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África, continente onde o mito e a realidade se entrelaçam nas sombras das florestas e nas profundezas dos rios, esconde criaturas que desafiam a ciência. Enquanto noutros continentes os “animais fantásticos” são explorados como atracção, aqui eles permanecem segredos guardados a sete chaves pelas comunidades locais.
Esta série, em 4 partes, sobre os Animais Fantásticos de África, mergulha nos criptídeos 1Os Criptídeos são animais que se acredita que possam existir em algum lugar da natureza, mas cuja existência é duvidosa ou controversa, não sendo fundamentada pela ciência. africanos – seres cuja existência é testemunhada, mas até agora não comprovada pela ciência tradicional.
Da bacia do Congo às savanas do Quénia, vamos desvendar lendas ancestrais e investigações modernas que questionam os limites do conhecido. Nesta Parte I, vamos explorar o elo entre a mitologia antiga e a criptozoologia 2Criptozoologia é o ramo da ciência que procura demonstrar a sobrevivência de espécies animais extintas (ex: Dinossáurios, Pterossáurios, grandes mamíferos do Plistocénico) ou a existência real de outras que são conhecidas apenas através de mitos ou “evidências” de veracidade duvidosa (ex: Monstro do Loch Ness, Yeti, Bigfoot)..
Prepara-te para uma viagem pela surpresa e pelo inexplicável que só poderia acontecer nesta “Africa Desconhecida”.
Parte 1: Mitos, Ciência e o Mundo Oculto de África
Os Animais Fantásticos na Mitologia Antiga
Mito é a explicação maravilhosa que se forma no nosso cérebro sobre factos reais que espicaçam vivamente a memória e a imaginação, influenciando dessa forma a nossa realidade alterando intimamente o nosso conceito de verificação e a resposta da causalidade…
Já dizia Adolph E. Jensen “o mito é a antecipação da ciência”. É no encontro do mito com a lenda que através da intervenção divina, humana ou de outra coisa qualquer, se forma a mitologia.

É por isso, que ao longo da história, foram surgindo vários animais mitológicos. Da antiguidade ficam-nos na lembrança dois cavalos (ou pseudo cavalos) o Unicórnio (cavalo com um chifre) e o Pégaso (cavalo com assas). Mas claramente estes, não eram os únicos.
A mitologia antiga é rica neste tipo de animais. Temos por exemplo o Grifo (metade águia e metade leão), o Cérbero (cão com três cabeças), a Fénix (pássaro que renasce das próprias cinzas), a Esfinge (leão com a cabeça de falcão), enfim uma imensidade de outros animais, apenas limitados pela imaginação humana.
Uma coisa é certa. Talvez devido aos maiores conhecimentos actuais, ou devido à queda dos “falsos Deuses”, ninguém, ou quase ninguém, acredita que tenham sido, ou que sejam, animais verdadeiros, remetendo-os apenas para o nosso imaginário.
Mas e se na realidade, fossem mesmo verdadeiros? No imaginário do homem moderno, talvez desacreditando dos relatos da antiguidade, surgiram uma nova espécie de animais mitológicos, mas aos quais, devido ao avançar da ciência, procurou-se dar um fundo científico, passando a serem uma possibilidade real e não apenas algo saído da nossa imaginação ou da mitologia.
Os Criptídeos
Ao longo do tempo moderno, tem havido muitos avistamentos de animais aquáticos, aéreos e terrestres de quatro patas ou hominídeos, desconhecidos da ciência. Esses animais passaram a ser descritos por Criptídeos, ou seja, criaturas cuja existência é sugerida, mas para a qual não existem provas científicas que comprovem de facto que existem.
Estes animais, são a versão moderna dos animais mitológicos da antiguidade e caem no estudo da Criptozoologia a ciência que estuda as espécies de animais lendários, mitológicas, hipotéticos ou avistadas por poucas pessoas, bem como o estudo de ocorrências de animais presumivelmente extintos.
Muitos destes animais, já fazem parte do nosso imaginário e são conhecidos por uma grande maioria das pessoas dos nossos dias.
Os que se destacam são, o Pé-Grande ou Sasquatch, talvez mais conhecido pelo seu nome em inglês, o Bigfoot, e que é uma espécie de grande símio que vive nas regiões selvagens e remotas dos Estados Unidos da América e do Canadá que, segundo os criptozoólogos, é aparentado do Ieti, vulgo “Abominável Homem das Neves” que viverá nas altas montanhas geladas do Tibete.
Na América do Sul, temos o também famoso Chupa-cabra, uma espécie de “vampiro” que ataca de forma sistemática animais rurais. E na Europa, mais precisamente no Reino Unido, ou para ser mais exacto, na Escócia, aquele, que provavelmente, é o mais célebre e conhecido de todos nós. O Monstro de Loch Ness também conhecido pelo nome carinhoso de Nessie.
Mas não é só em terra, ou lagos, que estes animais existem, eles também se encontram nos mares e falando em mares, não podíamos de deixar de referir o famoso Kraken, um cefalópode gigante, que com os seus tentáculos, puxa os barcos para as profundezas do mar.
Faço, no entanto, notar que pelo mundo fora, existem muitos mais destes animais fantásticos, no entanto, os relatos que chegam às mãos dos investigadores, são esparsos e não merecem uma investigação mais profunda, ficando apenas arquivados como mera curiosidade.
