Lula: Reinventar os Laços do Brasil com África.
O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, estabeleceu uma agenda extensa de visitas diplomáticas aos países africanos. A missão deste percurso é fortalecer os laços entre o Brasil e o continente africano que têm estado marginalizados.
O destino desta jornada incluirá oito países africanos, nomeadamente, Angola, Moçambique e África do Sul. Estes países, entre outros, partilham uma longa história e afinidades culturais com o Brasil, laços estes que Lula da Silva visa reavivar.
Não foi apenas a falta de voos directos que afastou o Brasil de África. A ausência estratégica do último governo fez com que a região ampliasse laços com a China, Espanha, Índia, Rússia e Turquia. Lula da Silva, pretende reverter essa estratégia do passado.
Política Externa
A política externa do Brasil em relação África foi caracterizada, em grande medida, pela promoção da cooperação Sul-Sul durante os mandatos de Lula da Silva (2003-2010). Contudo, com esta nova investida diplomática, Lula não tem a intenção de replicar somente as estratégias do passado.
O objetivo é actualizá-las e adaptá-las ao contexto actual, entendendo que as dinâmicas geopolíticas e os interesses comuns sofreram alterações significativas ao longo da última década.
Lula da Silva reconhece que o mundo mudou desde a sua última presidência e que os desafios de África contemporânea são diferentes dos de antigamente. O desenvolvimento económico, a segurança alimentar, a mudança climática, a saúde pública e a tecnologia são áreas de interesse particular para o continente.
A abordagem proposta por Lula da Silva para a nova política externa do Brasil com África concentra-se nestas necessidades, apresentando soluções conjuntas para problemas mútuos.
Nos próximos meses, Lula da Silva tem planos de visitar pessoalmente Angola, África do Sul, Moçambique, Senegal, Gana, Etiópia, Nigéria e São Tomé e Príncipe, para conversar com os seus líderes e discutir as formas como o Brasil e África podem beneficiar-se mutuamente.
Acredita-se que estas visitas, se bem-sucedidas, possam abrir novas portas para a cooperação bilateral e multilateral, reforçando assim a posição do Brasil como um parceiro chave para o desenvolvimento africano.
Neste novo capítulo das relações Brasil-África, Lula da Silva está empenhado em deixar um legado duradouro, construído sobre o respeito mútuo, a cooperação e a busca comum por progresso e prosperidade. A sua iniciativa pode ser uma importante reviravolta nas relações Brasil-África, trazendo novas oportunidades para ambos os lados.
Estratégia Renovada

Lula da Silva, tem uma perspectiva muito diferente para as relações Brasil-África comparada à do seu antecessor, Jair Bolsonaro. Alegadamente, a política externa de Bolsonaro colocou as relações com África em segundo plano, uma postura que Lula pretende alterar.
No passado, o Brasil procurou apoiar o desenvolvimento africano através de doações de medicamentos, transferências de tecnologia e outros tipos de ajuda. Embora tais esforços tenham sido apreciados, Lula da Silva compreende a necessidade de uma abordagem mais abrangente. A sua estratégia visa promover não só a assistência social, mas também incentivar os laços económicos entre o Brasil e África.
A estratégia renovada de Lula da Silva inclui uma forte aposta económica, com a intenção de promover uma relação mutuamente benéfica. O presidente acredita que há um vasto potencial de crescimento económico em África que poderia beneficiar tanto o continente africano como o Brasil.
Através do incentivo ao comércio bilateral e aos investimentos, Lula da Silva espera não só fortalecer a economia do Brasil, mas também ajudar a impulsionar o desenvolvimento económico em África.
Esta nova fase das relações Brasil-África não será apenas sobre a oferta de ajuda, mas também sobre a construção de uma parceria de cooperação. A iniciativa de Lula da Silva sugere um compromisso em trabalhar com os países africanos para alcançar objectivos comuns, criando oportunidades para ambos os lados.
Essa estratégia renovada para a relação Brasil-África assenta numa abordagem equilibrada que combina assistência social e interesse económico. Com um maior destaque na cooperação económica e numa abordagem de parceria, esta estratégia poderá levar a uma nova fase de maior intercambio e benefícios mútuos entre o Brasil e África.
Visitas Futuras
O plano de Lula da Silva para a reaproximação com África é ambicioso e vasto. Prevê-se que as visitas oficiais se iniciem no segundo semestre, marcando um importante passo na renovação do diálogo Brasil-África. O programa inclui uma série de visitas a vários países africanos, sublinhando a importância que Lula da Silva atribui a esta região.
Os primeiros destinos previstos no programa de Lula da Silva incluem Angola, África do Sul e Moçambique. Nestes países, espera aprofundar os laços económicos e políticos, assim como entender melhor as necessidades e expectativas destes parceiros africanos.
