Entrevista Exclusiva a Mais Afrika, de Cleber Lima Guarany, Presidente do Centro Internacional de Inovação e Transferência de Tecnologia Agropecuária (CIITTA) e, responsável pelo desenvolvimento de projetos da FGV Europa, para a região tropical do planeta.

 

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“Green Imperative Nigéria” o projecto que pode salvar o Mundo.

Um dos graves problemas dos dias de hoje e que, a guerra na Ucrânia, veio aumentar, é o da alimentação no mundo e em particular a dependência de África do resto do mundo para se alimentar.

Outro grave problema, e talvez o mais importante nos dias de hoje, é o ambiente, em particular o aquecimento global e a forma como ele atinge África, o continente que menos polui (5%), mas que mais sofre: seca, erosão, inundação e cheias e sobretudo nas regiões subsaarianas.

Neste contexto, Mais Afrika, aproveitando o lançamento do seu Canal de YouTube, conversou com Cleber Lima Guarany, Presidente do Centro Internacional de Inovação e Transferência de Tecnologia Agropecuária (CIITTA), sobre este e outros assuntos pertinentes.

Nesta entrevista Cleber falou-nos não só do seu percurso de vida mas também dos vários projectos por onde passou e dos actuais, da sua importância para as populações locais africanas e da replicação desses projectos em outros países africanos.

Falou também da importância do projecto piloto “Green Imperative”, na Nigéria e da forma como ele pode ser aplicado por toda a região tropical, tanto em África como na América dos Sul e como não poderia deixar de ser, falou da Amazónia.

Vejam o vídeo com toda a entrevista, ou se preferirem, leiam, aqui, a entrevista na integra.

 

A entrevista

MAIS AFRIKA: Olá Cleber, é um prazer estar aqui consigo. Para começar e para os nossos ouvintes o ficarem a conhecer um pouco melhor pode-nos dizer quem é que funções ocupa actualmente e contar-nos também um pouco do percurso que o levou a tornar-se na pessoa que é hoje?

CLG: Sim, bom, primeiramente boa tarde a todos. Actualmente ocupo duas funções, a primeira sou responsável por desenvolvimento de projetos da FGV Europa na região tropical do planeta e a FGV Europa é uma Think Tank a terceira maior do mundo, é uma instituição genuinamente brasileira, mas tem uma representação na Europa e é com certeza a primeira em agricultura tropical.

A outra função que ocupo é de presidente do centro internacional de inovação e transferência de tecnologia Agropecuária (CIITTA), esse centro foi criado FGV Europa em 2019 e o principal objetivo dele é suportar a transferência de tecnologia e a difusão de melhores práticas de agricultura e meio ambiente para a região tropical do planeta e principalmente para o continente africano.

Trabalho já há 20 anos desenvolvendo projetos nessas áreas da agricultura e meio ambiente, sempre me interessei pela relação entre projetos sustentáveis sempre foi o nosso foco, ou seja, fiz projetos que conseguem gerar riquezas por si só, pelas suas próprias forças de maneira que a gente consegue desenvolver esses projectos e dar uma condição de eles sobreviverem e se desenvolverem num longo prazo.

Isso depende muito também do arranjo produtivo então a gente sempre procura estabelecer um meio produtivo, não importa ser, uma associação ou uma cooperativa, ou uma iniciativa privada local, mas é sempre importante estabelecer as bases sólidas para garantir a estabilidade no mundo actual, basicamente são essas duas funções que eu apresento.

 

MAIS AFRIKA: Oi, boa tarde a todos. Bom nesse momento, Cleber, você exerce a função de presidente do centro internacional de inovação e transferência de tecnologia agropecuária você poderia nos explicar de forma simples o que esse centro faz?

CLG: Esse centro, ele é um centro recente criado em 2019 cujo principal objetivo é levar a transferência de tecnologia, a capacitação e treinamento para a agricultura tropical na África, no continente africano, principalmente na área Subsaariana de África onde nós temos aí idiomas similares ao idioma brasileiro.

