Índice
ToggleQuénia em Chamas: Protestos Terminam em Morte
No Quénia, pelo menos dez pessoas foram mortas, 29 ficaram feridas e 37 foram detidas durante os protestos realizados esta segunda-feira, 7 de Julho, em várias cidades do país. A capital, Nairobi, foi o centro das acções, onde a polícia respondeu com gás lacrimogéneo, canhões de água e barricadas, restringindo o acesso à capital.
As manifestações ocorreram no âmbito do “Saba Saba”, data simbólica da luta pela democracia multipartidária, mas que este ano, se transformou num palco de contestação contra a corrupção, a brutalidade policial e a degradação das condições de vida. O país mergulha numa nova onda de instabilidade, com impacto directo sobre a segurança, os direitos humanos e a confiança na governação.
Repressão Policial
Please accept YouTube cookies to play this video. By accepting you will be accessing content from YouTube, a service provided by an external third party.
If you accept this notice, your choice will be saved and the page will refresh.
———————————————————————————————
Aceite os cookies do YouTube para reproduzir este vídeo. Ao aceitar, estará a aceder ao conteúdo do YouTube, um serviço fornecido por terceiros.
Se aceitar, a sua escolha será salva e a página será atualizada.
Logo nas primeiras horas da manhã de segunda-feira, a polícia queniana bloqueou as principais vias de acesso à cidade de Nairobi, permitindo apenas a passagem de cidadãos com tarefas essenciais. Encerraram os estabelecimentos comerciais e o centro da cidade ficou sob vigilância apertada.
A resposta das autoridades incluiu o uso de gás lacrimogéneo e canhões de água para dispersar a multidão. Em locais como Kitengela, os manifestantes ergueram barricadas e acenderam fogueiras antes de serem igualmente dispersos pelas forças da ordem.
Segundo a Comissão Nacional dos Direitos Humanos do Quénia (KNCHR), até às 18h30 locais do dia 7 de Julho, estavam confirmadas dez mortes, 29 feridos, dois casos de rapto e 37 detenções, em 17 dos 47 condados do país.
A Comissão apontou também “grandes barricadas policiais nas principais estradas e pontos de acesso”, o que perturbou severamente a circulação de pessoas em Nairobi e noutras cidades como Kiambu, Meru, Kisii, Nyeri, Nakuru e Embu.
A repressão levou à denúncia de raptos e intimidações, e vários relatos de violência policial foram amplamente divulgados. O impacto directo tem sido o recuo da população, especialmente mulheres, de futuras manifestações, temendo pela sua integridade física e moral.
Saba Saba
O “Saba Saba” — que significa “Sete Sete” em swaíli, uma referência ao 7 de Julho — recorda os protestos de 1990 que forçaram a implementação do multipartidarismo e puseram termo ao regime autocrático de Daniel Moi.
Este ano, a data foi assinalada por uma nova geração de activistas e manifestantes que exigem mudanças profundas: fim da estagnação económica, combate à corrupção endémica e responsabilização por actos de brutalidade policial.
O governo de William Ruto, eleito em 2022 com promessas de defender os desfavorecidos, enfrenta presentemente críticas severas da oposição e de organizações dos direitos humanos que denunciam a crescente repressão contra a sociedade civil.
As manifestações do “Saba Saba” acontecem na sequência dos protestos de 25 de Junho, em que 19 pessoas foram mortas e 500 detidas. Esta mobilização homenageava as vítimas da repressão policial de 2024, durante os protestos contra o aumento dos impostos.
Nesse dia, registaram-se confrontos violentos entre civis e polícia e inúmeros estabelecimentos comerciais do centro de Nairobi foram pilhados. Os manifestantes acusaram as autoridades de patrocinarem grupos armados com o objectivo de descredibilizar os protestos. O governo, por seu lado, classificou os actos como uma tentativa de golpe de Estado.
Intimidação Pura
No domingo, a véspera dos protestos, um grupo armado invadiu a sede da Comissão Queniana dos Direitos Humanos, interrompendo uma conferência de imprensa onde se exigia o fim da violência policial.
A acção foi interpretada como mais uma tentativa de intimidar os activistas e de silenciar as vozes críticas. A situação alerta para o agravamento das ameaças contra os defensores de direitos humanos e contra os jornalistas, minando ainda mais a liberdade de expressão e de associação no país.
Conclusão
O Quénia vive um momento de elevada tensão social, com a repressão a substituir o diálogo. O “Saba Saba”, que deveria ser uma celebração da democracia, tornou-se sinónimo de luto e medo. As acções do governo e da polícia têm afectado negativamente a imagem internacional do país e dissuadido a participação da sociedade civil.
A comunidade internacional observa com atenção os acontecimentos, enquanto os quenianos continuam a lutar por justiça, dignidade e um futuro mais inclusivo.
O que pensas destes protestos e do desrespeito dos direitos civis no Quénia e em África? Queremos saber a tua opinião, não hesites em comentar e se gostaste do artigo partilha e dá um “like/gosto”.
Imagem: © 2025 Getty Images