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ToggleRDC: África Exige Cessar-fogo Imediato
A escalada do conflito na República Democrática do Congo (RDC), entre o exército congolês e o grupo rebelde M23, levou os restantes países africanos a exigirem um cessar-fogo imediato e incondicional.
Durante a cimeira conjunta da Comunidade da África Oriental (CAO) e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), realizada na Tanzânia, os líderes africanos apelaram ao fim das hostilidades e à procura de uma solução diplomática para a crise.
A ofensiva do M23 sobre a cidade estratégica de Goma gerou um novo agravamento da violência, levando a um número alarmante de mortos e deslocados. O apelo ao cessar-fogo surge como uma tentativa de travar o avanço da guerra e permitir a assistência humanitária às populações afectadas.
“A cimeira conjunta reafirmou a solidariedade e o compromisso inabalável de continuar a apoiar a RDC nos seus esforços para salvaguardar a sua independência, soberania e integridade territorial”.
Declararam os líderes no comunicado final. Os chefes militares da CAO e da SADC têm agora cinco dias para apresentar um plano técnico para o cessar-fogo e para a retirada das forças envolvidas no conflito. Enquanto isso, cresce a preocupação de que a guerra no leste da RDC se transforme numa crise regional de grandes proporções, caso não seja encontrada uma solução pacifica imediata.
Cimeira Africana Exige Paz
A reunião de emergência em Dar es Salaam contou com a participação de chefes de Estado como William Ruto, Presidente do Quénia e líder da CAO e Emmerson Mnangagwa, Presidente do Zimbabué e líder da SADC. Paul Kagame, Presidente do Rwanda, também esteve presente, enquanto Félix Tshisekedi, Presidente da RDC, participou por videoconferência.
A presença de Kagame na cimeira gerou grande expectativa, dado o envolvimento do Rwanda no conflito. Kinshasa acusa Kigali de apoiar directamente os rebeldes do M23, fornecendo armas e combatentes. O Rwanda nega, alegando que o seu envolvimento na RDC visa neutralizar grupos armados que ameaçam a sua segurança.
O ataque do M23 a Goma e a rápida deterioração da situação humanitária levaram os líderes africanos a adoptar um tom mais firme. William Ruto declarou que “temos de resistir à tentação de pensar que, numa situação tão complexa, podemos encontrar uma solução através de tiros ou bombardeamentos”. O Presidente do Quénia defendeu que apenas o diálogo pode levar à paz duradoura.
Apesar do consenso sobre a necessidade de cessar-fogo, há divergências sobre como conduzir as negociações. A SADC mantém o seu apoio incondicional a Kinshasa, defendendo a soberania e integridade territorial da RDC, enquanto a CAO sugere que o Governo congolês deve dialogar com todos os actores envolvidos, incluindo o M23, algo que Tshisekedi tem recusado.
Diplomacia Africana
A exigência de um cessar-fogo imediato reflecte a preocupação dos líderes africanos com as consequências do conflito, tanto para a RDC como para os países vizinhos. A guerra no leste do Congo já provocou mais de três mil mortos e centenas de milhares de deslocados, agravando ainda mais a crise humanitária na região. Os esforços diplomáticos para conter o conflito não são recentes.
O Processo de Paz de Luanda, mediado pelo Presidente angolano João Lourenço, conseguiu um cessar-fogo temporário em Julho de 2024, mas este não foi respeitado. Da mesma forma, o Processo de Nairobi, promovido pela CAO, não teve avanços concretos. O fracasso destas iniciativas reforça a necessidade de um novo compromisso entre as partes envolvidas.
Além da pressão diplomática, os líderes africanos insistem na criação de corredores humanitários para garantir assistência às populações afectadas.
“O custo humanitário do conflito na RDC é enorme”.
“Milhões de civis foram deslocados e muitas pessoas vivem sob a ameaça persistente da violência”, alertou Ruto
A insegurança em Goma, epicentro do conflito, está a provocar escassez de alimentos, combustível e medicamentos. As organizações humanitárias têm dificuldades em operar na região, aumentando o risco de epidemias e agravando a crise sanitária. Diante deste cenário, a cimeira africana também destacou a urgência de fornecer ajuda imediata às vítimas da guerra.
Conclusão
A exigência de um cessar-fogo imediato na RDC surge como uma resposta à escalada do conflito e à crescente instabilidade na região. Os líderes africanos apostam numa solução diplomática para evitar uma guerra prolongada, mas as divergências entre os blocos regionais podem dificultar o avanço das negociações.
Sem um compromisso firme por parte das partes envolvidas, a violência pode continuar a devastar a RDC, colocando milhões de vidas em risco e ameaçando a segurança da África Central. O tempo é curto para evitar uma nova tragédia humanitária e garantir um futuro de paz para o país.
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Imagem: © 2025 DR