A mais recente edição do Afrobarómetro, um estudo de opinião que abarca a quase totalidade dos países africanos, concluiu que mais de metade dos africanos aceita que ocorra um golpe militar se os líderes “abusarem do poder para si próprios“.

De acordo com a sondagem, do Afrobarómetro, a mais abrangente feita em África sobre a democracia, os africanos querem uma governação mais democrática do que a que têm, mas o apoio à democracia vai requerer o fortalecimento da integridade nos governos nacionais a mais responsabilização oficial.

“O projeto democrático africano enfrenta tempos desafiantes”.

“Há cada vez mais avisos de que a democracia está a perder terreno no continente”.

“Mais de metade dos africanos, 53% em 39 países, está disposta a aceitar um golpe militar se os líderes eleitos abusarem do poder para si próprios”.

Lê-se no Afrobarómetro que dá conta de um conjunto de indicadores relativamente à perceção que os africanos têm da implementação da democracia nos seus países.

Entre as principais conclusões do relatório que analisou 39 países conta-se o apoio de 66% à democracia sobre qualquer outra forma de governo, mas o apoio à democracia caiu 7 pontos percentuais face à edição anterior, nomeadamente na África do Sul, com uma queda de 29 pontos, e no Mali, com uma descida de 23 pontos.

Menos de metade dos africanos (45%) pensa que o seu país é maioritariamente ou totalmente democrático e, apenas 37%,00 estão satisfeitos com a democracia nos seus países, representando uma queda de 8 e 11 pontos, respetivamente, face à última década.

“O descontentamento da insatisfação dos cidadãos sobre o desempenho da democracia está fortemente associado com os declínios percepcionados, quer no desempenho socioeconómico, quer político”.

lê-se ainda no Afrobarómetro que conclui, numa nota positiva, que apesar dos dados, o apoio à democracia enquanto sistema de Governo é mais resistente que as deficiências económicas ou sociais”.

No entanto, onde existe um maior declínio do apoio à democracia, é em situações ligadas a mudanças adversas no desempenho político, como a queda da qualidade das eleições, aumento dos níveis de corrupção ou falhanço na promoção do Estado de direito.

O Afrobarómetro, é uma rede de sondagens pan-africana e não partidária que disponibiliza informação sobre as experiências e a avaliação da democracia, governação e qualidade de vida no continente, de acordo com a informação do site que afirma que os dados da edição deste ano foram recolhidos entre 2021 e 2023 em 39 países africanos.