Então a gente acredita muito que a agricultura africana pode se desenvolver a velocidade muito maior através da introdução de novas tecnologias da introdução de práticas agrícolas sustentáveis então isso evolui o treinamento e a capacitação, o centro está localizado no Uberaba, na cidade de Uberaba no Brasil.

É uma fazenda de aproximadamente de 1000 hectares com todas as facilidades para exercer treinamentos em capacitação e também temos uma equipe de técnicos bastante experiente e se troca frequentemente para África, para também dar esse treinamento de capacitação de volta no campo, directamente, aos agricultores e ás estruturas operacionais que a gente entender transpor.

 

MAIS AFRIKA: Também exerce as funções de gerente de projetos da função Getúlio Vargas, pode detalhar um pouco mais esse seu trabalho nesta renomada Fundação?

CLG: Sim, a Fundação, como eu disse é uma Think Tank e um dos seus principais objetivos pensar em estruturas de desenvolvimento principalmente para agricultura do meio ambiente principalmente para agricultura do meio ambiente, para outros países em particular para África, a Fundação ela tem basicamente dois papeis fundamentais nesse processo.

Primeiro, é o papel de garantir os recursos financeiros, para que os projetos sejam devidamente implementados, o que a gente tem visto nos últimos anos, principalmente no continente africano, é uma série de projetos a que nós chamamos de projetos papel que são só relatórios e acabam por ter dificuldades de financiamento.

Acabam ficando só na fase de projectos e não vão para implementação então, uma das obrigações, uma das funções da Fundação, que são várias, é fazer as operações financeiras desses projectos.

Com os países com o qual nos estamos aplicando e as instituições financeiras internacionais desmonta essa estruturação, possibilita a implementação dos projectos, além disso ela tem um outro papel fundamental que é garantir a gestão da boa apresentação do projeto.

A preocupação nossa é que os projetos sejam implementados como ele foi idealizado e alcance resultados concretos também quando esperado pode ser uma série de indicadores de performance que são estabelecidos e uma equipe estabelecida, nosso escritório na Alemanha em Colónia é capaz de fazer toda a sugestão de implantação do projecto.

 

MAIS AFRIKA: Bom, Cleber, como parte do seu trabalho na Fundação Getúlio Vargas você está por trás do projeto da Nigéria, Green Imperative, um projeto que visa impulsionar a agropecuária nigeriana aumentando, também a segurança alimentar daquele país.

Você poderia nos explicar, como surgiu esse projeto, quais são os benefícios reais para a Nigéria e se esse projeto poderá ser replicado ou está sendo replicado em outros países africanos?

CLG: O projeto Green Imperative, ele surgiu há mais ou menos quatro anos atrás numa parceria do governo brasileiro com o governo nigeriano, a responsabilidade da Fundação é exatamente desenhar o projeto técnico humanamente seguro e estabelecer as bases na gestão e implantação.

Nesse projeto tem um papel fundamental que é fazer toda a parte do treinamento capacitação e transferência de tecnologia na fase de transferência de tecnologia e por exemplo nas experiências de sementes de alta produtividade para que possam ser replicadas na Nigéria.

São partes importantes de um programa de agricultura. Com o Green Imperative, ver um projeto bastante abrangente, ele cobre todo o país com uma captação financeira na ordem dos 9,2 bilhões de dólar e ele é recolocado para aumentar a segurança alimentar do país, aliás abrindo várias cadeias de valor para a agricultura ele tem como base o modelo de negócio estabelecido como centro de serviços.

Ou seja, são, é sempre, espalhados pelo país que vão ter toda ao suporte e capacitação treinamento suporte de máquinas e equipamentos agrícolas da parte de manutenção das máquinas partes de assistência técnica dos pensionistas.

