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Domingo, Outubro 13, 2024

O Mundo pode entrar num círculo de destruição

“A guerra contra as falsidades está a acabar e as consequências reais vão apresentar-nos decisões difíceis” - Laurie Laybourn, investigador associado do IPPR.

O Mundo pode entrar num círculo de destruição.

O Mundo arrisca-se a entrar num “círculo vicioso de destruição” climática. É o que afirma o relatório “1.5C- Mortos ou vivos? — Os riscos para a mudança transformacional que advêm de alcançar ou falhar o objectivo do Acordo de Paris” de EPA/LINDSEY PARNABY.

Este relatório afirma que lidar apenas com os impactos crescentes da crise climática pode atrair recursos e desviar o foco dos esforços para reduzir as emissões de carbono, tornando a situação ainda pior.

 

O que nos espera

Os danos causados ​​pelo aquecimento global em todo o mundo estão cada vez mais claros, e a recuperação de desastres climáticos já está a custar bilhões de dólares. Além disso, esses desastres podem causar problemas em cascata, incluindo crises de água, alimentos e energia, bem como o aumento da migração e conflito, todos eles a drenarem os recursos dos países.

Os pesquisadores, do Institute for Public Policy Research (IPPR) e da Chatham House, afirmaram que um exemplo atual do impacto da crise climática, a complicar os esforços para reduzir as emissões e outras ações, foi o debate sobre se o manter-se o aumento da temperatura global abaixo de 1,5°C – a meta internacional do acordo de Paris – ainda seria possível.

Aqueles que argumentam que 1,5C ainda é possível, correm o risco de perpetuar a complacência de que o ritmo lento actual é suficiente, disseram os pesquisadores, enquanto aqueles que argumentam que não é possível correm o risco de apoiar o fatalismo de que pouco ou nada já pode ser feito ou o recurso a “abordagens extremas” como a geoengenharia.

Evitar um ciclo catastrófico no Mundo, exige uma aceitação mais honesta por parte dos políticos devido aos grandes riscos representados pela crise climática, disseram os pesquisadores, incluindo a perspectiva iminente de pontos de inflexão e da enorme escala da transformação económica e social, necessária para acabar com o aquecimento global.

“Entrámos, infelizmente, num novo capítulo da crise climática e ecológica”.

“A guerra contra as falsidades está a acabar e as consequências reais vão apresentar-nos decisões difíceis”.

“Podemos caminhar para um mundo mais sustentável, mais equitativo, mas a nossa capacidade de navegar pelos desastres enquanto nos mantemos concentrados durante a tempestade, é fundamental”.

Disse Laurie Laybourn, investigador associado do IPPR e um dos autores do relatório.

 

O relatório

Segundo o relatório:

“Este é um ciclo de destruição: as consequências da crise [climática] atraem o foco e os recursos para combater as suas causas”.

“Isto leva a um aumento da temperatura e a perdas ecológicas que, então, criam consequências mais graves, desviando ainda mais atenção e recursos e assim por diante”.

O relatório salienta, por exemplo, que a economia de África já esta a perder, até 15% do PIB ao ano, devido ao agravamento dos efeitos do aquecimento global, cortando fundos necessários para a ação climática e enfatizando a necessidade de apoio dos países desenvolvidos, que emitem mais dióxido de carbono.

“O que mais me preocupa é não estarmos a ter em conta o efeito de cascata para as sociedades”.

“Não é só com as tempestades que destroem grandes cidades que nos devemos preocupar, são as consequências para os sistemas globalizados”, disse Laybourn.

Segundo Laybourn, as narrativas usadas para descrever a situação do Mundo, são muito importantes.

Por exemplo: o transporte mais verde não é simplesmente uma mudança para veículos elétricos, mas sim um sistema de transportes públicos melhor e cidades redesenhadas, o que significaria que as pessoas estariam mais próximas dos empregos, educação e saúde.

Isso, por sua vez, significaria reavaliar os orçamentos e impostos das autoridades locais para implementar a mudança.

A injustiça da política climática, pode levar ao “ciclo da desgraça”, porque se as pessoas sentirem que lhes estão a querer impor mudanças inacessíveis, rejeitarão a necessidade de uma transição verde.

O relatório pede ainda mais atenção às políticas de emergência que vão tornar-se cada vez mais globais no caso da crise climática – um pouco como já aconteceu com a resposta ao COVID-19. Por exemplo, como quando se fala da ideia de pôr os países mais desenvolvidos – e que também têm emissões de carbono mais elevadas – a ajudar comunidades afectadas pelo aumento da temperatura.

Segundo Bob Ward, do Grantham Research Institute on Climate Change da London School of Economics:

“Este relatório destaca corretamente o ponto crítico que atingimos, ou seja, a probabilidade crescente de que a temperatura global no Mundo suba mais de 1,5°C”.

“O nosso principal objetivo ainda deve ser o de fazer cortes radicais nas emissões para tentar evitar ultrapassar o 1,5°C”.

“Mas alerta-nos para que também devemos considerar o que acontece se continuarmos a falhar”.

“Isso significará reduzir as temperaturas e, teremos que investir em opções estremas de geoengenharia, como a remoção do dióxido de carbono e até a gestão da radiação solar”.

“O que significa que teremos de gastar muito mais para lidar com os danos [climáticos] e isso tornará mais difícil, fazer a transição para um Mundo sustentável, inclusivo e resistente.”

 

Conclusão

As emissões globais no Mundo, chegaram ao seu ponto mais alto em 2022. As políticas climáticas ainda estão focadas de forma predominante na mudança gradual sector a sector, o que já mostrou ser inadequado

O aumento da temperatura e os desastres climáticos podem gerar escassez de comida ou promover migrações – com potencial para agravar sentimentos de hostilidade contra refugiados climáticos.

É por isso, preciso melhorar as análises que dão origem às políticas e melhorar a comunicação destes problemas complexos, se é que ainda queremos sobreviver, como espécie, em vez de continuarmos o caminho para a extinção.

 

O que achas deste relatório? Será que o Mundo está mesmo condenado? Queremos saber a tua opinião, não hesites em comentar e se gostaste do artigo partilha e dá um “like/gosto”.

 

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Francisco Lopes-Santos

Atleta olímpico, tem um Doutoramento em Antropologia da Arte e dois Mestrados um em Treino de Alto Rendimento e outro em Belas Artes. Escritor prolifero, já publicou vários livros de Poesia e de Ficção, além de vários ensaios e artigos científicos.

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Francisco Lopes-Santos
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