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Quinta-feira, Outubro 3, 2024

África do Sul Ganha 4ª Taça do Mundo de Rugby

Os Springboks entraram no torneio como grandes favoritos e, possivelmente, enfrentaram o caminho mais difícil até à final histórica do torneio.

África do Sul Ganha 4ª Taça do Mundo de Rugby.

A África do Sul fez história ao conquistar a sua quarta Taça do Mundo de Rugby, numa emocionante final contra a Nova Zelândia e, ao tornar-se o primeiro pais no mundo a conquistar tal feito. Esta vitória não é apenas um triunfo desportivo, mas também um símbolo de unidade num país que enfrenta desafios sociais e económicos significativos.

Os Springboks, a selecção da África do Sul, liderados pelo capitão Siya Kolisi, destacaram-se como heróis nacionais, inspirando toda a nação. Neste artigo, vamos analisar a conquista da África do Sul, os momentos emocionantes da final e o impacto deste feito no país.

 

A Vitória Épica da África do Sul

A Vitória Épica da África do Sul ao vencer a quarta Taça do Mundo de Rugby, ao derrotar a Nova Zelândia na emocionante final disputada no Stade de France, perto de Paris, a 28 de Outubro de 2023, foi um triunfo histórico que solidificou o estatuto da África do Sul como uma potência no mundo do rugby e marcou a primeira vez que uma equipa masculina conquistou este prestigioso troféu pela quatro vezes.

A partida final foi um confronto épico que culminou em momentos de intensa emoção e drama. Com apenas sete segundos restantes no relógio e o placar a favor dos Springboks por uma margem mínima, um alinhamento crucial determinou o destino da Taça do Mundo de Rugby.

Os olhos do mundo estavam fixos no confronto entre as linhas de avançados, e a África do Sul emergiu vitoriosa, garantindo que manteriam a posse da bola e encerrando uma final emocionante e renhida.

A rivalidade entre as equipas da África do Sul e da Nova Zelândia é lendária no mundo do rugby, e esta final representou apenas o segundo encontro entre elas numa final de Taça do Mundo. O primeiro embate, em 1995, tornou-se tão icónico que foi imortalizado no cinema, com destaque para a participação do lendário jogador Jonah Lomu.

Naquela ocasião, Joel Stransky marcou o golo da vitória no prolongamento, e o então presidente sul-africano, Nelson Mandela, usava com orgulho a camisola e o boné dos Springboks. Este confronto emblemático permaneceu insuperável até a final de 2023.

 

Os Favoritos

Surpreendentemente, esta foi a primeira final em que ambas as equipas perderam um jogo na fase de grupos. Os All Blacks sofreram uma derrota contra a França, enquanto os Springboks foram surpreendidos pela Irlanda.

Os resultados inesperados agitaram o Stade de France e mantiveram o público em suspense. No entanto, as equipas se recuperaram, superando todos os obstáculos para chegar à final.

Os Springboks entraram no torneio como grandes favoritos e, possivelmente, enfrentaram o caminho mais difícil até à final histórica do torneio. Além dos desafios apresentados pela Irlanda, tiveram de enfrentar a Escócia e Tonga na fase de grupos, antes de vencerem com margem mínima contra a França e Inglaterra na fase eliminatória.

A final marcou o quinto jogo duro em cinco semanas para os Springboks. Talvez por isso, optaram por uma distribuição invulgar no banco, com sete avançados e um defesa. Essa estratégia provou ser eficaz, especialmente porque a utilizaram pela primeira vez contra os All Blacks antes do torneio, derrotando-os de forma convincente por 35-7.

Durante a final, Handre Pollard brilhou com quatro penalidades, proporcionando uma vantagem de 12-6 aos Springboks ao intervalo. No entanto, na segunda metade do jogo, eles não conseguiram marcar pontos, enquanto os All Blacks lançaram ataques incansáveis em busca de outro ensaio. Beauden Barrett deu esperanças à Nova Zelândia, mas a defesa sólida da África do Sul prevaleceu.

Após o apito final no Stade de France, uma estatística se destacou: os Springboks realizaram impressionantes 209 placagens, com uma taxa de sucesso de 81%. Além disso, eles conquistaram sete recuperações de bola, enquanto a Nova Zelândia conseguiu apenas uma.

 

O Impacto da Vitória na África do Sul

A vitória dos Springboks na Taça do Mundo foi celebrada com grande entusiasmo em toda a África do Sul. Os adeptos de rugby saíram às ruas em cidades como Cidade do Cabo, Joanesburgo e Bloemfontein, dançando, gritando e comemorando o triunfo.

A vitória não era apenas sobre o rugby; era uma fonte de união em um país que enfrenta desafios significativos, incluindo uma crise energética, alta taxa de criminalidade, desemprego e desigualdades financeiras.

Handre Pollard, o médio de abertura, foi o herói do dia, marcando todos os pontos da equipa. Sua atuação exemplar ajudou os Springboks a repetir o sucesso de 1995 contra a Nova Zelândia, negando aos All Blacks a oportunidade de conquistar seu quarto título na Taça do Mundo.

Siya Kolisi, o capitão dos Springboks, expressou o significado profundo dessa vitória para a nação. Ele enfatizou que esta conquista ia além do jogo e representava uma fonte de esperança para o país. O Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, juntou-se a Kolisi para elevar a Taça Webb Ellis no Stade de France, destacando o poder transformador do desporto.

 

O Legado

A vitória dos Springboks demonstrou a força da equipa, que enfrentou adversidades e desafios ao longo do torneio. Pieter-Steph du Toit, um dos jogadores-chave na final, reconheceu o gosto do grupo pelo drama e como isso fortaleceu a equipa.

