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Sexta-feira, Outubro 18, 2024

África Cresce 3% Este Ano, Mais Do Que a UE

O economista-chefe do Banco Mundial para África, Andrew Dabalen, disse hoje que a África subsaariana deverá acelerar o crescimento para 3% este ano e 4% em 2025, considerando que as economias africanas estão "famintas de investimento".

África Cresce 3% Este Ano, Mais Do Que a UE


O continente africano, em especial a região da África Subsaariana, encontra-se numa trajectória de crescimento económico que, embora promissora, está recheada de desafios estruturais. Com uma previsão de crescimento de 3% este ano e uma aceleração esperada para 4% até 2025, os países africanos estão sedentos de investimento, particularmente em sectores cruciais como a energia e a educação.

O crescimento africano contrasta com o crescimento económico da zona euro onde o Banco Mundial manteve a previsão de apenas 0,7% para 2024 e baixou em duas décimas a projecção de 2025, para 1,4%, assinalando um crescimento do PIB com a recuperação das exportações e do investimento.

Apesar deste crescimento em África, ser muito melhor que o da União Europeia, as elevadas dívidas públicas, o aumento dos custos dos serviços da dívida e as vulnerabilidades políticas e climáticas complicam as previsões de um crescimento sustentável e inclusivo, para os anos subsequentes.

 

O Panorama Actual


Segundo o Banco Mundial, o crescimento das economias subsaarianas deverá situar-se em 3% este ano, representando uma ligeira aceleração em comparação com os 2,4% registados no ano anterior. A previsão de crescimento para os próximos anos, até 2025, é optimista, com uma taxa projectada de 4%.

No entanto, apesar desta tendência positiva, o ritmo de recuperação é ainda relativamente lento e, os desafios para sustentar esse crescimento são significativos.

Um dos maiores problemas apontados pelo economista-chefe do Banco Mundial para a África, Andrew Dabalen, é a falta de investimento nos sectores público e privado. A economia africana precisa de injecções substanciais de capital para recuperar e acelerar o seu crescimento.

As dívidas públicas esmagadoras e os elevados custos dos juros estão a retirar recursos de áreas fundamentais como a educação e a saúde, sectores que são cruciais para a transformação económica e social da região.

 

A Crise da Dívida Pública em África


O endividamento é um dos maiores entraves ao desenvolvimento das economias africanas. Segundo o Banco Mundial, a dívida pública nos países subsaarianos cresceu de forma dramática na última década, passando de 150 mil milhões de dólares em 2010 para 500 mil milhões em 2022.

Este aumento foi acompanhado por uma mudança na composição dos credores, com a China e detentores de dívida comercial a representarem 57% do total, mas recebendo 80% dos juros.

Os aumentos dos encargos com a dívida em África, cria uma pressão significativa sobre os orçamentos públicos dos países que são obrigados a canalizar grandes somas de dinheiro para o pagamento de juros, em detrimento de investimentos em áreas vitais como infraestruturas, saúde e educação.

O resultado é um ciclo vicioso: os países ficam presos a uma dívida crescente, com menos capacidade de investimento e, consequentemente, menores taxas de crescimento económico. A solução para este problema, segundo Dabalen, passa por reestruturar a dívida e aumentar os financiamentos com condições.

Isso permitiria aliviar a pressão sobre os orçamentos dos países africanos, oferecendo prazos de maturidade mais longos e juros mais baixos, o que, em última análise, contribuiria para uma recuperação económica mais robusta e sustentável.

 

Energia e Educação a Base Para o Crescimento


Entre as prioridades apontadas para impulsionar o desenvolvimento das economias africanas estão os sectores da energia e da educação. De acordo com o Banco Mundial, estes dois sectores são fundamentais para o crescimento a longo prazo.

A falta de acesso à energia eléctrica continua a ser um dos maiores entraves ao desenvolvimento económico em muitos países da África Subsaariana. Estima-se que cerca de 300 milhões de pessoas ainda não tenham acesso à electricidade, o que limita a produtividade das indústrias e o bem-estar das populações.

A electrificação das zonas rurais e urbanas, com o foque na geração de energia sustentável, é essencial para alimentar as fábricas, criar empregos e melhorar a qualidade de vida das pessoas.