O programa de visitas também inclui o Senegal, Gana, Etiópia e Nigéria. A inclusão destes países sublinha a intenção de Lula da Silva de abranger diferentes partes do continente africano, reforçando o compromisso do Brasil com uma abordagem pan-africana nas suas relações exteriores.
Além disso, estão também previstas visitas a São Tomé e Príncipe, bem como a reabertura da embaixada do Brasil na Serra Leoa e a instalação de uma representação do Brasil no Ruanda. Estas iniciativas indicam o interesse do Brasil em estreitar os laços não só com os maiores e mais influentes países africanos, mas também com as nações mais pequenas e potencialmente marginalizadas.
Lula da Silva tem uma agenda cheia para os próximos meses, com visitas a vários países africanos. Estas viagens sublinham a seriedade do Brasil em renovar e aprofundar os seus laços com África, estabelecendo novos precedentes para as futuras relações diplomáticas entre o Brasil e o continente africano.
Parcerias Económicas
A nova política externa do Brasil para África é muito mais do que uma simples tentativa de revitalizar laços. O presidente Lula da Silva, com a sua visão progressista, vê um potencial significativo na parceria com África, principalmente em termos económicos. As informações do governo brasileiro sugerem que o continente africano tem um imenso potencial para crescimento e desenvolvimento económico.
Com uma população jovem, recursos naturais abundantes e mercados emergentes, África é uma região com potencial inexplorado que pode se tornar um motor de crescimento económico.
Lula da Silva entende que uma parceria efectiva com África pode trazer benefícios mútuos, com o Brasil a ajudar África a atingir o seu potencial económico e África a fornecer ao Brasil acesso a novos mercados e oportunidades de investimento.
Lula da Silva defende uma maior representação africana no G20, um grupo de nações que tem um papel fundamental na governança económica global. Na sua opinião, a União Africana, que representa todos os 55 países africanos, deveria ter um lugar permanente no G20. Isto refletiria a crescente influência económica de África e proporcionaria um meio eficaz de abordar os desafios económicos globais.
À medida que o Brasil se esforça para reforçar as suas relações com África, Lula da Silva vê um papel central para as parcerias económicas. Através do reforço dos laços económicos e da advocacia de uma maior representação africana no G20, o presidente está a contribuir para um futuro mais equilibrado e inclusivo na governança económica global.
Este foco renovado em África sinaliza a intenção do Brasil de abordar a diplomacia global com uma nova perspetiva, valorizando as relações Sul-Sul e reconhecendo a importância estratégica de África na cena mundial.
Dados Económicos
Apesar dos esforços passados para aumentar o comércio entre o Brasil e África, os dados indicam que esta relação comercial tem permanecido praticamente estática. Em 2022, o comércio totalizou US$ 21,3 bilhões, uma cifra muito similar à registada em 2010.
Este facto sugere que apesar de haver um reconhecimento da importância do mercado africano, tem-se verificado um défice de acções concretas para intensificar a troca comercial.
A natureza das relações comerciais entre o Brasil e os países africanos varia consideravelmente. Enquanto existe um comércio robusto com alguns países, como Angola e África do Sul, a relação comercial com outros, como São Tomé e Príncipe, é praticamente inexistente.
Esta falta de uniformidade nos laços comerciais demonstra a necessidade de uma estratégia mais coesa e ampla que possa abranger todos os países africanos.
A estagnação do comércio entre o Brasil e África não só representa uma oportunidade económica perdida, mas também dificulta a capacidade do Brasil de exercer influência em uma região em rápido crescimento. Sem uma presença comercial significativa, o Brasil pode estar a perder a oportunidade de participar na história de crescimento económico de África.
Os dados actuais apontam para a necessidade de uma nova estratégia comercial entre o Brasil e África. Esta nova abordagem deve focar-se em dinamizar o comércio, aumentar a presença comercial do Brasil em toda África e garantir que ambos os lados beneficiem de relações comerciais justas e equitativas.
A visita de Lula da Silva a vários países africanos pode ser o primeiro passo para a materialização desta nova estratégia.
Conclusão
A reaproximação de Lula da Silva a África poderá trazer benefícios mútuos, não só reforçando a presença do Brasil na região, mas também proporcionando oportunidades para África. Este novo impulso na política externa brasileira poderá ajudar a definir o tom das relações Brasil-África para o futuro próximo.
O que achas desta aproximação de Lula da Silva a África? Será que o Brasil, finalmente, vai ser o parceiro económico que África merece? Queremos saber a tua opinião, não hesites em comentar e se gostaste do artigo partilha e dá um “like/gosto”.
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Imagem: © Marcelo Camargo
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