Embora a conquista da Taça do Mundo tenha sido um triunfo desportivo, espera-se que ela tenha um impacto duradouro na África do Sul, inspirando mudanças significativas. O porta-voz do parlamento sul-africano, Moloto Mothapo, enfatizou o poder do desporto em unir uma nação diversificada e revigorar a esperança.

A receção dos campeões mundiais na África do Sul promete ser uma celebração fervorosa. A nação aguarda com expectativa que o legado desta vitória continue a inspirar e unir o país muito além deste torneio histórico. A próxima Taça do Mundo de Rugby está programada para 2027, na Austrália, e a África do Sul estará ansiosa para continuar o seu percurso no mundo do rugby como campeã.

 

Rugby em África, Não é só na África do Sul

O rugby em África é frequentemente associado à África do Sul, casa dos Springboks, uma das nações mais proeminentes deste desporto. No entanto, África tem muito mais a oferecer ao mundo do rugby.

Em Março de 2023, Herbert Mensah, originário do Gana, foi eleito como o primeiro presidente anglófono da Rugby Africa. Mensah é um empresário com experiência no Reino Unido, especialmente na indústria das telecomunicações.

O seu discurso carismático e as suas fortes ligações locais estão a revigorar o interesse e o desenvolvimento do rugby no Gana e além. Ele é considerado um líder visionário que poderá levar a Rugby Africa a novos patamares.

Mensah, desde que assumiu o cargo, tem começado a colher os frutos do seu plano. Aos 63 anos, ele está a resolver problemas de orientação nos Camarões e a pressionar por mais apoio governamental ao rugby nas escolas e à criação de torneios regionais e infraestruturas em países como o Zimbabwe, Quénia e o Marrocos.

Uma das metas de Mensah é mudar a perceção do rugby em África. Ele enfatiza que o rugby é um grande negócio no continente e já ganhou o apoio de vários líderes do rugby em todo o continente.

Mas o maior problema continua a ser o financiamento. O financiamento dado pelo organismo mundial do rugby é insuficiente. Enquanto cada nação europeia de rugby recebe cerca de 5 milhões de dólares para promover o desporto, África recebe apenas 2 milhões de dólares, a dividir entre os 36 países em que ele é praticado.

Esta disparidade levou Mensah a lutar por uma distribuição mais equitativa dos fundos e a afirmar que o actual sistema financeiro não favorece África.

 

Os Outros Países

Países como o Botswana tinham feito progressos notáveis antes da pandemia, treinando quase 100 professores por ano em rugby e expandindo o número de escolas que oferecem o desporto. Infelizmente, a pandemia paralisou o desporto no país por dois anos, dificultando o progresso alcançado.

O Quénia, que já foi um adversário de destaque no rugby de Sete (com sete jogadores por equipa), luta agora para recuperar o seu lugar no panorama internacional do rugby.

Sasha Mutai, presidente do Rugby do Quénia, está a desenvolver planos para criar uma liga profissional de rugby composta por seis equipas apoiadas por investidores privados. Ele acredita que o talento existe e precisa ser devidamente explorado.

Uma das complexidades da Rugby Africa é a gestão de diferentes culturas no continente, especialmente as culturas anglófonas e francófonas. Alguns argumentam que as nações anglófonas têm uma vantagem sobre as suas contrapartes francófonas devido à influência histórica e ao desenvolvimento do rugby na região, enquanto nos países dos PALOP nem sequer é visto como opção.

Para avançar, a Rugby Africa terá de superar as divisões culturais e trabalhar para desenvolver o rugby em todo o continente, independentemente da língua ou herança cultural.

Mensah tem uma visão ambiciosa para o rugby africano, planeando usar a espetacular beleza natural do continente como cenário para um circuito de rugby. Este circuito poderia percorrer locais como a Maurícia, o Quénia, Kampala, as Cataratas Vitória e Cape Town, proporcionando uma combinação única de desporto e turismo.

A visão de Mensah pode ser grandiosa, e os desafios são significativos, desde o financiamento até às diferenças culturais. No entanto, a paixão e dedicação dos envolvidos no rugby africano mostram que estão determinados a superar as adversidades e fazer do rugby um motor de unidade e desenvolvimento em todo o continente.

O rugby em África é mais do que os Springboks e está pronto para deixar a sua marca no panorama internacional do desporto, promovendo os valores e a união que esta modalidade representa.

 

Conclusão

A vitória da África do Sul na Taça do Mundo de Rugby em 2023 representa não apenas um triunfo desportivo, mas também um exemplo poderoso de como a modalidade pode unir nações e inspirar esperança, mesmo em tempos de desafio.

O rugby em África, não é só a África do Sul e, tem um futuro brilhante pela frente, com líderes visionários como Herbert Mensah a trabalhar arduamente para expandir a modalidade e tornando-a acessível a todos.

À medida que o rugby continua a crescer no continente africano, ele não apenas promove valores como o trabalho em equipe e a determinação, mas também mostrará ao mundo a beleza e a diversidade de África.

 

O que achas desta vitória inédita da África do Sul? Queremos saber a tua opinião, não hesites em comentar e se gostaste do artigo partilha e dá um “like/gosto”.

 

Imagem: © 2023 DR 
Francisco Lopes-Santos
Francisco Lopes-Santos

Atleta olímpico, tem um Doutoramento em Antropologia da Arte e dois Mestrados um em Treino de Alto Rendimento e outro em Belas Artes. Escritor prolifero, já publicou vários livros de Poesia e de Ficção, além de vários ensaios e artigos científicos.

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Francisco Lopes-Santos
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