Moçambique e Qatar Assinam Acordo De 20 Biliões
O Governo de Moçambique e a Al Mansour Holding, um conglomerado sediado no Qatar, assinaram em Maputo um acordo de cooperação estratégica avaliado em 20 Biliões de dólares (17,1 mil milhões de euros). O acordo é visto como um marco estratégico e abrange sectores fundamentais como a agricultura, a energia, infra-estruturas básicas, a saúde, a educação e o turismo.
A cerimónia de assinatura decorreu em Maputo, na presença do Presidente da República de Moçambique, Daniel Francisco Chapo e do Sheikh Mansour Bin Jabor Bin Jassim Al Thani, membro da família governante do Qatar e representante da Al Mansour Holding. Do lado moçambicano, o documento foi rubricado pelo coordenador executivo do Gabinete de Reformas e Projectos Estratégicos, João Osvaldo Machatine.
A sua dimensão — em termos financeiros, sociais e políticos — posiciona Moçambique como um ponto de convergência entre África e o Médio Oriente, reforçando a ligação histórica entre as duas regiões. O montante envolvido destaca-se pela sua dimensão e pelo seu alcance estratégico.
O investimento será distribuído por sectores estruturantes, incluindo agricultura, pecuária, pescas, petróleo, gás natural energias renováveis, construção de estradas e caminhos-de-ferro, além da criação de centros logísticos. Mas vai mais longe, abrangendo também a edificação de habitações sociais escolas, unidades hospitalares, hotéis, resorts e projectos costeiros sustentáveis.
Mais do que um contracto financeiro, o acordo é visto como um compromisso de longo prazo, ancorado numa visão de parceria assente na complementaridade e no desenvolvimento sustentável.
Ao destacar a juventude como prioridade central, os signatários apresentam a cooperação como um investimento social profundo, destinado a criar empregos hoje e esperança para o futuro.
Cooperação Estratégica
A cerimónia foi marcada por discursos que reforçaram o espírito de unidade e de partilha. O Sheikh Mansour sublinhou que Moçambique atravessa um momento crucial da sua história em que a visão, a coragem e a cooperação podem transformar desafios em oportunidades.
“Agora vamos agir. Vamos enfrentar este momento com coragem, visão e unidade”.
“Vamos construir escolas e hospitais, indústrias e infra-estruturas”.
“Vamos dar poder à juventude, elevar as comunidades e trazer prosperidade duradoura a todos os cantos de Moçambique”, declarou.
O discurso não se limitou ao plano económico. Ao insistir na ideia de uma única comunidade, o representante do Qatar procurou reforçar que esta cooperação transcende interesses materiais, apresentando-se como um compromisso colectivo para moldar um futuro, em que a inovação impulsiona o progresso e onde cada cidadão desempenha um papel na construção de sociedades mais fortes.
Sectores-Chave
O acordo foi rubricado em nome do Estado moçambicano por João Osvaldo Machatine, Coordenador Executivo do Gabinete de Reformas e Projectos Estratégicos e pelo Sheikh Mansour em nome da Al Mansour Holding. A abrangência do investimento mostra que o objectivo é estrutural e não meramente conjuntural.
Entre os sectores destacados estão:
- Agricultura, pecuária e pescas: áreas fundamentais para garantir a segurança alimentar e a exportação de excedentes.
- Energia e recursos naturais: incluindo petróleo, gás e energias renováveis, sectores que podem colocar Moçambique como uma referência regional na transição energética.
- Infra-estruturas: estradas, caminhos-de-ferro e centros logísticos, considerados vitais para ligar regiões, melhorar o escoamento da produção e atrair mais investimento estrangeiro.
- Saúde e educação: construção de escolas, universidades e unidades hospitalares que respondam às carências sociais e projectem maior qualidade de vida.
- Turismo e habitação: hotéis, resorts e habitações sociais, reforçando tanto a vertente económica como a componente social.
A estratégia está orientada para projectos de longo prazo que deixem benefícios visíveis e duradouros para a população.
A Juventude é Importante
Na sua intervenção, o Sheikh Mansour sublinhou que a parceria não deve ser entendida apenas como uma relação económica, mas como um compromisso estratégico de longo prazo.
“As nossas duas regiões estão unidas pela história, pela cultura e pela fé”.
“Mas hoje, mais do que nunca estamos unidos por um destino comum”,
“Transformar a riqueza natural das nossas terras e os talentos do nosso povo em motores de desenvolvimento que perdurarão por gerações”, disse.
O Sheikh Mansour destacou ainda que o acordo não se resume a negócios entre Estados ou empresas, é um investimento directo nas pessoas, sobretudo nos jovens. Para o dirigente do Qatar, os projectos previstos vão permitir que a juventude moçambicana tenha acesso a formação profissional educação de qualidade e empregos dignos.
“Estamos empenhados em apoiar o desenvolvimento sustentável através de iniciativas que reforcem as comunidades”.
“Iniciativas que criem empregos significativos e proporcionem aos jovens oportunidades de educação, formação profissional e emprego”.
“O desenvolvimento é a mais forte garantia de prosperidade duradoura e juntos iremos construí-lo”, afirmou.
A visão transmitida é de que o capital humano é o verdadeiro motor do progresso. Ao reforçar esta ideia, Mansour vincou que não se trata apenas de erguer infra-estruturas, mas de consolidar bases sociais que sustentem o desenvolvimento sustentável.
Apelo à Unidade
Durante a cerimónia, o Sheikh Mansour dirigiu palavras de apreço ao Presidente Daniel Chapo, reconhecendo a sua liderança na condução de Moçambique rumo à estabilidade, crescimento e progresso. Considerou que a dedicação do Chefe de Estado inspira confiança e demonstra que um país unido em torno do seu povo pode alcançar grandes feitos.
“Não estamos aqui para competir, estamos aqui para complementar”.
“Não estamos aqui para retirar, estamos aqui para construir”.
“Não estamos aqui apenas para hoje, estamos aqui para as gerações vindouras”, frisou o Sheikh Mansour.
O acordo assinado tem a ambição de deixar um legado para as futuras gerações ao abordar directamente questões como o emprego jovem, a diversificação económica e a expansão dos serviços sociais. O pacto entre Moçambique e o Qatar vai além da lógica do investimento financeiro, está empenhado na mobilização conjunta para a concretização dos projectos:
“Juntos, África e o Médio Oriente podem tornar-se um farol de desenvolvimento, um modelo de unidade e uma promessa para o mundo”.
“Quando estamos unidos, nenhum desafio é demasiado grande, nenhum horizonte é demasiado distante e nenhum sonho é inalcançável”.
Concluiu o Sheikh Mansour.
Conclusão
O acordo estratégico entre Moçambique e Qatar marca um ponto de viragem na história recente do país. Para além do volume financeiro inédito, representa uma visão de desenvolvimento integrada que procura conciliar crescimento económico, inclusão social e sustentabilidade ambiental.
Moçambique encontra-se, de facto, perante uma oportunidade rara: transformar o potencial em progresso real, ligando-se a parceiros internacionais que demonstram interesse em construir em vez de apenas explorar. O futuro dependerá da execução prática destes compromissos e da capacidade do Estado moçambicano de garantir transparência eficiência e equidade na implementação dos projectos.
Se cumpridas as promessas este acordo poderá tornar-se um exemplo de cooperação estratégica entre África e Médio Oriente, mostrando que alianças bem estruturadas são capazes de redefinir destinos nacionais e regionais. Mais do que um investimento, trata-se de um pacto de confiança que pode marcar um novo capítulo na história do país.
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Imagem: © 2025 Presidência da República de Moçambique
