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Sexta-feira, Dezembro 6, 2024

G20: Angola Avisa Para Perigo De Extremismos

O Presidente de Angola, durante o G20, realizado no Rio de Janeiro, Brasil, apelou para uma abordagem equilibrada na criação de leis supranacionais que limitem a produção petrolífera, alertando que medidas extremistas podem prejudicar os países em desenvolvimento.

G20: Angola Avisa Para Perigo De Extremismos


No segundo dia de debates na cimeira do G20, João Lourenço subiu ao palco com uma mensagem clara: a necessidade de equilíbrio ao tratar de questões ambientais globais, particularmente aquelas que afectam a indústria extractiva.

A cimeira que reúne as 20 maiores economias do mundo, tem-se debruçado sobre temas cruciais, como as mudanças climáticas, a transição energética e o desenvolvimento sustentável.

Para o Presidente angolano, a tentativa de impor limites à produção do petróleo, um dos principais motores económicos de muitos países em desenvolvimento, deve ser tratada com sensibilidade. Caso contrário, tais medidas poderão ter efeitos adversos em nações já vulneráveis, como Angola.

“A adopção de leis com efeito supranacional requer uma abordagem realista, para evitar soluções extremas que agravam a situação de pobreza das populações nos países mais carenciados”.

Frisou o chefe de Estado, apontando a importância de políticas que equilibrem preservação ambiental e desenvolvimento económico.

 

Abordagens Equilibradas


O petróleo continua a ser um recurso vital para muitos países africanos, incluindo Angola, cuja economia depende significativamente das receitas provenientes desta indústria. Segundo João Lourenço, limitar a exploração petrolífera de forma abrupta ou pouco ponderada pode comprometer os programas de combate à pobreza e dificultar o cumprimento das metas climáticas.

“Sem esse apoio, será difícil implementar programas de mitigação e adaptação com sucesso”, frisou.

Para Angola, a transição energética é um objetivo, mas exige recursos tecnológicos e financeiros que nem sempre estão disponíveis. O Presidente sublinhou que, embora o país esteja a implementar políticas rigorosas de preservação ambiental, enfrenta uma série de desafios, como a falta de meios e de pessoal qualificado.

João Lourenço aproveitou o G20 para apelar à solidariedade internacional e ao fornecimento de tecnologias avançadas que possam ajudar os países em desenvolvimento a mitigar os efeitos das alterações climáticas, enquanto mantêm o crescimento económico.

 

Apoio aos Países em Desenvolvimento


O Presidente angolano também destacou a necessidade de um apoio concreto e eficaz para os países em desenvolvimento enfrentarem os desafios impostos pelas mudanças climáticas. Ele fortaleceu a ideia da importância de acesso a recursos financeiros e tecnologias que ajudem a combater problemas como a desertificação, a degradação dos solos e seca.

João Lourenço sublinhou que o desenvolvimento sustentável não deve ser tratado isoladamente do impacto da dívida externa. Ele apelou aos países e às instituições credoras para que considerem medidas mais solidárias e justas nesse contexto.

“A dívida externa, muitas vezes insustentável, fragiliza a capacidade de intervenção dos países”, afirmou.

 

Apelo ao Alívio da Dívida Externa


Outra questão central no discurso de João Lourenço no G20, foi a dívida externa. Para muitos países em desenvolvimento, incluindo Angola, a dívida constitui um obstáculo significativo ao progresso. Segundo o Presidente, esta sobrecarga limita a capacidade de investimento em áreas essenciais, como a saúde, educação e infraestruturas ambientais.

João Lourenço apelou aos países credores e às instituições financeiras internacionais para que considerem medidas mais solidárias e justas, como a reestruturação ou cancelamento de dívidas.

“É necessário um profundo sentido de justiça e solidariedade para permitir que os países mais frágeis possam crescer de forma sustentável”, reforçou.

O G20 representa uma oportunidade única para abordar problemas globais de forma inclusiva, destacou João Lourenço. Ele reiterou a importância de um esforço conjunto entre as nações ricas e as em desenvolvimento, sublinhando que apenas com parcerias verdadeiramente solidárias será possível alcançar um equilíbrio entre desenvolvimento e preservação ambiental.

Para Angola, o caminho para o desenvolvimento sustentável passa por um apoio consistente e adaptado às suas realidades. Além disso, o Presidente sublinhou que os esforços climáticos não devem ser dissociados de outros desafios estruturais, como a desigualdade social e económica.

 

Esforços Climáticos de Angola


Apesar das adversidades, Angola está empenhada em cumprir suas metas climáticas. “Não cruzamos os braços”, disse o Presidente, destacando que o país está em um processo de transformação da sua matriz energética para dar prioridade a fontes limpas e renováveis. A mudança é vista como um passo essencial para reduzir os efeitos da poluição ambiental e promover o desenvolvimento sustentável.

Actualmente, o país está a investir em infraestruturas de energia solar, eólica e hídrica, promovendo uma transição gradual para uma economia menos dependente dos combustíveis fósseis. Estes esforços reflectem o compromisso de Angola em contribuir para as metas climáticas globais, ao mesmo tempo que procura melhorar as condições de vida da sua população.

Angola, como muitos países africanos, enfrenta desafios ambientais significativos, mas João Lourenço garantiu que a nação continuará a trabalhar intensamente para superar essas dificuldades, mantendo um equilíbrio entre preservação ambiental e crescimento económico.

 

Conclusão


O discurso de João Lourenço no G20 reflectiu o dilema enfrentado por muitos países em desenvolvimento: alinhar as suas prioridades ambientais e económicas com as exigências globais, sem comprometer o bem-estar das suas populações. O Presidente angolano defendeu uma visão de cooperação internacional baseada em solidariedade e justiça, essencial para garantir um futuro sustentável para todos.

 


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Imagem: © 2024 CIPRA
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