Resumindo, por todos os continentes deste planeta, temos descrições e avistamentos destes animais Fantásticos. Mas e então em África? Bem… África é outra história…
Animais Fantásticos de África
Vamos então falar dos animais que dão título a este pequeno ensaio…
África é um continente à parte, enquanto no resto do mundo, as “Bestas Fantásticas” são utilizadas na sua maioria para procura de publicidade local ou promoção individual, em África, os relatos destes animais passam despercebidos do grande publico.
A sua principal razão é o facto de que, apesar de localmente os seus habitantes terem a crença de que eles existem de facto, os povos dessas regiões africanas, não gostam de falar deles aos “estrangeiros” tornando-os por isso, numa jóia africana pouco conhecida.
Não se sabe ao certo quantos destes animais existem em África, pois a sua existência chega ao mundo ocidental, através de relatos de alguns caçadores ou de histórias passadas entre dentes e mal compreendidas pelos estrangeiros.
Mas a realidade conhecida é fabulosa. Levando em consideração, apenas os animais fantásticos africanos conhecidos, investigados pela ciência, África é o continente com a maior concentração de Criptídeos, investigados no mundo.
Para sermos mais exactos, enquanto nos outros continentes se conhecem três a quatro Criptídeos estudados pela ciência, em África foram, ou estão a ser investigados tantos que vou citar apenas os 10 mais conhecidos.
A Singularidade Africana: As Jóias Desconhecidas
Enquanto monstros como o Pé-Grande ou o do Loch Ness viraram fenómenos mundiais, os criptídeos africanos permanecem envoltos num véu de discrição. Esta invisibilidade não é acidental – é fruto de uma complexa teia cultural e ecológica:
- A Cultura do Silêncio: Muitas comunidades africanas evitam falar destas criaturas com estrangeiros, não por medo do ridículo, mas por respeito sagrado. Como um ancião massai confidenciou: “Alguns espíritos não devem ser nomeados; pertencem só à terra”. Este pacto de silêncio protege tanto as criaturas quanto o equilíbrio espiritual local.
- Biodiversidade Única: África abriga ecossistemas tão vastos e inexplorados (florestas do Congo, delta do Cubango ou Okavango, desertos da Namíbia) que os cientistas estimam que 40% das espécies continentais nem sequer foram ainda catalogadas. Quando as tribos descrevem “répteis com chifres” ou “felinos maiores que leões”, podem estar a referir-se a animais reais – ainda não descobertos pela ciência ocidental.
- O Paradoxo Moderno: Numa era de satélites e DNA, África mantém regiões onde os mapas digitais mostram apenas manchas verdes. O explorador Roy Mackal resumiu: “No Congo, o GPS falha e o conhecimento local torna-se a única bússola. E essa bússola aponta para monstros”.
Os 10 Criptídeos seleccionados: Um Bestiário Misterioso
Embora centenas de criaturas povoem lendas tribais, apenas 10 alcançaram o estatuto de “investigados pela ciência”. Este é o principal deste bestiário moderno – cada um será desvendado nas partes seguintes do artigo:

- Dingonek, Quénia/Tanzânia – “Morsa terrestre” com presas de marfim
- Emela-ntouka, República do Congo – Rinoceronte aquático “matador de elefantes”
- Grootslang, África do Sul – Serpente primordial que vive em cavernas
- Kikiyaon, Gâmbia – “Canibal de almas” com asas de coruja
- Kongamato, Zâmbia/Angola – Réptil voador “destruidor de barcos”
- Mamlambo, África do Sul – “Sugador de cérebros” dos rios
- Mokele-mbembe, Bacia do Congo – Dinossáurio aquático de pescoço longo
- Mngwa/Nunda, Tanzânia – Felino gigante listrado
- Ninki Nanka, Gâmbia/Guiné-Bissau – Dragão dos mangais com três chifres
- Urso Nandi, Quénia – “Comedor de cérebros” das savanas
Nota crucial: Esta lista exclui dezenas de outros criptídeos (como o Popobawa da Tanzânia ou o Adze de Gana), cujos relatos são considerados “folclore não verificável”. Os 10 seleccionados têm algo em comum: relatos escritos por ocidentais, evidências físicas, ou expedições científicas fracassadas que os investigaram, alimentando assim o mistério.
A Parte II
Estas criaturas só agora começam a emergir das sombras. Na Parte II, vamos enfrentara a ‘Morsa da Selva’ e o ‘Matador de Elefantes’ – monstros que desafiam a lógica dos ecossistemas africanos.
Vamos adentrar os pântanos e os rios onde o Dingonek, o Emela-ntouka e o Grootslang reinam. Prepare-se para ficar a conhecer o registo de pegadas gigantes e os testemunhos de caçadores e investigadores que os perseguiram – e um aviso: nem todos regressaram para contar a história…
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Animais Fantásticos de África (Parte I)
Animais Fantásticos de África (Parte II)
Notas
- Os Criptídeos são animais que se acredita que possam existir em algum lugar da natureza, mas cuja existência é duvidosa ou controversa, não sendo fundamentada pela ciência.
- Criptozoologia é o ramo da ciência que procura demonstrar a sobrevivência de espécies animais extintas (ex: Dinossáurios, Pterossáurios, grandes mamíferos do Plistocénico) ou a existência real de outras que são conhecidas apenas através de mitos ou “evidências” de veracidade duvidosa (ex: Monstro do Loch Ness, Yeti, Bigfoot).
(2) Localização dos Criptídeos em África
Ilustrações: 1 e 2 – © 2021 Xesko
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Imagem: © 2021 Francisco Lopes-Santos