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Sábado, Fevereiro 8, 2025

Angola Quer Emitir Até $2.000 Milhões Este Ano

O governo quer emitir dívida num montante até 2.000 milhões de dólares este ano, sem recorrer a um programa financeiro do FMI, disse o ministro de Estado para a Coordenação Económica.

Angola Quer Emitir Até $2.000 Milhões Este Ano


Mil milhões de dólares é o valor que Angola pretende captar nos mercados internacionais este ano, através da emissão de Eurobonds (títulos de dívida em moeda estrangeira), revelou José de Lima Massano em entrevista à agência de informação financeira Bloomberg em Davos, onde decorre o Fórum Económico Mundial

O governador do Banco Nacional de Angola afirmou que “não será diferente” do que já foi feito anteriormente, admitindo ainda que o valor pode chegar até aos dois mil milhões de dólares.


Gestão da Dívida


O segundo maior produtor de petróleo na África subsaariana vai apresentar a proposta aos investidores este trimestre, acrescentou o antigo governador do banco central, salientando que a emissão de dívida vai depender das condições de mercado.

 

Os preços e as maturidades das emissões são “críticos, para não haver pressão adicional sobre a dívida pública”, disse Massano, acrescentando:

“Só espero que a inflação continue na trajectória descendente para podermos ter mais acesso aos fundos”.

Só em Novembro, Angola terá de pagar 864 milhões de dólares em dívida, um exemplo do fardo da dívida que terá de enfrentar este ano e o próximo ano.


Impacto Económico


Angola é um dos países africanos que gasta mais dinheiro a pagar juros da dívida do que a investir na educação e saúde, diz o Departamento de Assuntos Económicos e Sociais das Nações Unidas (UNDESA).

“Em várias das maiores e mais populosas economias de África, incluindo Angola, Egipto, Gana, Nigéria e Uganda, os pagamentos de juros da dívida excederam o total de despesas em educação e saúde nos últimos anos, mostrando as difíceis escolhas políticas que os governos enfrentam”.

Lê-se no relatório sobre a Situação e Perspectivas Económicas para 2025, divulgado pelas Nações Unidas no princípio deste mês.

Alguns destes países, incluindo Angola, têm de gastar mais de 25% da sua receita para servir os juros da dívida, lê-se no relatório, divulgado na mesma altura em que uma análise da Organização Não-Governamental Debt Justice aponta Angola como o país do mundo em que uma maior percentagem da receita (66%) é usada para pagamento de dívida.

Angola vai ter de pagar 6,2 mil milhões de dólares em 2025, representando 5,2% do PIB, e 5,4 mil milhões de dólares em 2026, representando 4,2% do PIB, o que se compara com os 5,4 mil milhões de dólares pagos em 2024.

Disse a Fitch Ratings numa análise recente à economia angolana, apresentando estes valores como o total de dívida que será paga nestes anos, que inclui os juros e os pagamentos na maturidade dos empréstimos.


Reformas e Financiamento


Em Dezembro, Angola assinou com o banco de investimento JPMorgan Chase acordos no valor de mil milhões de dólares que servirão para financiar o orçamento deste ano, incluindo projectos de infra-estruturas para aumentar o fornecimento de água, electricidade e hospitais, disse Lima Massano.

 

Na entrevista à Bloomberg, reconheceu que o país enfrenta dificuldades no âmbito dos pagamentos de dívida, mas salientou que o rácio da dívida sobre o PIB caiu para 60% a 65%.

“Estamos a tentar ao máximo alargar as maturidades”.

Afirmou o ministro, acrescentando que apesar de o país estar a seguir as directrizes do Fundo Monetário Internacional (FMI) relativamente à gestão dos recursos, não vai precisar de outro programa de financiamento.

O ministro recordou que a economia de Angola cresceu “ligeiramente acima de 4%” no ano passado, valor igual ao previsto para este ano, alicerçado nos sectores fora do petróleo e no programa de privatizações.


Conclusão


Angola enfrenta um desafio significativo no equilíbrio entre a gestão da dívida e o investimento em sectores prioritários, como educação, saúde e infraestruturas. A emissão de Eurobonds surge como uma estratégia para captar recursos e alongar as maturidades da dívida, enquanto o país continua a implementar medidas de consolidação fiscal e diversificação económica.

 

Apesar do elevado peso da dívida, as reformas económicas em curso, a trajectória descendente da inflação e o crescimento dos sectores não petrolíferos demonstram um compromisso em alcançar maior estabilidade económica. A prioridade será manter uma gestão cuidadosa da dívida pública, promovendo simultaneamente o desenvolvimento sustentável e o bem-estar social.

 


Mil, talvez dois mil milhões de emissão de dívida… Isto serve para alguma coisa, além de endividar ainda mais o país? Queremos saber a tua opinião, não hesites em comentar e se gostaste do artigo partilha e dá um “like/gosto”.

 

Imagem: © 2013 DR
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