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Quarta-feira, Dezembro 4, 2024

Clima: Já passámos o ponto de não retorno?

Um estudo sobre o actual estado do clima, mostra que, até o momento, cinco pontos de inflexão já podem ter sido ultrapassados devido ao aquecimento global de 1,1°C causado pela humanidade.

Clima: Já passámos o ponto de não retorno?

As alterações climáticas são cada vez mais evidentes, mas parece que nem pessoas nem governantes, querem saber do clima. Mas a maior questão de todas é se já passamos do ponto de não retorno e se, devido a isso, já não há nada a fazer e já teremos mudado o mundo de forma irreversível, ou se ainda teremos salvação como espécie.

Segundo um estudo recente, é muito provável que tenhamos atingido o “ponto de não retorno” em pelo menos 5 marcadores climáticos chaves.

  1. O degelo dos polos (Ártico e Antárctico).
  2. O recuo dos glaciares.
  3. O degelo do “permafrost” (terras supostamente congeladas pela eternidade).
  4. A alteração da temperatura das correntes oceânicas da Circulação Meridional do Atlântico (AMOC), da qual a Corrente do Golfo é uma parte importante.
  5. A incapacidade de a floresta amazónica em “limpar” a atmosfera (reter o Carbono).

 

A inflexão climática

Devido à actual crise climática, o mundo está à beira de um colapso global, já que vários pontos de inflexão (pontos de não retorno), passaram o seu limite e outros estão às portas de os ultrapassarem.

O estudo sobre o actual estado do clima, mostra que, até o momento, cinco pontos de inflexão já podem ter sido ultrapassados devido ao aquecimento global de 1,1°C causado pela humanidade

Estes incluem (mas não só) o colapso das calotas de gelo da Gronelândia, eventualmente produzindo uma enorme elevação do nível do mar, o colapso de uma corrente chave no Atlântico Norte, interrompendo a chuva da qual biliões de pessoas dependem para se alimentar e um derretimento abrupto do permafrost rico em carbono.

Com 1,5°C de aquecimento, o aumento mínimo agora esperado, quatro dos cinco pontos de inflexão passam de possível para provável, disse a análise. Também a 1,5°C, mais cinco pontos de inflexão irão provavelmente acontecer, incluindo mudanças no clima nas vastas florestas do Norte e a perda de quase todos os glaciares das montanhas.

No total, os pesquisadores encontraram evidências de 16 pontos de inflexão, com os seis finais, exigindo que o aquecimento global de pelo menos 2°C fosse acionado, de acordo com as estimativas dos cientistas. Os pontos de inflexão teriam efeito no clima em escalas de tempo variando de alguns anos a séculos.

“A Terra pode ter deixado um estado climático “seguro” além de 1°C de aquecimento global”.

Concluíram os pesquisadores.

Passar por um ponto de inflexão geralmente ajuda a desencadear outros, produzindo uma série de eventos “como a queda de uma cadeia de dominós”. Mas isso ainda está a se estudado e não foi incluído, no estudo actual o que significa que a presente análise pode ser “optimista”.

O professor Johan Rockström, diretor do Potsdam Institute for Climate Impact Research, que fez parte da equipe de estudo, disse:

“O mundo está a caminhar para 2-3°C de aquecimento global, o que é excessivo”.

“Isso coloca a Terra no caminho para cruzar vários pontos de inflexão perigosos que serão desastrosos para as pessoas em todo o mundo”.

“Para manter as condições de vida na Terra e permitir sociedades estáveis, devemos fazer todo o possível para evitar cruzar mais pontos de inflexão”.

O Dr. David Armstrong McKay da Universidade de Exeter, um dos principais autores do estudo, disse:

“É realmente preocupante. Há motivos para tristeza, mas também há motivos para esperança”.

“O estudo realmente sustenta porque é que a meta do acordo de Paris de 1,5°C é tão importante e deve ser alcançada”.

“Não estamos a dizer com isto, porque provavelmente vamos atingir alguns pontos de inflexão, que tudo está perdido e que o jogo acabou”.

“Cada fração de grau que paramos além de 1,5°C reduz a probabilidade de atingir mais pontos de inflexão”.

 

As pesquisas sobre o Clima

Pesquisas recentes mostraram sinais de desestabilização na floresta amazónica, cuja perda teria implicações “profundas” para o clima e para a biodiversidade globais, bem como para o manto de gelo da Groenlândia e as correntes da Corrente do Golfo que os cientistas chamam de circulação meridional do Atlântico (AMOC).

