Presidente do Quénia Defende Moeda Única.
Em uma declaração surpreendente, William Ruto, o Presidente do Quénia, defendeu a implementação de uma moeda única africana, uma ideia destinada a fortalecer o comércio no continente e a promover a integração regional. Ruto, apresentou assim, um apelo revolucionário que poderá remodelar o cenário económico africano.
Integração Económica
Na 22ª Cimeira de Chefes de Estado e de Governo do Mercado Comum para a África Oriental e Austral (COMESA), realizada em Lusaka, Zâmbia, Ruto proferiu um discurso inaugural poderoso. O foco da sua argumentação centrava-se na criação de uma moeda única africana, o que, acredita, facilitará o comércio no continente.
“Do Djibuti, a vender para o Quénia, ou comerciantes do Quénia a vender para o Djibuti, temos que usar dólares americanos”.
“Porque é que os dólares americanos fazem parte do comércio entre o Djibuti e o Quénia? Porquê?” Perguntou Ruto.
Segundo ele, a integração regional significaria que os cidadãos não teriam de se preocupar com que moeda negociar. Ruto instou ainda os países africanos a utilizarem moedas nacionais, usando uma moeda única africana, em vez do dólar, argumentando que tal abordagem fortaleceria a economia e o comércio do continente.
É preciso lembrar que o Banco Africano de Exportação e Importação (Afreximbank) já dispõe de um mecanismo que permite aos países em África comercializar produtos e serviços utilizando a moeda local.
Adopção do Sistema Pan-Africano
Ruto incitou os países africanos a abandonar o dólar e a aderir ao Sistema Pan-Africano de Pagamentos e Liquidações. Através desta proposta, o chefe de estado visa reduzir a dependência de moedas externas ao continente, particularmente o dólar, que tem predominância não só em África, mas em todo o mundo.
Ele sugeriu que as compras feitas nos Estados Unidos da América devem ser liquidadas em dólares americanos, enquanto as transações com o Djibuti e outros países africanos devem ser feitas em moedas locais ou recorrendo a uma moeda única africana.
“É por isso que o Quénia defende o Sistema Pan-Africano de Pagamento e Liquidação”.
“Por que precisamos de comprar coisas do Djibuti e pagar em dólares? Não há razão”.
“Não somos contra o dólar americano. Nós apenas queremos negociar mais livremente”.
“Vamos pagar em dólares o que comprarmos aos EUA”.
“Mas o que comprarmos ao Djibuti, vamos usar a moeda local”, disse.
Para Ruto, essa mudança dinamizaria as transações e simultaneamente impulsionaria o crescimento económico entre as nações africanas. Essa postura é um reflexo da posição do Quénia, que procura uma maior integração económica dentro de África.
Paralelos com o BRICs e o Mercosul
A proposta de Ruto para a introdução de uma moeda única africana não é isolada no cenário internacional. Ela ressoa fortemente com as visões do presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva que tem defendido posturas semelhantes para a América Latina.
Na sua viagem à China para a posse da presidente do banco dos Brics, Dilma Rousseff, Lula abordou a mesma questão. Ele questionou por que é que o comércio não pode ser ancorado nas moedas locais e expressou o desejo de inovação neste domínio. Durante uma reunião com líderes da América Latina em Brasília, Lula voltou a abordar o assunto, desta vez no âmbito do Mercosul.
Ele argumentou que a identidade sul-americana também deveria ser expressa na esfera monetária, através da criação de um mecanismo de compensação mais eficiente e a criação de uma unidade de referência comum para o comércio. Desta forma, seria possível reduzir a dependência de moedas extrarregionais.
“Eu sonho com a construção de várias moedas entre países que fazem comércio”.
“Sonho que os BRICs tenham uma moeda única. Como o euro”, afirmou Lula da Silva.
Portanto, a visão de Ruto alinha-se a um movimento mais amplo para reconsiderar a supremacia do dólar em negociações internacionais e para fomentar a independência e o reforço das económicas regionais, recorrendo a uma formula de moeda única local.
Conclusão
Com este pedido de unificação monetária, William Ruto elevou a fasquia para o futuro do comércio e da economia em África. Embora a implementação de uma moeda única africana represente um desafio imenso, se bem-sucedida, a iniciativa poderia servir de catalisador para uma maior integração regional e um fortalecimento económico de todo o continente africano.
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