Mulheres trocam sexo por água potável.
Num mundo em que o sexo sempre foi uma moeda de troca, a perversidade chega ao limite devido à falta de água. No Quénia, as mulheres são obrigadas a pagar a água potável com práticas sexuais.
Falta de água em Nairóbi
Nos bairros sociais de Nairóbi, a falta de acesso à água potável está a colocar em risco a segurança de mulheres e raparigas. O Governo e a sociedade civil estão preocupados com o que se está a passar.
Uma mulher a viver há mais de dez anos em Kibera, o maior bairro social de Nairóbi, a capital do Quénia, contou que a sua filha de 16 anos foi uma das muitas vítimas deste novo tipo de extorsão sexual.
“A maioria das nossas crianças é aliciada a trocar sexo por água”, denunciou uma mãe com duas filhas.
Nos bairros sociais da capital do Quénia, onde o acesso a água potável não existe, as famílias são obrigadas a comprar a água a vendedores privados. O trabalho de obter água é geralmente da responsabilidade das mulheres que, muitas vezes sem recursos, veem-se obrigadas a “trocar sexo por água”.
“É uma tendência comum na nossa zona”.
Disse uma mulher de um dos bairros sociais, acrescentando que os agressores tiram fotografias e vídeos do ato sexual para depois intimidarem as vítimas.
“Ameaçam as crianças que, se não continuarem a ter relações sexuais com eles, publicarão os vídeos”.
Autoridades reconhecem problema
Segundo Vincent Ouma, da Rede de Água e Saneamento do Quénia, uma iniciativa da sociedade civil, pelo menos 9% das jovens que vivem em bairros sociais são vítimas deste tipo de abuso sexual.
“No entanto, dentro da comunidade e da própria sociedade reina o silêncio sobre este tema, por causa da vergonha e da culpa associada aos abusos”.
“Não falamos sobre eles, não admitimos que é um problema, mas é”, disse Ouma.
O Governo queniano garante, no entanto, que já identificou o problema. Segundo Beatrice Inyangala, secretária de Estado do Ensino Superior e Investigação, as comunidades mais pobres são as que mais sofrem.
“Esta vertente do acesso à água é muitas vezes esquecida”.
“Uma investigação revelou que a extorsão sexual existe nos bairros de lata, onde as jovens acabam, por vezes, por ceder para conseguir a água, algo que é um direito humano básico”.
Apesar da Constituição do Quénia assegurar o direito ao acesso a água potável e ao saneamento básico, o problema continua a alastrar-se. A Rede de Água e Saneamento lançou recentemente uma campanha para pôr fim aos abusos, enquanto o Governo promete acabar com estes crimes hediondos.
A água em África
Ao longo da história, os grandes rios africanos e as suas águas sempre atraíram a atenção de vários exploradores, historiadores, escritores, cientistas, artistas e mercenários, entre outros.
Rios como o Nilo, o Congo ou o Volta despertaram vários interesses políticos e económicos. Por outro lado, nas últimas décadas vários cientistas, mas também a comunicação social, têm dado uma ênfase especial às questões da disponibilidade e acesso a recursos hídricos em África.
Fala-se de uma crescente “escassez hídrica” no continente e das suas potenciais consequências económicas, sociais e políticas, nomeadamente o aumento do potencial para conflitos entre países e/ou grupos sociais.
Vários factores têm contribuído para este alarmismo: crescimento populacional galopante, o aumento da procura dos recursos hídricos, crescente desertificação e diminuição dos níveis de precipitação em certas regiões.
Em geral, o continente africano pode ser considerado como uma região com vastos recursos hídricos. O continente conta com cerca de 325 bacias e sub-bacias hidrográficas que se encontram maioritariamente na África Subsaariana. Sessenta dessas bacias hidrográficas (rios e lagos) são transfronteiriças e ocupam 62% do território africano.
No entanto, a distribuição geográfica dos recursos mostra que nem todas as regiões do continente africano podem ser consideradas ricas em recursos hídricos.
Os desertos africanos
O continente africano é também marcado por áreas desérticas e semidesérticas. Na região norte do continente africano encontramos o deserto do Saara, o maior deserto do mundo, e imediatamente abaixo o Sahel, uma região semiárida que estabelece a fronteira entre as duas regiões ecológicas (desértica a norte e savana a sul).
Outras regiões semidesérticas estão localizadas na África Oriental e África Austral. A disponibilidade de recursos hídricos nestas regiões é limitada.
Em termos absolutos considera-se que o continente africano é rico em recursos hídricos, mas dada a grande densidade populacional em muitos países africanos, a disponibilidade de água per capita é problemática.
Muitos países africanos encontram-se já em situações de vulnerabilidade, stress ou escassez hídrica, e que a situação tenderá a agravar-se nas próximas duas décadas devido a elevadas taxas de crescimento populacional.
Conclusão
E previsível que uma combinação de acelerado crescimento populacional, degradação ecológica e redução das disponibilidades hídricas em África venha a conduzir a “guerras de água”, como muito se tem especulado nas últimas décadas.
Há quem fundamente que conflitos armados entre Estados, por causa de água, possam vir a surgir nas próximas décadas. Este problema de troca de sexo por água, a ocorrer presentemente no Quénia, é um prenuncio disso mesmo.
No entanto, temos que nos manter optimistas pois a “crise da água” pode ser ultrapassada e os conflitos hídricos podem ser prevenidos ou resolvidos se as autoridades nacionais, locais e internacionais se empenharem em práticas de “boa governança hídrica”.
É com esse objectivo que vai decorrer em Cabo Verde, na cidade da Praia o II Fórum Internacional WASAG sob o lema “Tornar a agricultura resiliente para as mudanças climáticas, escassez de água, uma oportunidade para ação e colaboração”,
Perto de três centenas de especialistas internacionais, estarão no fórum, a discutir este grave problema, na esperança de uma solução futura.
O que achas desta crise? Algum dia pensaste que alguém iria trocar sexo por água? Queremos saber a tua opinião, não hesites em comentar e se gostaste do artigo partilha e dá um “like/gosto”.
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Imagem: © 2010 Slum Dwellers International