Tudo para dar o apoio aos pequenos agricultores esse centro, eles vão dar esse apoio diretamente aos pequenos agricultores e ao mesmo tempo as suas unidades de produção.

São centros privados e precisam obviamente da sua produção, da sua geração de riqueza para tornar o projeto sustentável no longo prazo estes projectos de layout sustentável, então esse centro de serviços, tem capacidade de pagamento desse financiamento estruturado e ao mesmo tempo apoiando os pequenos agricultores que vivem ali na área de influência desse centro de serviço.

 

MAIS AFRIKA: E ele tá sendo replicado em alguns outros países africanos?

CLG: Sim ele já, esse modelo, ele já foi replicado em Moçambique. Nós estamos agora a pegar nos países como Gana, Costa do Marfim, Camarões como outro país que é algo para nós e para esse modelo.

Porquê? Esse modelo ele tem-se mostrado bastante eficiente, a gente entende também que o pequeno agricultor muitas vezes não tem condições de operar o equipamento agrícola, nem tem a manutenção, ou como vai fazer a manutenção do seu trator, comprar combustível para começar a botar isso para rodar.

E tem que ter o treinamento e a capacitação não só tratores, mais equipamentos também, então o centro de serviço ele tem esse papel, ele presta esse serviço de localização agraria oferece o apoio ao pequeno agricultor e oferece o treinamento e a capacitação.

Então a gente consegue concentrar no seu serviço toda uma estrutura para que seja feita a manutenção desses seus equipamentos, para que seja feita a distribuição desses desses apoios, como… sementes… biofertilizantes, inseticidas, divulgar quais são as melhores práticas de Agricultura de Baixo Carbono.

Ou seja, um centro de serviço que tem todo o conhecimento organizado e preparado parece-nos para ajudar a pequena agricultura e eu acho que é uma coisa que, realmente, o continente africano ele pode começar a estabelecer uma base produtiva muito interessante muito consistente uma vez que ele permite que o pequeno agricultor passe a produzir produtos com maior qualidade.

 

MAIS AFRIKA: Isso é muito interessante… sinceramente.

Cleber, vou ser honesto consigo. Antes desta entrevista investiguei um pouco e fiquei impressionado com a sua carreira de vida e o seu trabalho é uma pessoa que claramente dedicou toda a vida ao meio ambiente e já recebeu reconhecimento disso através do prémio “A melhor solução da Global South-South Development”, se não estou em erro, é um prémio emitido pela ONU.

Qual foi o impacto deste prémio na sua vida e também no seu trabalho?

CLG: Queria assim, para toda a equipe que trabalha comigo não é, esse reconhecimento, como alguns prémios que nós dá reconhecimento bastante importante na vida de uma organização como a que tenho com eles, evidentemente a gente fica bastante orgulhoso serve também de incentivo para que a gente continue o trabalho.

O prémio foi estabelecido principalmente na situação nossa de criar modelo de negócio bastante objetivos e com sustentabilidade, em que o seu alcance crie impactos concretos por isso é importante a gente não realiza nenhum projeto que dependa de recursos externos eternamente, em algum momento, ele tem que se autossustentar.

E a gente consegue novamente perenizar os benefícios desses projetos humanitários e a gente sempre procura no caso na produção agrícola projetos com competitividade no mercado interno.

Então a gente, sempre olha o mercado interno, principalmente a África que importa multiprodutos que a gente procura produzir internamente os produtos, para competir em preço e qualidade com esses produtos importados que se não for assim ele não tem sustentabilidade.

Na parte de meio ambiente que a outra área que a gente actua bastante, por exemplo alguns anos atrás a gente fez um estudo para o governo da Guiné-Bissau e entendeu os ativos biológicos relacionados com a pesca para que se tornem também sustentável, a gente sabe que este país, é um país que tem recursos naturais na pesca, muito interessantes.

