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Terça-feira, Julho 8, 2025

Quénia em Chamas: Protestos Terminam em Morte

A violência marcou as celebrações do histórico dia “Saba Saba” no Quénia. Dez mortos, dezenas de feridos, barricadas policiais e repressão intensificam a tensão entre sociedade civil e governo. Um país que já foi exemplo democrático, hoje afunda-se em confronto e medo.

Quénia em Chamas: Protestos Terminam em Morte


No Quénia, pelo menos dez pessoas foram mortas, 29 ficaram feridas e 37 foram detidas durante os protestos realizados esta segunda-feira, 7 de Julho, em várias cidades do país. A capital, Nairobi, foi o centro das acções, onde a polícia respondeu com gás lacrimogéneo, canhões de água e barricadas, restringindo o acesso à capital.

As manifestações ocorreram no âmbito do “Saba Saba”, data simbólica da luta pela democracia multipartidária, mas que este ano, se transformou num palco de contestação contra a corrupção, a brutalidade policial e a degradação das condições de vida. O país mergulha numa nova onda de instabilidade, com impacto directo sobre a segurança, os direitos humanos e a confiança na governação.


Repressão Policial


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Logo nas primeiras horas da manhã de segunda-feira, a polícia queniana bloqueou as principais vias de acesso à cidade de Nairobi, permitindo apenas a passagem de cidadãos com tarefas essenciais. Encerraram os estabelecimentos comerciais e o centro da cidade ficou sob vigilância apertada.

A resposta das autoridades incluiu o uso de gás lacrimogéneo e canhões de água para dispersar a multidão. Em locais como Kitengela, os manifestantes ergueram barricadas e acenderam fogueiras antes de serem igualmente dispersos pelas forças da ordem.

Segundo a Comissão Nacional dos Direitos Humanos do Quénia (KNCHR), até às 18h30 locais do dia 7 de Julho, estavam confirmadas dez mortes, 29 feridos, dois casos de rapto e 37 detenções, em 17 dos 47 condados do país.

A Comissão apontou também “grandes barricadas policiais nas principais estradas e pontos de acesso”, o que perturbou severamente a circulação de pessoas em Nairobi e noutras cidades como Kiambu, Meru, Kisii, Nyeri, Nakuru e Embu.

A repressão levou à denúncia de raptos e intimidações, e vários relatos de violência policial foram amplamente divulgados. O impacto directo tem sido o recuo da população, especialmente mulheres, de futuras manifestações, temendo pela sua integridade física e moral.


Saba Saba


O “Saba Saba” — que significa “Sete Sete” em swaíli, uma referência ao 7 de Julho — recorda os protestos de 1990 que forçaram a implementação do multipartidarismo e puseram termo ao regime autocrático de Daniel Moi.

Este ano, a data foi assinalada por uma nova geração de activistas e manifestantes que exigem mudanças profundas: fim da estagnação económica, combate à corrupção endémica e responsabilização por actos de brutalidade policial.

O governo de William Ruto, eleito em 2022 com promessas de defender os desfavorecidos, enfrenta presentemente críticas severas da oposição e de organizações dos direitos humanos que denunciam a crescente repressão contra a sociedade civil.

As manifestações do “Saba Saba” acontecem na sequência dos protestos de 25 de Junho, em que 19 pessoas foram mortas e 500 detidas. Esta mobilização homenageava as vítimas da repressão policial de 2024, durante os protestos contra o aumento dos impostos.

Nesse dia, registaram-se confrontos violentos entre civis e polícia e inúmeros estabelecimentos comerciais do centro de Nairobi foram pilhados. Os manifestantes acusaram as autoridades de patrocinarem grupos armados com o objectivo de descredibilizar os protestos. O governo, por seu lado, classificou os actos como uma tentativa de golpe de Estado.


Intimidação Pura


No domingo, a véspera dos protestos, um grupo armado invadiu a sede da Comissão Queniana dos Direitos Humanos, interrompendo uma conferência de imprensa onde se exigia o fim da violência policial.

A acção foi interpretada como mais uma tentativa de intimidar os activistas e de silenciar as vozes críticas. A situação alerta para o agravamento das ameaças contra os defensores de direitos humanos e contra os jornalistas, minando ainda mais a liberdade de expressão e de associação no país.


Conclusão


O Quénia vive um momento de elevada tensão social, com a repressão a substituir o diálogo. O “Saba Saba”, que deveria ser uma celebração da democracia, tornou-se sinónimo de luto e medo. As acções do governo e da polícia têm afectado negativamente a imagem internacional do país e dissuadido a participação da sociedade civil.

A comunidade internacional observa com atenção os acontecimentos, enquanto os quenianos continuam a lutar por justiça, dignidade e um futuro mais inclusivo.

 


O que pensas destes protestos e do desrespeito dos direitos civis no Quénia e em África? Queremos saber a tua opinião, não hesites em comentar e se gostaste do artigo partilha e dá um “like/gosto”.

 

Imagem: © 2025 Getty Images
Francisco Lopes-Santos

Atleta Olímpico, tem um Doutoramento em Antropologia da Arte e dois Mestrados, um em Treino de Alto Rendimento e outro em Belas Artes, além de vários cursos de especialização em diversas áreas. Escritor prolifero, já publicou vários livros de Poesia e de Ficção, além de vários ensaios e artigos científicos.

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