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Sábado, Fevereiro 8, 2025

Moçambique: Rio Limpopo Isola 22 Mil Pessoas

Cerca de 22 mil pessoas estão sitiadas no distrito de Chibuto, em Gaza, sul de Moçambique, devido ao transbordo do rio Limpopo, informou hoje o administrador local.

Moçambique: Rio Limpopo Isola 22 Mil Pessoas


Moçambique enfrenta uma situação crítica no distrito de Chibuto, província de Gaza, onde cerca de 22 mil pessoas se encontram isoladas, devido à subida do caudal do rio Limpopo, provocada pelas intensas chuvas que assolam a região.

Segundo as autoridades locais, estas pessoas estão em locais seguros, mas impedidas de se deslocarem para realizar actividades diárias, como o acesso à cidade para obterem bens essenciais. Este panorama agrava-se com as descargas feitas pelas barragens em países vizinhos como a África do Sul e o Zimbabwe que contribuíram para o transbordo do rio.

Apesar da gravidade da situação, o delegado do Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD), Teixeira Almeida, assegurou que as famílias estão em segurança e que o nível das águas poderá diminuir, dentro de três dias, aproximadamente.


Zonas Afectadas


O administrador do distrito de Chibuto, em Moçambique, Sérgio Moiane, revelou que o nível das águas aumentou de forma significativa, deixando as vias de acesso totalmente interrompidas.

“Estamos a falar de cerca de 22 mil pessoas que estão sitiadas”.

“Essas pessoas estão em lugares seguros, mas não podem atravessar para vir à cidade fazer as suas actividades”.

“Não podem deslocar-se porque as vias estão interrompidas por causa da água e também porque o nível do caudal [do rio Limpopo] subiu”, afirmou Sérgio Moiane.

A subida do rio Limpopo além de ter isolado milhares de pessoas, também destruiu extensas áreas de cultivo, ameaçando a segurança alimentar da região. Segundo os dados mais recentes, o número de hectares inundados encontra-se em 58 mil, com tendência para subir, o que causa um impacto directo às comunidades dependentes da agricultura como principal fonte de rendimento.


Perdas Agrícolas


Mais de 12 mil famílias perderam quase tudo nas machambas naquele distrito de Moçambique, mas também em Guijá e Chibuto.

“Estamos com medo e optamos por sair das nossas residências porque já estão a ficar inundadas”, conta uma das vítimas.

Os campos de milho, tomate e outros produtos agrícolas foram completamente “engolidos” pelas águas, deixando muitas famílias sem alternativa. Lucas Marindze, um agricultor da região baixa de Chinhacanine, lamentou as perdas avultadas:

“Quando vejo as culturas inundadas, o meu coração fica angustiado”.

“Perdi cerca de 10 hectares de milho, tomate, alface e couve”.

Mariana Matusse, outra produtora agrícola, explicou que investiu na esperança de abastecer o celeiro devastado pela estiagem, na época agrícola passada e que tudo apontava para uma boa colheita, mas perdeu igualmente toda a colheita e enfrenta agora uma dura realidade.

“Perdi cerca de 10 hectares. Como serão os próximos dias?”

“Não sei, porque não temos muitas alternativas”.

“As crianças estão a passar fome, porque estamos há uma semana sem refeições”, partilhou.

Além das perdas agrícolas, as inundações também interromperam as vias de acesso em vários distritos, nomeadamente Guijá, Chicualacuala, Chókwe, Mapai e Limpopo. Em resposta, o INGD alocou embarcações para operações de resgate e transporte de bens essenciais às comunidades afectadas.

O porta-voz do INGD, Bonifácio Cardoso, afirmou ainda que a avaliação dos danos está em curso para determinar as medidas necessárias de apoio às populações.


Riscos das Inundações


A época das chuvas em Moçambique que ocorre entre Outubro e Abril, tem sido marcada por eventos extremos, como os ciclones Chido e Dikeledi que afectaram o Norte do país.

A 13 de Janeiro, o ciclone tropical severo Dikeledi atingiu Moçambique causando pelo menos 11 mortos e afectando outras 250 mil pessoas, segundo o mais recente balanço oficial das autoridades moçambicanas. O ciclone Chido, que atingiu Moçambique a 14 de Dezembro de 2024, também causou a morte de pelo menos 120 pessoas e afectou outras 450 mil.

Moçambique é considerado um dos países mais severamente afectados pelas alterações climáticas no mundo, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época das chuvas.

No caso das recentes inundações, a Administração Regional de Águas do Sul (ARA-Sul) alertou que as estações hidrométricas em Combomune, Sicacate e Chókwe continuam a registar níveis de alerta, com tendência de agravamento.

Além das chuvas torrenciais que caem sobre Moçambique, as descargas das barragens da África do Sul e do Zimbabwe, contribuíram para o agravamento da situação. Estas descargas foram necessárias para evitar rupturas nas infra-estruturas hídricas daqueles países, mas acabaram por intensificar os efeitos das cheias em Moçambique.

Entretanto, o delegado do INGD, Teixeira Almeida, afirmou que o rápido escoamento das águas é um factor positivo:

“O nível de escoamento é rápido porque os lençóis ainda não estão saturados, só a próxima situação é que poderá ser grave, é o que tememos”.

Tendo isso em conta, as autoridades mantêm-se vigilantes e preparadas para responder a eventuais emergências.


Conclusão


As inundações no distrito de Chibuto, provocadas pela subida do rio Limpopo, representam mais um episódio no ciclo de desastres naturais que aflige Moçambique, um dos países mais vulneráveis às alterações climáticas.

Com 22 mil pessoas isoladas, vastas áreas agrícolas devastadas e vias de acesso interrompidas, a recuperação destas comunidades dependerá de uma actuação coordenada e eficaz das autoridades.

O apoio às famílias afectadas, a disponibilização de embarcações e a vigilância contínua da situação, são passos essenciais para minimizar o impacto das cheias. No entanto, é urgente investir em infra-estruturas mais resilientes e adoptar estratégias de mitigação para enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas.

 


Moçambique devia ser compensado pela comunidade internacional por causa da crise climática? O que pensas disso? Queremos saber a tua opinião, não hesites em comentar e se gostaste do artigo partilha e dá um “like/gosto”.

 

Imagem: © 2025 DR
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