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ToggleMoçambique: Rio Limpopo Isola 22 Mil Pessoas
Moçambique enfrenta uma situação crítica no distrito de Chibuto, província de Gaza, onde cerca de 22 mil pessoas se encontram isoladas, devido à subida do caudal do rio Limpopo, provocada pelas intensas chuvas que assolam a região.
Segundo as autoridades locais, estas pessoas estão em locais seguros, mas impedidas de se deslocarem para realizar actividades diárias, como o acesso à cidade para obterem bens essenciais. Este panorama agrava-se com as descargas feitas pelas barragens em países vizinhos como a África do Sul e o Zimbabwe que contribuíram para o transbordo do rio.
Apesar da gravidade da situação, o delegado do Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD), Teixeira Almeida, assegurou que as famílias estão em segurança e que o nível das águas poderá diminuir, dentro de três dias, aproximadamente.
Zonas Afectadas
“Estamos a falar de cerca de 22 mil pessoas que estão sitiadas”.
“Essas pessoas estão em lugares seguros, mas não podem atravessar para vir à cidade fazer as suas actividades”.
“Não podem deslocar-se porque as vias estão interrompidas por causa da água e também porque o nível do caudal [do rio Limpopo] subiu”, afirmou Sérgio Moiane.
A subida do rio Limpopo além de ter isolado milhares de pessoas, também destruiu extensas áreas de cultivo, ameaçando a segurança alimentar da região. Segundo os dados mais recentes, o número de hectares inundados encontra-se em 58 mil, com tendência para subir, o que causa um impacto directo às comunidades dependentes da agricultura como principal fonte de rendimento.
Perdas Agrícolas
“Estamos com medo e optamos por sair das nossas residências porque já estão a ficar inundadas”, conta uma das vítimas.
Os campos de milho, tomate e outros produtos agrícolas foram completamente “engolidos” pelas águas, deixando muitas famílias sem alternativa. Lucas Marindze, um agricultor da região baixa de Chinhacanine, lamentou as perdas avultadas:
“Quando vejo as culturas inundadas, o meu coração fica angustiado”.
“Perdi cerca de 10 hectares de milho, tomate, alface e couve”.
Mariana Matusse, outra produtora agrícola, explicou que investiu na esperança de abastecer o celeiro devastado pela estiagem, na época agrícola passada e que tudo apontava para uma boa colheita, mas perdeu igualmente toda a colheita e enfrenta agora uma dura realidade.
“Perdi cerca de 10 hectares. Como serão os próximos dias?”
“Não sei, porque não temos muitas alternativas”.
“As crianças estão a passar fome, porque estamos há uma semana sem refeições”, partilhou.
Além das perdas agrícolas, as inundações também interromperam as vias de acesso em vários distritos, nomeadamente Guijá, Chicualacuala, Chókwe, Mapai e Limpopo. Em resposta, o INGD alocou embarcações para operações de resgate e transporte de bens essenciais às comunidades afectadas.
O porta-voz do INGD, Bonifácio Cardoso, afirmou ainda que a avaliação dos danos está em curso para determinar as medidas necessárias de apoio às populações.
Riscos das Inundações
A 13 de Janeiro, o ciclone tropical severo Dikeledi atingiu Moçambique causando pelo menos 11 mortos e afectando outras 250 mil pessoas, segundo o mais recente balanço oficial das autoridades moçambicanas. O ciclone Chido, que atingiu Moçambique a 14 de Dezembro de 2024, também causou a morte de pelo menos 120 pessoas e afectou outras 450 mil.
Moçambique é considerado um dos países mais severamente afectados pelas alterações climáticas no mundo, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época das chuvas.
No caso das recentes inundações, a Administração Regional de Águas do Sul (ARA-Sul) alertou que as estações hidrométricas em Combomune, Sicacate e Chókwe continuam a registar níveis de alerta, com tendência de agravamento.
Além das chuvas torrenciais que caem sobre Moçambique, as descargas das barragens da África do Sul e do Zimbabwe, contribuíram para o agravamento da situação. Estas descargas foram necessárias para evitar rupturas nas infra-estruturas hídricas daqueles países, mas acabaram por intensificar os efeitos das cheias em Moçambique.
Entretanto, o delegado do INGD, Teixeira Almeida, afirmou que o rápido escoamento das águas é um factor positivo:
“O nível de escoamento é rápido porque os lençóis ainda não estão saturados, só a próxima situação é que poderá ser grave, é o que tememos”.
Tendo isso em conta, as autoridades mantêm-se vigilantes e preparadas para responder a eventuais emergências.
Conclusão
Com 22 mil pessoas isoladas, vastas áreas agrícolas devastadas e vias de acesso interrompidas, a recuperação destas comunidades dependerá de uma actuação coordenada e eficaz das autoridades.
O apoio às famílias afectadas, a disponibilização de embarcações e a vigilância contínua da situação, são passos essenciais para minimizar o impacto das cheias. No entanto, é urgente investir em infra-estruturas mais resilientes e adoptar estratégias de mitigação para enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas.
Moçambique devia ser compensado pela comunidade internacional por causa da crise climática? O que pensas disso? Queremos saber a tua opinião, não hesites em comentar e se gostaste do artigo partilha e dá um “like/gosto”.
Imagem: © 2025 DR