Constantemente, estão sendo invadidos por barcos de outros países sem permissão e acabam retirando essa riqueza sem nenhuma contrapartida para a Guiné-Bissau, aí a gente desenvolveu um estudo inicial para valorizar esse activo biológico.

Remunerar ele, remunerar o país e deixar ele sustentável para que ele seja executado de maneira sustentável e que gere divisas e recursos para o próprio país investir noutras áreas, então esse é um outro exemplo também de projetos do meio ambiente.

Então devo dizer que esse prémio, ele acabou coroando essa nossa iniciativa de pensar sempre em projetos com sustentabilidade.

 

MAIS AFRIKA: Isso é bastante interessante de facto.

De uma forma geral tem atuado de forma bastante activa e como nos explicou, em projetos ligados ao meio ambiente e à agricultura, tanto do Brasil como na América Latina como em África, pode dar-nos um panorama de como estes dois continentes tem interagido na procura de uma melhor solução ambiental para todos?

CLG: Sim, sem dúvida quando nós pensamos no Brasil, pensamos na África, a gente encontra muitas similaridades, não somente no aspecto cultural, mas também no aspecto do meio ambiente.

Nós temos aí idiomas que se assemelham muito aos idiomas africanos, o Brasil como todos sabem à 60 anos atrás era um país que importava alimentos, recebia ajuda internacional, foi um momento importante, mas que tomou uma decisão, à 50, 60 anos atrás, de investir fortemente na agricultura e investir principalmente na capacitação treinamento e transferência de tecnologia.

Isso possibilitou que nós déssemos um salto bastante interessante, tornando hoje o país um grande exportador de alimentos para o Mundo.

Lembrando que hoje olham o Brasil como grande exportador de carne, milho e algodão enfim, as grandes commodities, mas também nós temos uma relação muito forte com a Agricultura Familiar, praticamente 80% dos alimentos que vão para a mesa dos brasileiros de hoje, é oriundo de agricultura familiar.

É uma série de investigação muito grande, praticamente a gente conseguiu desenvolver em clima tropical, culturas que pareciam impossíveis de ser desenvolvidas.

Como por exemplo, estive recentemente, agora a semana passada, em uma região aqui no Brasil, produzindo azeite de alta qualidade e essa produção está crescendo.

O Brasil, era um importador de azeite do mundo inteiro então agora produzem o seu próprio azeite porque tem ambiente para isso, no clima tropical.

Outro exemplo é o trigo. O Brasil era um grande importador, agora em três anos, vai passar a ser um grande exportador de trigo.

Nós desenvolvemos, através da Embrapa, uma importante investigação de pesquisas e participa do ciclo das variedades de trigo para a agricultura tropical.

Hoje nós produzimos trigo, 10 toneladas por hectare, com excelente qualidade e pode ser aplicado na África.

Eu digo, essa guerra da Ucrânia que evidenciou esse problema do trigo no mundo já que a Ucrânia, é um grande produtor de trigo.

Existe uma solução, eu acho que já que estamos discutindo com vários países, como a Nigéria, de iniciar a produção do trigo na África que praticamente importa 100% a 90% do trigo que consome.

Isto são exemplos de cooperação que a gente está buscando no continente africano de muito valor, nós temos um clima muito parecido, então as soluções que nós desenvolvemos nesses últimos 50 anos, logicamente com algumas adaptações podem ser aplicadas perfeitamente ao continente africano.

Então a gente trabalha com projetos, logicamente com a Agricultura de Baixo Carbono, agricultura regenerativa com a introdução de práticas conservacionistas, a gente já conhece esse solo, o clima e o relevo, já falei, parecido com o nosso, a gente sempre procuro aplicar técnicas de plantio direto, fixação de nitrogênio no solo, de ação de fertilizante.

São todas técnicas que nós chamamos de técnicas conservacionistas que váo ao encontro do objectivo mundial de hoje de baixa emissão de carbono, nas nossas atividades.

