23 de Março: Dia da Libertação da África Austral.
Muita gente não sabe porque é que o dia 23 de Março é conhecido como o Dia da Libertação da África Austral. Esse dia foi o fim de uma batalha que determinou profundas alterações na geo-política da Região Austral do Continente Africano, foi a batalha do Cuito Cuanavale, ocorrida em Angola.
O Bureau Político do MPLA reafirmou recentemente a sua intenção de massificar as ações de educação cívica e patriótica, para que as novas gerações conheçam e respeitem o valor histórico dessa batalha que é considerada um marco incontornável na memória coletiva de África e do mundo, bem como o preço da liberdade e os seus heróis.
Um presente dos namorados envenenado
Segundo alguns historiadores a Batalha do Cuito Cuanavale, na província de Cuando Cubango em Angola, iniciou-se a 15 de Agosto de 1987, mas a data oficial reconhecida, considera que a mesma decorreu de 15 de Novembro de 1987 a 23 de Março de 1988.
No entanto, foi o ataque iniciado pela UNITA e as forças da África do Sul a 14 de Fevereiro de 1988, o dia conhecido mundialmente por “Dia dos Namorados” que deu inicio à batalha continua sem tréguas que só terminou a 23 de Março de 1988.
Esta batalha, foi a segunda maior batalha da História do continente africano, depois da Batalha de El Alamein, no Egito, durante a II Guerra Mundial e, a maior da África subsaariana.
Foi também a segunda mais prolongada que teve lugar no continente africano desde a II Guerra Mundial, logo a seguir à Batalha de El Alamein, no Egito e é considerada a segunda maior batalha territorial do século XX, superada apenas pela batalha de Kursk, ocorrida durante a Frente Oriental da II Guerra Mundial, entre as forças da Alemanha Nazista e da União Soviética.
A batalha ocorreu entre as extintas Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (FAPLA), apoiadas por internacionalistas cubanos, e as extintas Forças Armadas de Libertação de Angola (FALA), afetas à UNITA, com o apoio militar do então regime sul-africano do apartheid.
Esta batalha teve grande importância, não só para Angola, como também para África. Ironicamente, ambos os lados clamaram vitória e, até hoje, as narrativas e memórias sobre a batalha são objeto de debate.
Não obstante, o evento tornou-se o ponto de viragem decisivo na guerra que se arrastava há longos anos, incentivando um acordo entre sul-africanos e cubanos para a retirada de tropas, culminando com a assinatura dos Acordos de Nova Iorque.
Estes acordos, levaram à independência da Namíbia e à libertação de Nelson Mandela culminando com a abolição do regime do Apartheid, o fim do regime de segregação racial que vigorava na África do Sul.
Em homenagem à batalha do Cuito Cuanavale, Angola propôs ao Conselho de Ministros da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), a data do fim da batalha como o dia da África Austral. A mesma foi adotada a 23 de Março de 2018, por unanimidade, sendo celebrada a partir dessa data como o Dia da Libertação da África Austral.
Reconhecimento internacional do Dia 23 de Março
Académicos defenderam recentemente a necessidade de elevar a localidade do Cuito Cuanavale, na província do Cuando Cubango, a património da humanidade.
O historiador Luís Paulo Vissunjo defendeu que Angola submeta à Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) o processo para reconhecimento e passagem desta localidade a património da humanidade. Para ele, a circunscrição é uma referência na cultura de paz, defendida pela UNESCO.
Nesta senda, disse que as autoridades angolanas devem trabalhar para a materialização deste propósito, uma vez que a localidade do Cuito Cuanavale foi palco de uma das maiores batalhas da história contemporânea.
Lembrou que atualmente celebra-se o 23 de Março como Dia da Libertação da África Austral, um reconhecimento generalizado dos países que integram a SADC. O antropólogo Diakinini Boholo acredita que os países da SADC apoiarão a candidatura, um peso suficiente para tornar realidade essa pretensão.
Para ele, a região Austral necessita de fazer um trabalho árduo para convencer a UNESCO, que passa pela catalogação de vários fatores que este órgão das Nações Unidas exige, para a inserção na lista do Património da Humanidade.
O secretário executivo do Conselho Municipal da Juventude de Menongue, Adriano Lucas Jaime, pediu maior divulgação sobre o Cuito Cuanavale, incluindo da batalha. Defende que a batalha do Cuito Cuanavale deve constar do currículo escolar nos países da SADC.
“Devemos divulgar, cada vez mais, o 23 de Março com palestras, colóquios, seminários e outros meios que facilitem a disseminação deste grande feito”, frisou Adriano Lucas Jaime.
A memória futura
A inclusão da batalha do Cuito Cuanavale nos currículos escolares dos países da SADC e a tentativa de elevar a localidade a patrimônio da humanidade pela UNESCO são importantes passos nesse sentido. O reconhecimento internacional da batalha e o apoio dos países da SADC ajudam a fortalecer a posição de Angola no contexto regional e global.
Além disso, a celebração do Dia da Libertação da África Austral no dia 23 de Março destaca a importância da batalha e as transformações geopolíticas que ocorreram na região como resultado. A batalha do Cuito Cuanavale foi um marco crucial na luta pela liberdade e justiça na África Austral, e o seu legado deve ser honrado e preservado para as gerações futuras.
Conclusão
A preservação da memória histórica e o respeito ao valor da batalha do Cuito Cuanavale são fundamentais para as futuras gerações. A educação cívica e patriótica, bem como a divulgação de informações sobre a batalha, bem como o seu fim a 23 de Março de 1988, são essenciais para garantir que a história seja lembrada, compreendida e honrada.
A proposta de elevar a localidade do Cuito Cuanavale a património da humanidade é um passo significativo nesse sentido, destacando a importância do local e das lições aprendidas para a paz e a unidade no continente africano.
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Imagem: © António Escrivão