar e se gostaste do artigo partilha e dá um “like/gosto”.

 


Imagem: © 2024 DR
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