Em relação à conservação de florestas e recuperação de ecossistemas, um assunto que nos preocupa bastante, também há uma similaridade muito grande, a gente tem florestas tropicais como a África ainda tem florestas tropicais, tem o nosso cerrado que é como a Savana da África.

E aí, a gente tem metodologias científicas na administração de crédito de carbono e mensuração de benefícios do sistema que um projeto desse tipo de recuperação e manutenção de ecossistemas podem trazer.

Portanto estes são exemplos numa massa já de conhecimento que a gente está colocando muito com o continente africano e eu acho que podemos trazer para a parte produtiva desta cooperação no mundo prático.

 

MAIS AFRIKA: Cleber, um dos projetos com que você colabora atualmente é o das paisagens sustentáveis da Amazónia. Você pode nos explicar no que consiste esse projeto?

CLG: Sim, esse projeto é patrocinado pelo GEF: Global Environmental Facility, tem participação do Banco Mundial e da Fundação Getúlio Vargas.

A Fundação Getúlio Vargas ela faz a administração financeira do projeto e da administração técnica.

Ele é focado no bioma amazónico e visa a proteção de ecossistemas e desenvolvimento das estruturas que tragam sustentabilidade aos projectos.

Actualmente estão a ser aplicados 20 milhões de dólares em diversas áreas com o objetivo de sempre desenvolver modelos que possam depois ter força para replicar.

São projetos bastante pragmáticos, um compromisso de buscar resultados concretos para a região Amazónica.

Existe uma série de indicadores de performance que são medidos, ações em campo são implementadas, junto com às comunidades locais.

É um projecto bastante interessante, o movimento social é bastante grande e os resultados, vão começar a aparecer e a gente já pode estabelecer alguns parâmetros para serem equipados na região.

 

MAIS AFRIKA: Para finalizarmos esta parte da entrevista gostaria de fazer uma última pergunta, uma pergunta, sobre um tema que é considerado polémico para alguns. Concorda que o meio ambiente está em risco e que caminhamos para o aquecimento global? Se sim, na sua opinião pessoal, é possível travamos este aquecimento e como é que poderemos fazer.

CLG: Sem dúvida nenhuma que a intervenção humana está alterando o meio ambiente do planeta, eu creio que não existam mais dúvidas em relação a isso.

Há muitos estudos científicos comprovando essa intervenção humana que realmente está alterado e, esses dados, foram demonstrados na última COP em Glasgow, não tem como evitar isso.

É um problema que de facto nós temos e a humanidade precisa agir rapidamente para mudar essa realidade não é fácil é um desafio bastante grande.

Mas eu costumo dizer que talvez seja o primeiro desafio Global para a humanidade e isso que sirva, oxalá, de pretexto para unir mais a humanidade num único objetivo, porque se nós não fizermos uma intervenção para melhorar essa situação os impactos sem dúvida nenhuma, já estão vindo e vão ser agravados nos anos próximos.

E é interessante observar que área da nossa visão, a área do planeta que mais pode contribuir para mudar essa realidade dele é justamente a área tropical do planeta onde existem possibilidades concretas de tomar ações para a proteção das florestas remanescentes e recuperação de ecossistemas.

A gente tem uma série de projetos que estamos executando, para essa área do planeta, a gente sabe que é importante agir rapidamente por nós temos aí várias instituições parceiras que comungam connosco dessa urgência e dessa similaridade de biomas que eu comentei, entre o Brasil e África, acho que a gente pode contribui diretamente numa recuperação bastante interessante.

Logicamente que eu ia chamar atenção, de todos esses projetos o mais importante é o que chamamos de S, o social então é fundamental envolver as comunidades locais para atingir o sucesso desses projectos.

Para nós quando a gente actua no desenvolvimento da produção de alimentos visando aumentar a segurança alimentar dos países concomitantemente com a proteção de florestas e a recuperação de ecossistemas isso é perfeito.

