Ilha de Moçambique dá nova vida ao plástico.
A ilha de Moçambique, local onde nasceu a primeira capital do país, há cerca de 200 anos, encontra-se ameaçada pela poluição causada pelos plásticos que ameaçam as espécies locais e os oceanos já sob pressão devido às alterações climáticas.
A poluição causada pelos plásticos é um problema em toda a região, incluindo a Ilha de Moçambique. A economia local depende da pesca e dos recursos marinhos, pelo que se encontra ameaçada devido a este “estado de sitio” onde o plástico abunda e a vida definha.
A solução
Uma oficina de reciclagem quer mudar o rumo da história da poluição. Implementada pela ONG portuguesa Oikos em parceria com a URB-África/UCCLA, a oficina limpa e separa os plásticos para produzir peças novas. Jovens da Ilha aperfeiçoam o processo e procuram compradores para tornar a oficina autossustentável.
“Aqui limpamos, separamos os plásticos e tentamos produzir novas peças”, explica José Júnior, responsável pelo projeto de reciclagem.
É um processo que “vai levar tempo”, mas José Júnior acredita que se a solução nascer na comunidade, será mais fácil “mobilizar a população para uma ação cívica” em que o lixo deixa de ir para o chão e passa a ser reciclado “sem ser uma ameaça para os oceanos”.
A palavra espalha-se e faz com que crianças apareçam na oficina com um punhado de plásticos para vender: hoje foi Momade Mularanja, um dos operadores de reciclagem, a avaliar os resíduos e a entregar 20 meticais (pouco menos de 50 cêntimos de euro) ao grupo que as foi entregar.
“Há muita coisa de plástico ali no mercado. Embalagens de massa, açúcar, bolachas”.
“Mas o plástico pode ser valorizado se for retirado do meio-ambiente e reciclado”.
“E esta participação, é sinal de que a população se está a apropriar da ideia”.
Refere, Berta Eusébio, técnica de salubridade do município da Ilha de Moçambique.
Do lixo para a “mesa”
A recolha de plástico em Moçambique é uma atividade dominada maioritariamente por jovens e mulheres e é a base de rendimento de muitas famílias, principalmente as que vivem nos arredores das lixeiras. A lixeira de Hulene recebe diariamente cerca de 1.000 toneladas de resíduos, dos quais aproximadamente 120 a 160 toneladas são de plástico, e muitas famílias têm a sua base de sustento lá.
Raúl Nato ocupa uma das ruas de areia com uma montanha de plásticos, lixo que compra para revender, auxiliado por um pequeno exército de crianças e jovens que revira e ordena cada pedaço. Daquela e de outras comunidades, encaminha tudo para Nampula, a capital provincial, a 200 quilómetros, onde unidades industriais reciclam os resíduos para fabricar novos utensílios.
José Júnior acredita que se a solução para a poluição por plástico nascer na comunidade, será mais fácil “mobilizar a população para uma ação cívica” em que o lixo deixa de ir para o chão e passa a ser reciclado “sem ser uma ameaça para os oceanos”.
A Oikos propõe alternativas de rendimento, como pequenos negócios de preparação de comida, e ambiciona implantar outros projetos, como o mel de mangal, com colmeias produzidas e instaladas pela comunidade.
Menos plástico, mais peixe, é a fórmula em que José Júnior acredita para dar um novo fôlego saudável à Ilha de Moçambique, cuja economia local está centrada na pesca e recursos marinhos, mas que enfrenta a ameaça dos plásticos para as espécies e para os oceanos já sob pressão devido às alterações climáticas.
Conclusão
A reciclagem permite-nos reutilizar os mesmos produtos por um determinado número de vezes, diminuindo assim o impacto no nosso meio ambiente, convertendo a matéria-prima e reciclada em produtos que podem ser usados em casa e mesmo noutras indústrias.
Este projecto pioneiro em marcha na Ilha de Moçambique, poderá ser “reciclado” e transposto para outros locais que passem pelo mesmo problema. No entanto, como todos os projectos no seu inicio, o seu futuro é incerto, só o tempo e a população ditarão se esta nova fórmula resultará.
O que achas deste projecto? Acreditas que se conseguirá despoluir a Ilha de Moçambique? Queremos saber a tua opinião, não hesites em comentar e se gostaste do artigo partilha e dá um “like/gosto”.
Imagem: © Luís Fonseca