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Terça-feira, Janeiro 21, 2025

Alerta: Surgiu Nova Doença Misteriosa Na RDC

A União Europeia (UE) está a “acompanhar de perto” a doença desconhecida que assola o sudoeste da República Democrática do Congo (RDC), declarou hoje uma porta-voz da Comissão Europeia, sublinhando que ainda não foram registados casos na Europa.

Alerta: Surgiu Nova Doença Misteriosa Na RDC


A República Democrática do Congo (RDC) enfrenta uma crise de saúde sem precedentes com o surgimento de uma doença misteriosa que já causou mais de 140 mortes e infectou centenas de pessoas. Este fenómeno, descrito como um “problema de saúde pública desconhecido”, está a gerar inquietação tanto a nível nacional como internacional.

Localizada numa região remota da província de Kwango, esta doença tem vindo a afectar maioritariamente crianças e pessoas com sistemas imunológicos debilitados, aumentando ainda mais a vulnerabilidade de comunidades já fragilizadas. Esta situação ocorre num contexto de pobreza extrema, onde as condições de saneamento e saúde são insuficientes para conter a propagação de doenças.

Apesar dos esforços de várias organizações internacionais, como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a União Europeia (UE), a resposta tem sido dificultada pela falta de infraestruturas, pela complexidade do terreno e pela ausência de diagnósticos laboratoriais claros.

 

A Crise em Kwango


Imagem © 2024 Lucien Lufutu (20241109) Alerta Surgiu Nova Doença Misteriosa Na RDC

A RDC, país que faz fronteira com Angola, está em “alerta máximo” na sequência da detecção de uma doença misteriosa que já provocou dezenas de mortos em pouco mais de um mês, segundo as últimas estimativas, informou o ministro congolês da Saúde Pública, Samuel Mulamba.

Por outro lado, o chefe do Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC África), Jean Kaseya, explicou que “os primeiros diagnósticos” apontam para “uma doença respiratória”, mas são necessários “resultados laboratoriais”.

A doença é “ainda de origem desconhecida” e foi detectada em finais de Outubro na província de Kwango, no sudoeste da RDC, apresenta sintomas semelhantes aos da gripe, como febre, dores de cabeça, tosse, dificuldades respiratórias e anemia.

Segundo o Ministério da Saúde Pública, Higiene e Segurança Social da RDC, os casos estão concentrados na região de Panzi, a cerca de 700 quilómetros da capital, Kinshasa. Este local, de difícil acesso, tem infraestruturas sanitárias precárias e uma população que vive em extrema pobreza, com falta de medicamentos e água potável.

De acordo com os primeiros dados disponíveis, a doença misteriosa afecta sobretudo os mais jovens, com 40% dos casos a ocorrerem em crianças com menos de cinco anos, no entanto, a maioria das mortes registou-se entre crianças com mais de 15 anos de idade.

“Estamos em alerta máximo, consideramos que este é um nível de epidemia que temos de monitorizar”.

Declarou o ministro da Saúde, Samuel Mulamba.

 

A Resposta à Crise


Imagem © Westend61 / Getty Images (20241109) Alerta Surgiu Nova Doença Misteriosa Na RDC

Desde a declaração de alerta sanitário a 25 de Outubro de 2024, equipas de epidemiologistas e peritos laboratoriais foram enviadas até à região para tentar identificar a origem e os modos de transmissão da doença. O Instituto Nacional de Saúde Pública está a analisar amostras recolhidas em Panzi, mas até ao momento não há diagnóstico conclusivo.

Especialistas excluíram a hipótese de COVID-19, malária e sarampo, mas os primeiros indícios apontam para uma possível doença respiratória. A nível local, os esforços são dificultados pela falta de recursos e pela desnutrição generalizada que enfraquece a imunidade da população.

“A região é muito frágil, com mais de 40% dos habitantes a sofrerem de malnutrição crónica”.

Afirmou Dieudonne Mwamba, director-geral do Instituto Nacional de Saúde Pública, durante uma conferência de imprensa online realizada pelo órgão de vigilância da saúde da União Africana, o Africa CDC.

“Nem sabemos se estamos perante uma doença viral ou bacteriana”, acrescentou.

A situação também atraiu a atenção de organizações internacionais, como a União Europeia (UE) que já declarou estar a acompanhar de perto o caso, mobilizando peritos do Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC) e trabalhando em conjunto com a Organização Mundial da Saúde (OMS).

 “Estamos obviamente a acompanhar de perto a situação”.

