9 C
Londres
Quinta-feira, Outubro 3, 2024

Jogos Paralímpicos: África Despede-se Em Glória

“Estivemos todos no paraíso. E, embora estas emoções possam ter sido passageiras, a memória deste verão histórico permanecerá connosco para sempre” – Tony Estanguet.

Jogos Paralímpicos: África Despede-se Em Glória


Os Jogos Paralímpicos de Paris 2024 tornaram-se um palco de excelência para os atletas africanos que demonstraram ao mundo a sua extraordinária força e determinação. Com o continente a conquistar medalhas em várias modalidades, as nações africanas subiram ao pódio e comprovaram que o desporto paralímpico está em franca ascensão em África.

Além de elevar a representatividade do continente no panorama global, os resultados paralímpicos de 2024 evidenciam o trabalho árduo dos atletas e das suas equipas de suporte. Com destaque para as performances da Argélia, Tunísia e Marrocos, pode-se afirmar que os países africanos superaram desafios significativos para alcançar feitos notáveis.

 

Adeus, França 2024


Ao longo dos últimos 11 dias, Paris vibrou de emoção, aplaudiu, levantou-se em ovações, chorou e ficou em silêncio, maravilhada com o que presenciava. No domingo, 8 de Setembro, durante a Cerimónia de Encerramento dos Jogos Paralímpicos de Paris 2024, a cidade estava pronta para uma grande celebração.

O Stade de France, com capacidade para 64 mil pessoas, ficou repleto de espectadores que se juntaram para dar o adeus final a este verão dos Jogos Paralímpicos na capital francesa. Foi a primeira vez que o país acolheu os Jogos Paralímpicos de Verão e as expectativas eram enormes.

Paris 2024 correspondeu à expectativa, oferecendo performances atléticas deslumbrantes em locais icónicos, cerimónias inovadoras diante de estádios lotados, um número recorde de Comités Paralímpicos Nacionais participantes e a conquista das primeiras medalhas da equipa de Refugiados Paralímpicos.

Se a revolução foi o tema da Cerimónia de Abertura dos Jogos Paralímpicos Paris 2024, após uma semana e meia de ação em 22 modalidades desportivas, restava apenas um último convite: desfrutar e celebrar os feitos dos 4.400 atletas de 169 delegações que competiram nos Jogos.

“Estivemos todos no paraíso. E, embora estas emoções possam ter sido passageiras, a memória deste verão histórico permanecerá connosco para sempre”.

Disse Tony Estanguet, o presidente do Comité Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Paris 2024, no seu discurso de encerramento.

Esta cerimónia foi o culminar de um evento marcante que celebrou o desporto e a capacidade humana de enfrentar obstáculos e encontrar a força para seguir em frente. O legado dos Jogos Paralímpicos de Paris 2024 permanecerá vivo, e as suas lições servirão de exemplo para futuras gerações de atletas.

 

Os Resultados de África


Argélia

A Argélia destacou-se particularmente nas provas de Atletismo, Para Canoagem e Para Judo. Com 11 medalhas no total, sendo 6 de ouro, os atletas argelinos demonstraram a sua supremacia em competições altamente disputadas.

Entre os destaques está o velocista Skander Djamil Athmani, que arrebatou duas medalhas de ouro nas provas de 100 metros e 400 metros na categoria T13. A sua capacidade de ultrapassar adversidades físicas e conquistar o topo do pódio exemplifica o espírito de luta que define muitos atletas paralímpicos.

Além disso, a lendária lançadora Nassima Saifi manteve a tradição de sucesso, conquistando ouro no Lançamento de Disco F57 e ainda uma medalha de bronze no Lançamento do Peso F57. Saifi provou mais uma vez ser uma força imparável no atletismo adaptado mundial. A Argélia, com esta forte prestação, reafirma-se como uma das principais potências africanas nos Jogos Paralímpicos.

Tunísia

Já a Tunísia foi outro país que brilhou nos palcos internacionais, somando um total de 11 medalhas, incluindo cinco de ouro.

Os atletas tunisinos foram particularmente dominantes nas provas de fundo e de campo, com Raoua Tlili a destacar-se ao arrecadar duas medalhas de ouro no Lançamento do Peso F41 e Lançamento de Disco F41. A longevidade da carreira de Tlili, associada ao seu contínuo sucesso, é um testemunho da sua dedicação e à excelência tunisina no apoio ao desporto paralímpico.

Outro nome que merece destaque é o maratonista Wajdi Boukhili, que venceu a dura prova da maratona T12, demonstrando a tenacidade e resistência que o atletismo paralímpico exige. A Tunísia, com este desempenho de topo, demonstrou que o seu programa de formação de atletas paralímpicos está a produzir resultados consistentes e de qualidade.

Marrocos

O Marrocos também teve uma participação impressionante, com 15 medalhas, das quais três foram de ouro. Os marroquinos dominaram nas provas de corrida, com especial destaque para Mouncef Bouja que venceu a prova dos 400 metros T12. A sua corrida impecável mostrou uma incrível combinação de força e estratégia, garantindo-lhe o lugar mais alto do pódio.

