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Quinta-feira, Novembro 21, 2024

Jogos Paralímpicos: África Despede-se Em Glória

“Estivemos todos no paraíso. E, embora estas emoções possam ter sido passageiras, a memória deste verão histórico permanecerá connosco para sempre” – Tony Estanguet.

Jogos Paralímpicos: África Despede-se Em Glória


Os Jogos Paralímpicos de Paris 2024 tornaram-se um palco de excelência para os atletas africanos que demonstraram ao mundo a sua extraordinária força e determinação. Com o continente a conquistar medalhas em várias modalidades, as nações africanas subiram ao pódio e comprovaram que o desporto paralímpico está em franca ascensão em África.

Além de elevar a representatividade do continente no panorama global, os resultados paralímpicos de 2024 evidenciam o trabalho árduo dos atletas e das suas equipas de suporte. Com destaque para as performances da Argélia, Tunísia e Marrocos, pode-se afirmar que os países africanos superaram desafios significativos para alcançar feitos notáveis.

 

Adeus, França 2024


Ao longo dos últimos 11 dias, Paris vibrou de emoção, aplaudiu, levantou-se em ovações, chorou e ficou em silêncio, maravilhada com o que presenciava. No domingo, 8 de Setembro, durante a Cerimónia de Encerramento dos Jogos Paralímpicos de Paris 2024, a cidade estava pronta para uma grande celebração.

O Stade de France, com capacidade para 64 mil pessoas, ficou repleto de espectadores que se juntaram para dar o adeus final a este verão dos Jogos Paralímpicos na capital francesa. Foi a primeira vez que o país acolheu os Jogos Paralímpicos de Verão e as expectativas eram enormes.

Paris 2024 correspondeu à expectativa, oferecendo performances atléticas deslumbrantes em locais icónicos, cerimónias inovadoras diante de estádios lotados, um número recorde de Comités Paralímpicos Nacionais participantes e a conquista das primeiras medalhas da equipa de Refugiados Paralímpicos.

Se a revolução foi o tema da Cerimónia de Abertura dos Jogos Paralímpicos Paris 2024, após uma semana e meia de ação em 22 modalidades desportivas, restava apenas um último convite: desfrutar e celebrar os feitos dos 4.400 atletas de 169 delegações que competiram nos Jogos.

“Estivemos todos no paraíso. E, embora estas emoções possam ter sido passageiras, a memória deste verão histórico permanecerá connosco para sempre”.

Disse Tony Estanguet, o presidente do Comité Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Paris 2024, no seu discurso de encerramento.

Esta cerimónia foi o culminar de um evento marcante que celebrou o desporto e a capacidade humana de enfrentar obstáculos e encontrar a força para seguir em frente. O legado dos Jogos Paralímpicos de Paris 2024 permanecerá vivo, e as suas lições servirão de exemplo para futuras gerações de atletas.

 

Os Resultados de África


Argélia

A Argélia destacou-se particularmente nas provas de Atletismo, Para Canoagem e Para Judo. Com 11 medalhas no total, sendo 6 de ouro, os atletas argelinos demonstraram a sua supremacia em competições altamente disputadas.

Entre os destaques está o velocista Skander Djamil Athmani, que arrebatou duas medalhas de ouro nas provas de 100 metros e 400 metros na categoria T13. A sua capacidade de ultrapassar adversidades físicas e conquistar o topo do pódio exemplifica o espírito de luta que define muitos atletas paralímpicos.

Além disso, a lendária lançadora Nassima Saifi manteve a tradição de sucesso, conquistando ouro no Lançamento de Disco F57 e ainda uma medalha de bronze no Lançamento do Peso F57. Saifi provou mais uma vez ser uma força imparável no atletismo adaptado mundial. A Argélia, com esta forte prestação, reafirma-se como uma das principais potências africanas nos Jogos Paralímpicos.

Tunísia

Já a Tunísia foi outro país que brilhou nos palcos internacionais, somando um total de 11 medalhas, incluindo cinco de ouro.

Os atletas tunisinos foram particularmente dominantes nas provas de fundo e de campo, com Raoua Tlili a destacar-se ao arrecadar duas medalhas de ouro no Lançamento do Peso F41 e Lançamento de Disco F41. A longevidade da carreira de Tlili, associada ao seu contínuo sucesso, é um testemunho da sua dedicação e à excelência tunisina no apoio ao desporto paralímpico.

Outro nome que merece destaque é o maratonista Wajdi Boukhili, que venceu a dura prova da maratona T12, demonstrando a tenacidade e resistência que o atletismo paralímpico exige. A Tunísia, com este desempenho de topo, demonstrou que o seu programa de formação de atletas paralímpicos está a produzir resultados consistentes e de qualidade.

