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ToggleBAD: África Precisa De Estabilidade Financeira
Durante os encontros anuais do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) em Nairobi, onde líderes e especialistas sublinharam a importância da colaboração e das reformas estruturais para impulsionar o crescimento e a estabilidade do continente, foi amplamente discutida a cooperação entre países do Sul global e a reforma da arquitetura financeira internacional, temas cruciais para o desenvolvimento sustentável de África.
No discurso de abertura, Akinwumi Adesina, o presidente do BAD disse que África precisa de 20 mil milhões de dólares para refinanciar dívida que está a vencer, considerando urgente criar um mecanismo de estabilidade financeira no continente e que é preciso tratar o processo de resolução da dívida do continente, tal como se trata um doente com uma hemorragia.
O BAD e a Cooperação Sul-Sul
O presidente do BAD, Akinwumi Adesina, destacou a relevância da cooperação Sul-Sul para o desenvolvimento de África, apontando o Brasil como um exemplo notável. Adesina destacou que a cooperação entre os países do Sul global pode gerar economias de escala e impulsionar setores chave como a agricultura e a indústria farmacêutica.
Citou a recente visita ao Brasil, onde discutiu com o presidente Lula da Silva a formação de uma grande parceria entre o Brasil e África. Adesina reforçou a intenção do BAD de colaborar com todos os países do Sul global, incluindo os membros do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Segundo ele, a diversidade e a cooperação entre diferentes nações são fundamentais para a beleza e a eficácia das parcerias internacionais.
Os encontros anuais do BAD em Nairobi reuniram mais de 3.000 participantes, incluindo membros de governo, chefes de Estado e antigos presidentes africanos. Durante o evento, foi debatida a necessidade urgente de reformar as instituições financeiras internacionais para melhor atender às necessidades de desenvolvimento do continente africano.
A transformação económica de África, apesar do crescimento significativo nas últimas duas décadas, ainda está incompleta, com a estrutura das economias permanecendo relativamente estática e o emprego na indústria transformadora em declínio.
Os Desafios da Dívida
A resolução da dívida africana foi outro tema central dos encontros. Adesina comparou a situação da dívida a uma hemorragia que precisa ser estancada rapidamente. Ele criticou a lentidão do processo de resolução da dívida e acentuou a necessidade de uma implementação mais rápida dos mecanismos globais.
O BAD estima que a dívida externa total de África estava em 1,15 biliões de dólares no final de 2023, com o continente a pagar 163 mil milhões de dólares em serviço da dívida, um aumento acentuado em relação aos anos anteriores. Adesina argumentou que a actual arquitetura financeira global não serve bem África, pois foi desenvolvida sem a participação significativa do continente.
Ele relembrou a necessidade de África ter uma voz mais activa nas negociações globais e nas instituições financeiras internacionais. Além disso, destacou a inadequação do financiamento climático disponível para o continente, que é muito inferior às necessidades reais.
Para enfrentar estes desafios, o BAD comprometeu-se a destinar 25 mil milhões de dólares em financiamento climático para África até 2025, com a meta já ultrapassada, alcançando 47% do objetivo. Adicionalmente, o Fundo Africano de Desenvolvimento lançou uma janela de ação climática para lidar com choques externos, demonstrando a abordagem proativa do banco para encontrar soluções práticas para os problemas do continente.
Conclusão
Os encontros anuais do BAD, em Nairobi, sublinharam a importância da cooperação Sul-Sul e da reforma da arquitetura financeira global para o desenvolvimento de África. A parceria com o Brasil exemplifica o potencial das colaborações internacionais para impulsionar sectores chave do continente.
Ao mesmo tempo, a resolução rápida da dívida e a ampliação do financiamento climático são essenciais para garantir um crescimento sustentável e enfrentar os desafios económicos e ambientais de África. O BAD, com o seu compromisso renovado em liderar estas iniciativas, continua a ser uma peça central na transformação económica do continente.
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Imagem: © 2024 BAD