Bilionário doa empresa para combater crise climática.
Dando um novo exemplo de liderança corporativa ambiental, Yvon Chouinard, o proprietário bilionário da Patagónia, uma empresa que vende roupa desportiva, anunciou que todos os lucros irão reverter para um fundo com o objectivo único de salvar o planeta e combater a devastação climática.
“A partir de agora, a Terra é o nosso único acionista”, anunciou.
A decisão polémica
O fundador da Patagónia, Yvon Chouinard, que transformou a sua paixão pela escalada em uma das marcas de roupas desportivas mais bem-sucedidas do mundo, entregou a empresa a uma organização, sem fins lucrativos e estruturada de forma única, projetada para usar todos os lucros no objectivo de salvar o planeta.
“Todos os lucros, em perpetuidade, irão para a nossa missão de salvar o nosso planeta natal”. Afirmou.
Chouinard, de 83 anos, trabalhou com a sua esposa e os dois filhos e também com uma equipe de advogados da empresa, para criar uma estrutura que permitirá à Patagónia continuar a operar como uma empresa com fins lucrativos, mas cujos lucros serão destinados exclusivamente a esforços de preservação e recuperação ambientais.
“Se tivermos alguma esperança de um planeta próspero – muito menos um negócio próspero – daqui a 50 anos, será necessário que todos façamos o que pudermos com os recursos que temos”.
“Esta é mais uma forma que encontramos de fazer a nossa parte”.
Afirmou Chouinard em um comunicado da empresa.
Os membros família de Chouinard doaram todas as suas ações e toda a autoridade de tomada de decisão para um fundo, que supervisionará a missão e os valores da empresa.
As das ações restantes da empresa, mais as da família, irão para uma organização sem fins lucrativos chamada Holdfast Collective, que passará a deter 100% da empresa e, de acordo com uma declaração da familia:
“Usará cada dólar recebido para combater a crise ambiental, proteger a natureza e a biodiversidade e apoiar comunidades prósperas, o mais rápido possível”.
O funcionamento futuro da empresa
A cada ano, o dinheiro que a Patagónia ganhar, após o reinvestimento no negócio, será distribuído para a organização sem fins lucrativos para ajudar a combater a crise ambiental.
A estrutura, segundo o comunicado, foi pensada para evitar a venda da empresa ou a abertura de capital, o que poderia significar uma mudança nos seus valores.
“Em vez de extrair valor da natureza e transformá-lo em riqueza para os investidores, usaremos a riqueza que a Patagónia cria para proteger a fonte de toda a riqueza”.
“Pode-se dizer que, em vez de ir a público, estamos a ir a um propósito”, disse Chouinard.
“A nova direção da Patagónia foi projetada para dar um exemplo que refuta o antigo axioma do capitalismo de acionistas de que, os objetivos corporativos que não sejam os lucros, apenas confundirão os investidores”.
“Em vez de explorarmos os recursos naturais, para gerar retorno aos acionistas, estamos a virar, o capitalismo dos acionistas, de cabeça para baixo, tornando a Terra o nosso único acionista”.
Escreveu o presidente do conselho da Patagónia, Charles Conn, em um artigo de opinião na revista Fortune.
A Patagónia e o seu fundador
Chouinard e a empresa Patagónia, há muito que são pioneiros em ativismo ambiental e em benefícios adicionais para os funcionários. Nos seus quase 50 anos de funcionamento, a empresa sediada em Ventura, Califórnia, é conhecida pelos amplos benefícios para os funcionários, incluindo creches no local e tardes de folga em bons dias de surf.
Na década de 80, a empresa passou a doar 1% das suas vendas para grupos ambientalistas, programa formalizado em 2001 como o “Esquema 1% para o Planeta”. O programa resultou em US$ 140 milhões em doações para preservação e restauração do ambiente natural, segundo a empresa.
A Patagónia foi uma das primeiras empresas a tornar-se uma b-Corp, submetendo-se à certificação por atender a certos padrões ambientais e sociais e, recentemente, mudou a sua missão para afirmar: Estamos no negócio para salvar o nosso planeta natal.
Chouinard, o famoso empresário excêntrico que começou o seu negócio a fabricar pitons de metal para escalada (ou espigões para enfiar em ranhuras durante a escalada) e viveu na sua carrinha em destinos de escalada por muitos anos, ficou horrorizado por ser visto como um bilionário, segundo disse ele, ao jornal The New York Times.
“Apareci na lista da revista Forbes, como bilionário, o que realmente me irritou”. “Eu não tenho US$ 1 bilião no banco e não conduzo um Lexus”, disse ele.
A família Chouinard está na vanguarda das doações de caridade, filantropia e são especialistas em confiança, disseram ao New York Times.
“Esta família é muito atípica, quando se considera que a maioria dos bilionários, doa apenas uma pequena fração do seu património líquido todos os anos”.
Afirmou David Callahan, fundador do site Inside Philanthropy, ao jornal.
Conclusão
Não nos podemos esconder mais nem negar o que se passa com o planeta. O aquecimento global está a sobrecarregar o clima extremo, a uma velocidade surpreendente e, isso é visível em todo o mundo.
Várias análises e estudos efectuados, inclusive pela ONU, revelaram recentemente como o colapso climático causado pelo homem está a acelerar o clima extremo em todo o planeta.
Há pessoas em todo o mundo que estão a perder as suas vidas ou os seus meios de subsistência devido a ondas de calor cada vez mais mortais e cada vez mais frequentes, inundações, incêndios florestais e secas são cada vez mais habituais no nosso dia a dia devido a esta crise climática.
Mais Afrika, não se mantém isenta nestes assuntos e tem vindo, sempre que possível, expor os problemas da crise climática, mas não só. Ao publicar-mos este artigo, também queremos dar a conhecer aos nossos leitores que, com boa vontade há alternativas e que essas alternativas também passam por nós e pelo nosso comportamento para com o planeta, no nosso dia a dia.
O que achas disto? E o que pensas desta decisão empresarial? Queremos saber a tua opinião, não hesites em comentar e se gostaste do artigo partilha e dá um “like/gosto”.
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