Parem de sufocar África, afirmou o Papa Francisco.

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O Papa Francisco chegou ontem, 31 de Janeiro de 2023, à República Democrática do Congo (RDC), em uma viagem muito esperada, à qual se seguirá uma visita ao Sudão do Sul.

Ambos os países têm grandes populações católicas e sofreram conflitos longos e violentos que, a visita do papa, deve trazer à tona.

“Finalmente”.

Disse o Papa Francisco ao iniciar esta jornada tão esperada e adiada.

 

A visita a Kinshasa

Milhares de pessoas na RDC deslocaram-se até à capital Kinshasa, para ver o Papa Francisco. Esta, é a primeira visita papal ao país, desde 1985, uma visita a um país, onde quase metade dos seus 95 milhões de habitantes, são católicos.

A recepção que recebeu à chegada, foi um lembrete de que Francisco – mesmo sem o status de estrela rock, dos seus primeiros anos – ainda pode levar uma nação a um fervor alegre, particularmente uma que é fortemente católica e há muito se sente negligenciada.

A miríade de problemas da RDC, não pode ser resolvida por uma viagem papal, mas nesta viagem, o Papa Francisco está a oferecer outra coisa – a chance de ver esses problemas.

Horas depois de chegar, o Papa Francisco descreveu a RDC como: uma “terra vasta e luxuriante” que sofreu de inúmeras maneiras, desde as agruras do colonialismo, a guerras entre grupos étnicos, péssimos cuidados de saúde, a migrações forçadas e fome.

“Este país, tão imenso e cheio de vida, este diafragma de África, atingido pela violência como um golpe no estômago, parece há algum tempo estar sem fôlego”, disse o Papa Francisco.

Em várias ocasiões, a multidão aplaudiu os comentários do Papa, alguns gritando: “sim” ou “amém”, inclusive quando ele disse que “a igreja e o papa confiam no povo”.

“Eles acreditam no seu futuro, o futuro está nas suas mãos”, disse.

Está programado o Papa celebrar missas em Kinshasa e, encontrar-se com vários grupos de vítimas, da violência que assola o país, procurando dessa forma levantar o ânimo e o espirito da nação.

 

O objectivo da viagem.

A visita de seis dias do Papa Francisco a África – primeiro há RDC e depois ao Sudão do Sul – não carece de desafios. Os dois países destacam-se como pontos problemáticos na ampla faixa de África de maioria cristã.

Questões contra as quais o Papa Francisco se manifestou regularmente – exploração por potências externas, proliferação de armas, pilhagem ambiental – ocorrem em ambos os países, de maneira devastadora, com o agravamento da violência e a instabilidade dos acordos de paz.

Para o Papa Francisco, a viagem tem um tom de urgência. Foi forçado a cancelar a viagem que estava programada para o verão passado, por causa de uma dor no joelho. Desde então, grupos rebeldes tomaram o controle de mais território no leste da RDC, desenraizando meio milhão de pessoas e forçando o Vaticano a cancelar a visita a essa parte do país.

A viagem à RDC e depois ao Sudão do Sul destacará os longos conflitos em ambos os países e a crescente importância de África para o futuro da Igreja Católica. África é o local de crescimento mais rápido para da Igreja, com mais de 200 milhões de fiéis, mas o continente continua sub-representado na liderança do Vaticano.

Na sexta-feira, o Papa Francisco voará de Kinshasa, para Juba, capital do Sudão do Sul, onde o Papa, investiu pessoalmente na mediação da paz, entre facções rivais. Em 2019,  convidou o presidente Salva Kiir e o então líder rebelde Riek Machar, para um retiro espiritual no Vaticano, beijando os pés de ambos.

Agora Kiir e Machar, fazem parte do mesmo governo, mas mal consegue manter o país unido. Os combates contínuos e os desastres climáticos, ano após ano, estão a alimentar uma das maiores crises de refugiados em África.

 

As viagens papais a África

Esta é a sua quinta viagem como papa à África e, em relação ao seu antecessor, o papa Bento XVI, demonstrou muito mais interesse pelo continente. Isso é em parte uma resposta às mudanças fundamentais na fé que se encontra a diminuir no Ocidente e a crescer em África, apesar dos desafios gerados, pelos movimentos pentecostais e evangélicos.

Os graduados do seminário africano, preenchem agora, as lacunas no sacerdócio europeu, tendo o Papa Francisco, elevado uma nova classe de cardeais africanos, diversificando as categorias que, eventualmente, escolherão o seu sucessor.

 

Conclusão

Os congoleses dizem ser difícil exagerar o quão crucial é a igreja, em um país que enfrentou mais de um século de tragédias desestabilizadoras: pilhagem colonialista pelos belgas; anos de autocracia e desfalque do ex-líder de longa data, Mobutu Sese Seko; corrupção contínua e interesses estrangeiros que drenam o país da sua riqueza mineral.

A igreja tende a intervir onde o governo falha, ajudando principalmente com a educação e a saúde. Também trabalhou para supervisionar o caminho precário para as eleições de 2018, vencidas por Félix Tshisekedi, na primeira transferência democrática de poder na RDC.

Não é por isso de estranhar, a forma como o Papa Francisco foi recebido à chegada a Kinshasa, especialmente ,depois de fazer um comentário bombástico:

“Tirem as mãos da República Democrática do Congo! Tirem as mãos de África!  Parem de sufocar o continente. África não é uma mina a ser despojada, ou um terreno a ser saqueado. Que África seja protagonista do seu próprio destino”.

 

O que achas desta visita papal? Concordas com o que o Papa Francisco afirmou sobre o continente? Queremos saber a tua opinião, não hesites em comentar e, se gostaste do artigo, partilha-o e dá um “like/gosto”.
Imagem: © 2023 Alexis Huguet
Francisco Lopes-Santos
Francisco Lopes-Santos

Ex-atleta olímpico, tem um Doutoramento em Antropologia da Arte e dois Mestrados um em Treino de Alto Rendimento e outro em Belas Artes. Escritor prolifero, já publicou vários livros de Poesia e de Ficção, além de vários ensaios e artigos científicos.

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