Marrocos

O Marrocos também teve uma participação impressionante, com 15 medalhas, das quais três foram de ouro. Os marroquinos dominaram nas provas de corrida, com especial destaque para Mouncef Bouja que venceu a prova dos 400 metros T12. A sua corrida impecável mostrou uma incrível combinação de força e estratégia, garantindo-lhe o lugar mais alto do pódio.

Além disso, Fatima Ezzahra El Idrissi brilhou na maratona T12, trazendo mais uma medalha de ouro para Marrocos e reforçando a forte tradição do país em competições de resistência. A sua vitória na maratona foi um exemplo claro de perseverança e talento, colocando Marrocos entre as nações africanas de destaque nos Jogos Paralímpicos de Paris 2024.

Nigéria e Egipto

Por outro lado, Nigéria e Egipto fizeram valer a sua tradicional força no powerlifting paralímpico, somando medalhas importantes nas categorias de levantamento de peso. A nigeriana Folashade Oluwafemiayo, que venceu na categoria de mais de 86 kg, continua a ser uma referência global na sua disciplina.

Ao lado dela, Onyinyechi Mark e outras atletas nigerianas também mostraram a potência da Nigéria neste desporto.

Já o Egipto, igualmente formidável nesta categoria, viu Mohamed Elmenyawy conquistar o ouro na categoria até 59 kg, reafirmando o poderio egípcio no levantamento de peso paralímpico. Estes países continuam a consolidar as suas posições como líderes africanos no powerlifting, uma modalidade em que sempre foram fortes.

Os Outros Países Africanos

A Etiópia brilhou com a conquista de três medalhas, incluindo duas de ouro, ambas no atletismo. Yayesh Gate Tesfaw e Tigist Gezahagn Menigstu venceram nas provas de 1500 metros T11 e T13, respetivamente, mostrando o domínio etíope nas corridas de fundo. O esforço destes atletas coloca a Etiópia entre os países africanos de destaque nos Jogos.

A África do Sul, com seis medalhas no total, foi outra nação a impressionar. Mpumelelo Mhlongo, com uma medalha de ouro nos 100 metros T44 e um bronze nos 200 metros T64, reafirmou a sua posição como um dos velocistas de elite no desporto paralímpico. Além disso, Simone Kruger trouxe para casa o ouro no Lançamento de Disco F38, elevando o estatuto da África do Sul nos desportos de campo.

A Namíbia também conquistou um ouro e um bronze, graças à performance de Lahja Ishitile nos 400 metros e 200 metros T11, respetivamente. O feito da velocista demonstra que, apesar de ser uma delegação menor, a Namíbia continua a produzir talentos no atletismo paralímpico.

O Quénia e a Maurícia também não ficaram de fora do pódio. O queniano Samson Opiyo conquistou uma medalha de prata no Salto em Comprimento T37, enquanto Yovanni Philippe de Maurícia arrecadou o bronze nos 400 metros T20, dando aos seus países motivos para celebrarem as suas conquistas nos palcos internacionais.

 

Conclusão


É importante realçar que o sucesso dos atletas africanos vai muito além das medalhas. Eles enfrentam inúmeras adversidades, desde a falta de infraestruturas adequadas até ao limitado financiamento para a prática desportiva adaptada.

No entanto, ao longo dos anos, estas barreiras têm sido superadas através da dedicação pessoal dos atletas e das suas equipas, bem como de um crescente reconhecimento da importância do desporto paralímpico nos respetivos países.

O impacto social e cultural destes atletas é imenso, pois as suas histórias de superação inspiram milhões em todo o continente e ao redor do mundo. O desempenho de África nos Jogos Paralímpicos de Paris 2024 é uma prova de que, com mais investimentos e apoio, o continente pode continuar a crescer e a afirmar-se nas mais diversas modalidades desportivas.

Os Jogos Paralímpicos de Paris 2024 demonstraram que o desporto paralímpico africano está a progredir de forma robusta. Argélia, Tunísia, Marrocos, Nigéria, Egito e outras nações africanas mostraram ao mundo a força dos seus atletas e o compromisso com o desenvolvimento do desporto adaptado.

Este progresso é apenas o começo, e as próximas edições dos Jogos serão, sem dúvida, palco de ainda mais conquistas para os atletas paralímpicos africanos.

 

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Imagem: © 2024 Ezra Shaw - Getty Images
Francisco Lopes-Santos

Atleta olímpico, tem um Doutoramento em Antropologia da Arte e dois Mestrados um em Treino de Alto Rendimento e outro em Belas Artes. Escritor prolifero, já publicou vários livros de Poesia e de Ficção, além de vários ensaios e artigos científicos.

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Francisco Lopes-Santos
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