É uma combinação poderosa porque você tá envolvendo a comunidade local envolvendo o social criando empregos através da produção de alimentos e ao mesmo tempo você está trabalhando pela conscientização e ações para a proteção de florestas remanescentes e recuperação de ecossistemas degradados.

 

MAIS AFRIKA: Cleber, eu quero lhe agradecer por ter nos concedido esta entrevista, mas antes da gente se despedir, a gente gostaria de lançar para você um desafio. Como parte desta série de entrevistas pedimos aos nossos entrevistados que escolham no nosso site, Mais Afrika, uma notícia publicada recentemente e que a comentem.

A notícia que escolheu, foi sobre uma mulher de 63 anos, agricultora, que ganhou um prémio extremamente importante. Esta notícia foi publicada no dia 2 de Julho.

Cleber, pode então, primeiro explicar-nos porque escolheu esta notícia e depois, tal como foi desafiado, comentá-la?

CLG: Bom, a notícia me chamou bastante atenção, uma notícia que trata do Fórum de treinamento da liderança para as mulheres em Alimentos e Agricultura, é patrocinado pela Fundação AgriHouse, no Gana.

Essa notícia para mim, os dois pontos que me chamaram muita atenção e fiquei bastante contente, foi a primeira, em relação à participação das mulheres. Enaltece a participação das mulheres na agricultura e a gente sabe da importância dessa participação.

Nós temos trabalhado com mais de 25 países na África e a gente vê essa importância praticamente em quase todos esses países, não só de mulheres eu acrescentaria que também jovens então, premiar a participação dessas mulheres, para mim é algo bastante emblemático e importante.

Outra fonte me chamou a atenção dessa notícia, foi o treinamento e a capacitação para o desenvolvimento da agricultura africana.

A gente acredita que esse é um ponto fundamental, a exemplo do Brasil que é um caso concreto estabeleceu que se estabeleceu à 50 anos atrás, sem o treinamento, sem a capacitação, sem a transferência de tecnologia, será impossível desenvolver a agricultura na África.

Rapidamente, eu queria só citar crises que eu tenho visto, vários países, muitos países, importando máquinas e equipamentos e depois essas máquinas e esses equipamentos, acabam ou se desgastando por falta de manutenção ou estão parados por falta de operadores treinados e capacitados.

Então o apelo que a gente sempre faz para todos os governos, quando adquirirem máquinas e equipamentos é que nunca se esqueçam de comprar todo o pacote, comprem o treinamento, comprem a transferência de tecnologia, comprem também a capacitação, porque isso realmente vai garantir a produção de mais alimentos.

Caso contrário simplesmente se rasgam dinheiros, desperdiçam recursos financeiros tão importantes e que a gente sabe que no actual momento do mundo são escassos no continente africano.

Vale a pena o que a gente sempre faz. Considere um pacote de treinamento capacitação sempre pensando num novo prazo, não adianta treinar por seis meses, isso tem que ser uma constante, na Nigéria por exemplo, a gente tem um acordo de 10 anos para trabalhar no país com treinamento da capacitação, isso é o que vai garantir o sucesso da agricultura na África.

 

MAIS AFRIKA: Eu gostaria de agradecer a sua participação, Cleber, o seu tempo, a gente sabe que você é uma pessoa extremamente ocupada, eu queria agradecer também aos Mais Afrika, por estarem colocando o Brasil na rota com África e a todos os nossos seguidores e, quem sabe, até breve.

CLG: Obrigado, Vanessa Obrigado Francisco, até breve.

 

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Imagem: © 2022 Francisco Lopes-Santos 
Francisco Lopes-Santos
Francisco Lopes-Santos

Ex-atleta olímpico, tem um Doutoramento em Antropologia da Arte e dois Mestrados um em Treino de Alto Rendimento e outro em Belas Artes. Escritor prolifero, já publicou vários livros de Poesia e de Ficção, além de vários ensaios e artigos científicos.

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