Afirmou Eva Hrncirova, porta-voz da UE. Por sua vez, a OMS enviou uma equipa composta por epidemiologistas, cientistas laboratoriais e especialistas em controlo de infecções para apoiar as autoridades congolesas. A prioridade, segundo Matshidiso Moeti, directora regional da OMS para África, é “fornecer apoio eficaz às famílias e comunidades afectadas” e implementar medidas de controlo e vigilância.

 

Contexto Epidemiológico na RDC


Imagem © DR (20241109) Alerta Surgiu Nova Doença Misteriosa Na RDC

A RDC já enfrentou outros desafios sanitários significativos, foi atingida por uma epidemia de febre tifóide há dois, a malária é recorrente e, recentemente, ouve um aumento alarmante da gripe sazonal.

Além da doença misteriosa, a RDC também está a lidar com um surto de Mpox que desde o início do ano já causou mais de 1.000 mortes e 47.000 infectados. Este panorama agrava-se pela fragilidade do sistema de saúde que não dispõe de capacidade suficiente para responder simultaneamente a várias crises.

Estas doenças são exacerbadas pelas condições de vida precárias da população, como o acesso limitado a água potável, a ausência de saneamento básico e a falta de alimentos nutritivos. Cerca de 60% da população em áreas afectadas sofre de malnutrição, tornando os indivíduos mais susceptíveis a doenças infecciosas.

A resposta aos problemas de saúde pública na RDC também é prejudicada por décadas de instabilidade política e económica que reduziram significativamente o investimento em serviços de saúde.

As regiões rurais, como Panzi, têm sofrido de forma desproporcionada devido à sua localização remota e à ausência de vias de comunicação eficazes. Os esforços internacionais, embora vitais, são muitas vezes temporários e insuficientes para enfrentar os desafios estruturais de longo prazo.

A combinação destas condições torna o sistema de saúde do país incapaz de lidar com crises simultâneas, deixando a RDC numa posição particularmente vulnerável. Para os especialistas, o fortalecimento das infraestruturas de saúde e a implementação de políticas de prevenção são passos cruciais para evitar futuras catástrofes sanitárias.

 

Impacto Presente e Futuro


A emergência sanitária trouxe à superfície a vulnerabilidade estrutural da RDC. Em Panzi, muitas pessoas morreram em casa, sem acesso a tratamento. Entre as 140 mortes registadas até agora, apenas 31 ocorreram em centros de saúde, o que demonstra a gravidade da situação.

“Nem sequer conhecemos o modo de transmissão”.

Admitiu Jean Kaseya, chefe do Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC África). Embora os especialistas estejam a intensificar os esforços para identificar a doença, as incertezas prevalecem. A falta de resultados laboratoriais definitivos e a inexistência de vacinas ou tratamentos específicos deixam a população numa situação de vulnerabilidade crescente.

 

Conclusão


A doença misteriosa na RDC, além de ser uma ameaça potencial de uma nova pandemia mundial, reflecte os desafios de saúde pública enfrentados por países com infraestruturas debilitadas e recursos limitados. Enquanto as investigações continuam, a resposta a esta crise requer coordenação eficaz entre as autoridades nacionais e os parceiros internacionais.

A situação em Kwango é um alerta para a necessidade de investimentos robustos em sistemas de saúde, especialmente em áreas remotas. É igualmente crucial que os esforços de contenção sejam acompanhados de intervenções que abordem os factores estruturais subjacentes, como a malnutrição, a falta de saneamento básico e o acesso limitado a medicamentos.

Sem estas melhorias, situações como a que está a ocorrer agora em Kwango, continuarão a surgir, perpetuando o ciclo de pobreza e vulnerabilidade sanitária que afecta tantas comunidades em África.

A abordagem a longo prazo deve focar-se não apenas na gestão imediata de crises, mas também na construção de uma base sólida para a saúde pública, que permita à RDC enfrentar desafios futuros com maior eficácia. Somente assim será possível proteger as populações mais vulneráveis e assegurar um futuro mais digno para todos.

 


O que achas de mais esta crise na RDC? Estaremos perante uma nova pandemia? Queremos saber a tua opinião, não hesites em comentar e se gostaste do artigo partilha e dá um “like/gosto”.

 

Imagem: © 2024 Marie Jeanne Munyerenkana
Francisco Lopes-Santos

Atleta olímpico, tem um Doutoramento em Antropologia da Arte e dois Mestrados um em Treino de Alto Rendimento e outro em Belas Artes. Escritor prolifero, já publicou vários livros de Poesia e de Ficção, além de vários ensaios e artigos científicos.

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Francisco Lopes-Santos
Francisco Lopes-Santoshttp://xesko.webs.com
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