Além disso, Fatima Ezzahra El Idrissi brilhou na maratona T12, trazendo mais uma medalha de ouro para Marrocos e reforçando a forte tradição do país em competições de resistência. A sua vitória na maratona foi um exemplo claro de perseverança e talento, colocando Marrocos entre as nações africanas de destaque nos Jogos Paralímpicos de Paris 2024.

Nigéria e Egipto

Por outro lado, Nigéria e Egipto fizeram valer a sua tradicional força no powerlifting paralímpico, somando medalhas importantes nas categorias de levantamento de peso. A nigeriana Folashade Oluwafemiayo, que venceu na categoria de mais de 86 kg, continua a ser uma referência global na sua disciplina.

Ao lado dela, Onyinyechi Mark e outras atletas nigerianas também mostraram a potência da Nigéria neste desporto.

Já o Egipto, igualmente formidável nesta categoria, viu Mohamed Elmenyawy conquistar o ouro na categoria até 59 kg, reafirmando o poderio egípcio no levantamento de peso paralímpico. Estes países continuam a consolidar as suas posições como líderes africanos no powerlifting, uma modalidade em que sempre foram fortes.

Os Outros Países Africanos

A Etiópia brilhou com a conquista de três medalhas, incluindo duas de ouro, ambas no atletismo. Yayesh Gate Tesfaw e Tigist Gezahagn Menigstu venceram nas provas de 1500 metros T11 e T13, respetivamente, mostrando o domínio etíope nas corridas de fundo. O esforço destes atletas coloca a Etiópia entre os países africanos de destaque nos Jogos.

A África do Sul, com seis medalhas no total, foi outra nação a impressionar. Mpumelelo Mhlongo, com uma medalha de ouro nos 100 metros T44 e um bronze nos 200 metros T64, reafirmou a sua posição como um dos velocistas de elite no desporto paralímpico. Além disso, Simone Kruger trouxe para casa o ouro no Lançamento de Disco F38, elevando o estatuto da África do Sul nos desportos de campo.

A Namíbia também conquistou um ouro e um bronze, graças à performance de Lahja Ishitile nos 400 metros e 200 metros T11, respetivamente. O feito da velocista demonstra que, apesar de ser uma delegação menor, a Namíbia continua a produzir talentos no atletismo paralímpico.

O Quénia e a Maurícia também não ficaram de fora do pódio. O queniano Samson Opiyo conquistou uma medalha de prata no Salto em Comprimento T37, enquanto Yovanni Philippe de Maurícia arrecadou o bronze nos 400 metros T20, dando aos seus países motivos para celebrarem as suas conquistas nos palcos internacionais.

 

Conclusão


É importante realçar que o sucesso dos atletas africanos vai muito além das medalhas. Eles enfrentam inúmeras adversidades, desde a falta de infraestruturas adequadas até ao limitado financiamento para a prática desportiva adaptada.

No entanto, ao longo dos anos, estas barreiras têm sido superadas através da dedicação pessoal dos atletas e das suas equipas, bem como de um crescente reconhecimento da importância do desporto paralímpico nos respetivos países.

O impacto social e cultural destes atletas é imenso, pois as suas histórias de superação inspiram milhões em todo o continente e ao redor do mundo. O desempenho de África nos Jogos Paralímpicos de Paris 2024 é uma prova de que, com mais investimentos e apoio, o continente pode continuar a crescer e a afirmar-se nas mais diversas modalidades desportivas.

Os Jogos Paralímpicos de Paris 2024 demonstraram que o desporto paralímpico africano está a progredir de forma robusta. Argélia, Tunísia, Marrocos, Nigéria, Egito e outras nações africanas mostraram ao mundo a força dos seus atletas e o compromisso com o desenvolvimento do desporto adaptado.

Este progresso é apenas o começo, e as próximas edições dos Jogos serão, sem dúvida, palco de ainda mais conquistas para os atletas paralímpicos africanos.

 

Seguiste os Jogos Paralímpicos?  O que achaste? Queremos saber a tua opinião, não hesites em comentar e se gostaste do artigo partilha e dá um “like/gosto”.

 

África, Mais Afrika, Jogos Paralímpicos Paris 2024, Medalhas, Desporto Adaptado

 


Imagem: © 2024 Ezra Shaw - Getty Images
Francisco Lopes-Santos
Francisco Lopes-Santos

Atleta olímpico, tem um Doutoramento em Antropologia da Arte e dois Mestrados um em Treino de Alto Rendimento e outro em Belas Artes. Escritor prolifero, já publicou vários livros de Poesia e de Ficção, além de vários ensaios e artigos científicos.

Olá 👋
É um prazer conhecermo-nos.

Regista-te para receberes a nossa Newsletter no teu e-mail.

Não enviamos spam! Lê a nossa política de privacidade para mais informações.

Francisco Lopes-Santos
Francisco Lopes-Santoshttp://xesko.webs.com
Atleta olímpico, tem um Doutoramento em Antropologia da Arte e dois Mestrados um em Treino de Alto Rendimento e outro em Belas Artes. Escritor prolifero, já publicou vários livros de Poesia e de Ficção, além de vários ensaios e artigos científicos.
Ultimas Notícias
Noticias Relacionadas

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Leave the field below empty!

Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!

error: Content is protected !!