Aumentar o acesso à energia não só impulsionaria o crescimento das pequenas e médias empresas, como também atrairia investimentos estrangeiros, permitindo uma diversificação económica que reduziria a dependência de matérias-primas como o petróleo, o gás e os minerais.

No campo da educação, o Banco Mundial defende uma mudança de paradigma: mais do que aumentar o número de alunos inscritos nas escolas, é necessário melhorar os resultados de aprendizagem. Investir na educação das crianças desde a pré-primária é vital para garantir que as futuras gerações tenham as competências necessárias para competir numa economia global.

Actualmente, em África, apenas três em cada dez crianças frequentam o ensino pré-primário, o que compromete as suas oportunidades de desenvolvimento cognitivo e social.

 

Desafios Políticos e Climáticos


Além dos problemas económicos, o continente africano enfrenta riscos significativos relacionados com a estabilidade política e as alterações climáticas. O Banco Mundial alerta para o impacto potencial das tensões geopolíticas globais, como o conflito no Médio Oriente e a deterioração da estabilidade política em várias regiões de África que podem desestabilizar ainda mais as economias do continente.

Estes factores, aliados ao aumento da frequência e intensidade de choques climáticos, como secas e inundações, complicam as previsões de crescimento para os próximos anos.

As alterações climáticas são especialmente preocupantes para África, uma vez que muitas economias do continente ainda são altamente dependentes da agricultura e da extracção de recursos naturais, sectores vulneráveis a mudanças no clima.

A diversificação das economias africanas, investindo em sectores menos sensíveis ao clima, é, portanto, uma prioridade urgente para reduzir os riscos associados ao crescimento económico.

 

Os Países Lusófonos


Os países lusófonos, estão bem posicionados em relação ao resto de África. No entanto, as perspectivas de crescimento variam. Angola, por exemplo, a economia deverá acelerar para 3,2% este ano e 2,9% em 2025, um aumento significativo em relação aos 0,9% registados no ano passado, mas ainda abaixo das expectativas para um país tão rico em recursos naturais.

Moçambique, por outro lado, deverá manter um crescimento de 5% até 2026, enquanto Cabo Verde e Guiné-Bissau mostram sinais de crescimento contínuo, com taxas superiores a 4%.

Em São Tomé e Príncipe, prevê-se que o crescimento recupere para 2,5% em 2024 e atinja quase 3,6% em 2026, apoiado por um maior número de turistas, um forte sector agrícola e a expansão de projectos de desenvolvimento de infra-estruturas e reformas energéticas.

Mas, nem todos os países lusófonos estão numa trajectória ascendente. A Guiné Equatorial, enfrenta recessões consecutivas, com uma contracção económica de 4,3% prevista para este ano. A queda nos preços do petróleo, aliado à falta de diversificação económica, tem sido um grande obstáculo para o crescimento do país.

 

Conclusão


O crescimento económico em África apresenta tanto oportunidades quanto desafios. A aceleração prevista para os próximos anos, com um crescimento de até 4% em 2025, é um sinal positivo, mas as economias africanas continuam a enfrentar obstáculos estruturais significativos.

A dívida pública crescente, a falta de investimentos em sectores-chave como a energia e a educação e os riscos políticos e climáticos são questões que precisam de ser abordadas para que o continente possa alcançar um crescimento sustentável e inclusivo.

O futuro de África depende da sua capacidade de atrair investimentos, diversificar as suas economias e melhorar a qualidade de vida das suas populações. O caminho é longo, mas com as políticas certas e o apoio da comunidade internacional, o continente africano tem o potencial de se tornar um motor mundial de crescimento económico.

 


O que achas do facto de o crescimento económico em África ser superior ao da união Europeia? Queremos saber a tua opinião, não hesites em comentar e se gostaste do artigo partilha e dá um “like/gosto”.


 

Imagem: © 2024 Francisco Lopes-Santos
Francisco Lopes-Santos

Atleta olímpico, tem um Doutoramento em Antropologia da Arte e dois Mestrados um em Treino de Alto Rendimento e outro em Belas Artes. Escritor prolifero, já publicou vários livros de Poesia e de Ficção, além de vários ensaios e artigos científicos.

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Francisco Lopes-Santos
Francisco Lopes-Santoshttp://xesko.webs.com
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