O Mundo pode entrar num círculo de destruição.
O Mundo arrisca-se a entrar num “círculo vicioso de destruição” climática. É o que afirma o relatório “1.5C- Mortos ou vivos? — Os riscos para a mudança transformacional que advêm de alcançar ou falhar o objectivo do Acordo de Paris” de EPA/LINDSEY PARNABY.
Este relatório afirma que lidar apenas com os impactos crescentes da crise climática pode atrair recursos e desviar o foco dos esforços para reduzir as emissões de carbono, tornando a situação ainda pior.
O que nos espera
Os danos causados pelo aquecimento global em todo o mundo estão cada vez mais claros, e a recuperação de desastres climáticos já está a custar bilhões de dólares. Além disso, esses desastres podem causar problemas em cascata, incluindo crises de água, alimentos e energia, bem como o aumento da migração e conflito, todos eles a drenarem os recursos dos países.
Os pesquisadores, do Institute for Public Policy Research (IPPR) e da Chatham House, afirmaram que um exemplo atual do impacto da crise climática, a complicar os esforços para reduzir as emissões e outras ações, foi o debate sobre se o manter-se o aumento da temperatura global abaixo de 1,5°C – a meta internacional do acordo de Paris – ainda seria possível.
Aqueles que argumentam que 1,5C ainda é possível, correm o risco de perpetuar a complacência de que o ritmo lento actual é suficiente, disseram os pesquisadores, enquanto aqueles que argumentam que não é possível correm o risco de apoiar o fatalismo de que pouco ou nada já pode ser feito ou o recurso a “abordagens extremas” como a geoengenharia.
Evitar um ciclo catastrófico no Mundo, exige uma aceitação mais honesta por parte dos políticos devido aos grandes riscos representados pela crise climática, disseram os pesquisadores, incluindo a perspectiva iminente de pontos de inflexão e da enorme escala da transformação económica e social, necessária para acabar com o aquecimento global.
“Entrámos, infelizmente, num novo capítulo da crise climática e ecológica”.
“A guerra contra as falsidades está a acabar e as consequências reais vão apresentar-nos decisões difíceis”.
“Podemos caminhar para um mundo mais sustentável, mais equitativo, mas a nossa capacidade de navegar pelos desastres enquanto nos mantemos concentrados durante a tempestade, é fundamental”.
Disse Laurie Laybourn, investigador associado do IPPR e um dos autores do relatório.
O relatório
Segundo o relatório:
“Este é um ciclo de destruição: as consequências da crise [climática] atraem o foco e os recursos para combater as suas causas”.
“Isto leva a um aumento da temperatura e a perdas ecológicas que, então, criam consequências mais graves, desviando ainda mais atenção e recursos e assim por diante”.
O relatório salienta, por exemplo, que a economia de África já esta a perder, até 15% do PIB ao ano, devido ao agravamento dos efeitos do aquecimento global, cortando fundos necessários para a ação climática e enfatizando a necessidade de apoio dos países desenvolvidos, que emitem mais dióxido de carbono.
“O que mais me preocupa é não estarmos a ter em conta o efeito de cascata para as sociedades”.
“Não é só com as tempestades que destroem grandes cidades que nos devemos preocupar, são as consequências para os sistemas globalizados”, disse Laybourn.
Segundo Laybourn, as narrativas usadas para descrever a situação do Mundo, são muito importantes.
Por exemplo: o transporte mais verde não é simplesmente uma mudança para veículos elétricos, mas sim um sistema de transportes públicos melhor e cidades redesenhadas, o que significaria que as pessoas estariam mais próximas dos empregos, educação e saúde.
Isso, por sua vez, significaria reavaliar os orçamentos e impostos das autoridades locais para implementar a mudança.
A injustiça da política climática, pode levar ao “ciclo da desgraça”, porque se as pessoas sentirem que lhes estão a querer impor mudanças inacessíveis, rejeitarão a necessidade de uma transição verde.
O relatório pede ainda mais atenção às políticas de emergência que vão tornar-se cada vez mais globais no caso da crise climática – um pouco como já aconteceu com a resposta ao COVID-19. Por exemplo, como quando se fala da ideia de pôr os países mais desenvolvidos – e que também têm emissões de carbono mais elevadas – a ajudar comunidades afectadas pelo aumento da temperatura.
Segundo Bob Ward, do Grantham Research Institute on Climate Change da London School of Economics:
“Este relatório destaca corretamente o ponto crítico que atingimos, ou seja, a probabilidade crescente de que a temperatura global no Mundo suba mais de 1,5°C”.
“O nosso principal objetivo ainda deve ser o de fazer cortes radicais nas emissões para tentar evitar ultrapassar o 1,5°C”.
“Mas alerta-nos para que também devemos considerar o que acontece se continuarmos a falhar”.
“Isso significará reduzir as temperaturas e, teremos que investir em opções estremas de geoengenharia, como a remoção do dióxido de carbono e até a gestão da radiação solar”.
“O que significa que teremos de gastar muito mais para lidar com os danos [climáticos] e isso tornará mais difícil, fazer a transição para um Mundo sustentável, inclusivo e resistente.”
Conclusão
As emissões globais no Mundo, chegaram ao seu ponto mais alto em 2022. As políticas climáticas ainda estão focadas de forma predominante na mudança gradual sector a sector, o que já mostrou ser inadequado
O aumento da temperatura e os desastres climáticos podem gerar escassez de comida ou promover migrações – com potencial para agravar sentimentos de hostilidade contra refugiados climáticos.
É por isso, preciso melhorar as análises que dão origem às políticas e melhorar a comunicação destes problemas complexos, se é que ainda queremos sobreviver, como espécie, em vez de continuarmos o caminho para a extinção.
O que achas deste relatório? Será que o Mundo está mesmo condenado? Queremos saber a tua opinião, não hesites em comentar e se gostaste do artigo partilha e dá um “like/gosto”.
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