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Quinta-feira, Novembro 21, 2024

Polemica na candidatura da Morna à UNESCO.

“O grande escândalo nacional é que parece que quase ninguém estudou o dossiê de candidatura da morna a património imaterial da humanidade” - Abraão Vicente, ministro da Cultura de Cabo Verde.

Polemica na candidatura da Morna à UNESCO.

O governo de Cabo Verde negou a existência de histórias falsas relacionadas com o processo de candidatura da morna como património mundial da UNESCO. Abraão Vicente, ministro da Cultura do país, afirmou que a classificação obtida em 2019 foi um “grande ganho” para a cultura cabo-verdiana.

Em resposta às declarações do músico Paulino Vieira, que afirmou que o dossiê da candidatura continha histórias falsas, o ministro afirmou que a candidatura foi construída com base na cientificidade e na capacidade técnica do Instituto do Património Cultural e foi validada pela UNESCO.

 

A polémica

A morna é um género musical típico de Cabo Verde, que surgiu em meados do século XIX, e é geralmente acompanhado por viola, cavaquinho, violino e piano, tendo o violão como “instrumento de excelência”. O estilo musical é considerado um símbolo da cultura cabo-verdiana, que une diversas gerações e classes sociais em torno da sua história e ritmos.

O governo de Cabo Verde tem defendido a importância da candidatura da morna como património mundial, destacando que ela é parte integrante da identidade do povo cabo-verdiano.

No entanto, o cantor e multi-instrumentista, Paulino Vieira, em entrevista efectuada este fim de semana à agência Lusa, afirmou que o dossiê “tem histórias falsas”, nomeadamente “gravações em que estão pessoas a tocar”, mas que disse que era ele a tocar.

“Um documento aprovado mundialmente, sendo nele descoberto três falácias, já dava direito a ser desclassificado. A UNESCO foi e é e continuará a ser irresponsável por ter aprovado um folclore que não conhece”.

“A morna passou a ser uma vítima de um flagrante, em que a sua história está falsificada e defraudada num documento que foi aprovado mundialmente”.

“Quando trabalhei a morna, não o fiz para ser património da humanidade, mas para ser respeitada em qualquer parte do mundo”.

“Não precisava ser património do Estado, porque o próprio cidadão cabo-verdiano tinha por direito defender a sua morna”.

Apontou Paulino Vieira, na entrevista à Lusa.

 

A Resposta

Em resposta, O ministro da Cultura de Cabo Verde, Abraão Vicente, referiu que considerando que “se fosse fácil alguém já o teria feito antes” e relembrou que a candidatura não se baseou apenas na história da Cesária Évora, mas sim na história do povo cabo-verdiano, incluindo o quotidiano de pessoas humildes como pescadores, carpinteiros e pedreiros.

Estamos a falar de uma opinião, do IPC [Instituto do Património Cultural], de todo o quadro técnico que fez a candidatura da morna, da UNESCO, de todos os especialistas internacionais que validaram a candidatura da morna”, insistiu, dizendo, por isso, tratar-se apenas de uma opinião.

“Devo dizer taxativamente que é falso, porque a validação da candidatura é feita com base em testemunhos e a aceitação de quem pratica o género”.

“O grande escândalo nacional é que parece que quase ninguém estudou o dossiê de candidatura da morna a património imaterial da humanidade”.

“Quatro anos depois, as pessoas ainda insistem em falar de uma candidatura da morna, como se tivesse sido uma coisa abstrata”.

Segundo o ministro a candidatura foi construída com base na cientificidade e na capacidade técnica do IPC, na capacidade da consultoria e validada pela UNESCO, uma agência das Nações Unidas.

 

Paulino Vieira e a Morna

Paulino Vieira, um dos mais renomados artistas cabo-verdianos, é um dos nomes mais importantes da morna. Além de cantor, Vieira é também compositor, arranjador e produtor, tendo tocado vários instrumentos em sua carreira, incluindo piano, guitarra, cavaquinho, percussão e harmónica.

Vieira afastou-se dos grandes espetáculos em 1996, continuando, no entanto, a criar a sua música que, afirmou, é do mundo e não tem fronteiras. Cantor, compositor, arranjador e produtor, toca vários instrumentos, tendo-se destacado no piano, guitarra, cavaquinho, percussão e harmónica.

Recentemente, Vieira apresentou um espetáculo no Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa, em que mostrou a versatilidade que o caracteriza, num espectáculo dedicado aos trabalhadores. O músico tem um vasto repertório de músicas inéditas, que segundo ele, não têm fronteiras e são destinadas a todas as pessoas que partilham a sua genialidade.

 

Conclusão

Polémicas à parte, o reconhecimento da morna como património mundial é visto como uma conquista importante para Cabo Verde que tem sido reconhecido internacionalmente pela sua rica tradição cultural. A candidatura da morna foi aprovada pela UNESCO em 2019, tornando-se a primeira expressão cultural de Cabo Verde a receber essa distinção.

O que achas desta polémica em torno da candidatura da Morna? Concordas com a posição do Paulino Vieira? Queremos saber a tua opinião, não hesites em comentar e se gostaste do artigo partilha e dá um “like/gosto”.
Imagem: © 2018 Augusto Brázio
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