Um relatório recente do Painel Intergovernamental Britânico, sobre Mudanças Climáticas, disse que o risco de desencadear pontos de inflexão climáticos torna-se mais alto com 2°C de aquecimento global.

A análise, publicada na revista Science, avaliou mais de 200 estudos anteriores sobre pontos de inflexão anteriores, observações climáticas e projecções de estudos.

Um ponto de inflexão é quando um limite de temperatura é ultrapassado, levando a uma mudança irreversível em um sistema climático, mesmo que o aquecimento global termine.

Os nove pontos de inflexão globais que foram ultrapassados, ou estão em risco de o serem, identificados no estudo foram: o colapso da Groenlândia, a zona oeste da Antártica e duas partes dos mantos de gelo da Antártica Leste, o colapso parcial e total da AMOC, a extinção da Amazônia, o colapso do permafrost e a perda de gelo marinho no inverno no Ártico.

A avaliação do ponto de inflexão da Amazónia não incluiu os efeitos do desmatamento.

“A combinação do aquecimento e do desmatamento pode trazer isso muito mais cedo”, disse Armstrong McKay.

Outros sete pontos de inflexão teriam efeitos regionais graves, incluindo a extinção dos recifes de corais tropicais e mudanças nas monções da África Ocidental. Outros pontos de inflexão em potencial que ainda estão a ser estudados incluem a perda de oxigênio oceânico e grandes mudanças nas monções do verão indiano.

Os cientistas definem cruzar um ponto de inflexão como “possível” quando o seu limite mínimo de temperatura é ultrapassado e “provável” além da estimativa do limite central.

O professor Niklas Boers, da Universidade Técnica de Munique, disse:

“A revisão, é uma atualização oportuna sobre os potenciais elementos de queda da Terra e, a ameaça de eventos de queda, sob um aquecimento maior é real”.

Ele acrescentou que são necessárias muito mais pesquisas para diminuir os limites críticos de temperatura, com as estimativas atuais a permanecerem altamente incertas.

O professor Thomas Stocker, da Universidade de Berna, disse:

“A ciência sobre os pontos de inflexão está longe de terminar, mal começou, e modelos muito melhores são necessários para abordar a questão [de] qual nível de aquecimento é crítico para cada ponto de inflexão”.

Um relatório especial do IPCC sobre os pontos críticos do clima foi proposto em maio deste ano pelo governo suíço.

O professor Tim Lenton, da Universidade de Exeter, coautor da análise, disse:

“Desde que avaliei os pontos de inflexão pela primeira vez em 2008, a lista cresceu e a nossa avaliação do risco que eles representam, aumentou drasticamente”.

“O nosso novo trabalho, fornece evidências convincentes de que o mundo deve acelerar radicalmente a descarbonização da economia”.

“Para conseguir isso, precisamos desencadear pontos de inflexão sociais positivos”.

 

Conclusão

Não nos podemos continuar a esconder, nem continuar em negação. O aquecimento global está a sobrecarregar o clima extremo a uma velocidade surpreendente, e isso é visível por todo o mundo.

Mais Afrika, não se mantem nem neutro nem passivo sobre este e temos publicado várias análise e estudos, sobre como o colapso climático causado pelo homem, está a acelerar os eventos climáticos extremos em todo o planeta.

Existem pessoas em todo o mundo a perder as suas vidas e os seus meios de subsistência devido a ondas de calor mais mortais e mais frequentes, inundações, incêndios florestais e secas desencadeadas pela crise climática.

Está na hora de dizermos BASTA e começarmos a fazer algo para reverter esta situação.

 

O que achas desta crise climática? És dos que acreditam que estas alterações do clima são tudo “tretas” ou és daqueles que preferem salvar o nosso meio ambiente? Queremos saber a tua opinião, não hesites em comentar e se gostaste do artigo partilha e dá um “like/gosto”.

 

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Imagem: © 2022 Getty Images
Francisco Lopes-Santos

Atleta olímpico, tem um Doutoramento em Antropologia da Arte e dois Mestrados um em Treino de Alto Rendimento e outro em Belas Artes. Escritor prolifero, já publicou vários livros de Poesia e de Ficção, além de vários ensaios e artigos científicos.

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Francisco Lopes-Santos
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Atleta olímpico, tem um Doutoramento em Antropologia da Arte e dois Mestrados um em Treino de Alto Rendimento e outro em Belas Artes. Escritor prolifero, já publicou vários livros de Poesia e de Ficção, além de vários ensaios e artigos científicos.
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