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Quinta-feira, Novembro 21, 2024

No Mali, O Gelo É Mais Caro Do Que A Comida

“Em alguns lugares sum saco de gelo pequeno, custa 100 francos CFA ($0,20; £0,16; €0,15), mas pode ir até 300 ou 500, é muito caro”. Disse Fatouma Yattara.

No Mali, O Gelo É Mais Caro Do Que A Comida


As temperaturas no Mali, atingiram níveis recordes. Devido a isso, o gelo tornou-se um bem mais valioso do que o pão e o leite em algumas regiões. Num panorama de onda de calor, com temperaturas que chegam aos 48ºC, os malianos enfrentam dificuldades extraordinárias para se manterem frescos e para preservarem os seus alimentos.

 

Escassez de Gelo


Imagem © DR (20240429) No Mali, O Gelo É Mais Caro Do Que A ComidaPara muitos, como Fatouma Yattara, de 15 anos, a falta de frigoríficos devido aos frequentes cortes de energia, significa que o gelo é essencial para manter os alimentos frescos. No entanto, os aumentos de preços tornam essa necessidade ainda mais difícil de ser suprida. O gelo, agora, chega a custar mais do que o próprio pão, um item básico da dieta maliana.

“Vim comprar gelo porque está muito quente”.

“Em alguns lugares sum saco de gelo pequeno, custa 100 francos CFA ($0,20; £0,16; €0,15), mas pode ir até 300 ou 500, é muito caro”. Disse Fatouma Yattara.

A situação é ainda mais grave para pessoas como Nana Konaté Traoré, que se veem obrigadas a cozinhar diariamente devido à incapacidade de armazenar alimentos por longos períodos. Com cortes frequentes de energia, muitos malianos enfrentam a deterioração rápida dos alimentos e o consequente desperdício.

“Frequentemente, passamos um dia inteiro sem energia, então, a comida estraga-se e tem de ser deitada fora”. Confidenciou, Nana Konaté Traoré.

Os problemas começaram há quase um ano, com a empresa estatal de energia do Mali a não conseguir acompanhar a procura crescente de energia, depois de ter acumulado centenas de milhões de dólares em dívidas nos últimos anos. Muitos malianos sofrem com isso pois não têm geradores de reserva, porque fica muito caro abastecê-los.

 

Impactos na Saúde


Imagem © DR (20240429) No Mali, O Gelo É Mais Caro Do Que A ComidaAlém dos desafios relacionados à alimentação, o calor extremo está a afectar a saúde e o bem-estar da população. Sem eletricidade para ventoinhas durante a noite, muitos são forçados a dormir ao ar livre, enquanto outros sofrem de tonturas e desconforto físico durante o dia.

“Estamos a sofrer muito, à noite, pode chegar aos 46ºC”.

“É insuportável, sofro de tonturas”, disse Soumaïla Maïga, um jovem do distrito de Yirimadio, nos arredores de Bamako.

Desde março, as temperaturas têm ultrapassado os 48ºC em algumas áreas do Mali, resultando na morte de mais de 100 pessoas, especialmente idosos e crianças pequenas. O calor também tem levado a um aumento nas hospitalizações devido à desidratação e problemas respiratórios.

“Temos cerca de 15 internamentos por dia, a maioria por desidratação”.

“Outros têm tosse e congestão brônquica”.

“Alguns têm dificuldade em respirar”. Informou o Prof. Yacouba Toloba, do hospital universitário de Bamako.

Em algumas áreas, fecharam as escolas, como precaução e aconselhou-se à população, na sua maioria muçulmana, a não jejuar durante o período do Ramadão que terminou recentemente.

 

As Alterações Climáticas


Imagem © DR (20240429) No Mali, O Gelo É Mais Caro Do Que A ComidaEsta onda de calor não afeta apenas o Mali. Países vizinhos como o Senegal, Guiné, Burkina Fasso, Nigéria, Níger e Chade, também estão a ser severamente afectados. A culpa destes extremos climáticos, de acordo com os cientistas da World Weather Attribution (WWA), devem-se às mudanças climáticas induzida pelo homem.

“O calor extremo, como o evento que está a ser observado sobre o Mali/Burkina Fasso, teria sido 1,5ºC mais frio e 1,4ºC mais frio sobre a região do Sahel se os seres humanos não tivessem aquecido o planeta ao queimar combustíveis fósseis”.

Lê-se no seu último relatório, mas apesar de atribuem estes eventos climáticos extremos, ao aquecimento global causado pela atividade humana, também destacam a urgência de ser necessário tomar-se medidas urgentes, para mitigar os impactos das mudanças climáticas.

 

Conclusão


Enquanto as autoridades trabalham para lidar com esta crise imediata, os malianos estão-se a adaptar da melhor forma possível ao “novo normal” de temperaturas extremas. No entanto, fica claro que são necessárias acções mais amplas para enfrentar os desafios contínuos apresentados pelo aumento das temperaturas e garantir a segurança e o bem-estar das comunidades afetadas.

 

O que achas desta situação no Mali? Queremos saber a tua opinião, não hesites em comentar e se gostaste do artigo partilha e dá um “like/gosto”.

 


Imagem: © DR
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