Moçambique: O Potencial Turístico De Xai-Xai.
A região de Xai-Xai, no sul de Moçambique, alberga um valioso património turístico há espera de dias melhores. O outrora majestoso e antigo Hotel Xai-Xai, à beira-mar é hoje apenas um dos muitos escombros que simbolizam o não realizado potencial turístico da região, actualmente inexplorado que clama por atenção e investimento.
A Associação da Indústria Hoteleira e Similares da província de Gaza (Asinhos), pela voz do seu vice-presidente, Ismael Suelmia, expressa preocupação pela falta de promoção, atração de investimento e oferta hoteleira e aclama por incentivos fiscais para revitalizar tais relíquias do período colonial, apontando para a falta de capacidade de absorção do turista como um obstáculo para atrair visitantes.
O desenvolvimento da região poderia ser catalisado pelos já referidos, incentivos fiscais para empresários, dispostos a investir na província e na recuperação dessas estruturas históricas, bem como pela criação de roteiros turísticos autênticos para explorar tradições locais.
O Turismo em Xai-Xai
Xai-Xai, no sul de Moçambique, guarda escombros do seu passado colonial, com destaque para o imponente Hotel Xai-Xai à beira-mar. Estes vestígios representam o vasto potencial turístico da região ainda por explorar.
Ismael Suelmia, vice-presidente da Associação da Indústria Hoteleira e Similares de Gaza (Asinhos), destaca que a província, especialmente Xai-Xai, não tem aproveitado a sua riqueza turística comparativamente a destinos vizinhos como Inhambane. A promoção inadequada, a falta de atratividade para investidores e de infraestruturas hoteleiras são questões que persistem.
“Na nossa praia temos dois escombros vazios, que desde o tempo colonial estão todos abandonados”.
“Estou a falar de praticamente mais de 1.000 postos de trabalhos, no mínimo, que podíamos ter até hoje”.
Lamenta, Ismael Suelmia, vice-presidente da Associação da Indústria Hoteleira e Similares da província de Gaza (Asinhos).
Para o dirigente, a província, e sobretudo Xai-Xai, continuam sem tirar partido da potencialidade turística, por comparação com a vizinha Inhambane, o principal destino turístico de Moçambique, alegando falta de promoção, atração de investimento e até de oferta hoteleira.
“Temos dois escombros que estão parados. E sim, nós temos um potencial em praias, mas não temos capacidade de absorção do próprio turista, então não há atração, não temos uma atração para o turista”, reconhece.
Superar os Obstáculos
Para desenvolver o turismo, Suelmia defende a necessidade de incentivos fiscais aos empresários para atrair investidores que se queiram instalar na província e revitalizar estruturas históricas, como o Hotel Xai-Xai e o Hotel Chongoene que permanecem abandonados desde o final do período colonial.
A cidade enfrenta o desafio de não conseguir absorver o número de turistas potencialmente interessados. Além disso, a falta de acessibilidade e atividades turísticas são obstáculos significativos. A reativação do campismo na praia de Xai-Xai é uma das soluções propostas, destacando o potencial de um turismo de pequena escala e baixo custo.
“Se houvesse incentivos da parte do Governo para atrair investidores para aquilo que são os nossos escombros, são mais de 40 e tal anos em que não há nada”.
Aponta o dirigente da Asinhos, que congrega cerca de 150 empresários do ramo do turismo da província de Gaza, sul de Moçambique.
A falta de oferta de alojamento e de atividades são aspetos para as quais a associação reclama atenção:
“Nós temos quase cinco ou seis ‘lodjes’ disponíveis [naquela praia], o que não é suficiente”.
“Em relação ao turismo, realmente, nós estamos a caminhar, como dizia um velho amigo, como um camaleão doente”.
“Estamos mesmo a ter vários problemas de desenvolvimento nessa área”.
Lamenta, apontando ainda a falta de acessibilidades, tendo em conta os cerca de 200 quilómetros que separam a província da capital.
“Mas temos quase a estrada toda destruída e isso inviabiliza, de certa forma, a que os turistas venham para aqui”.
Observa Ismael Suelmia, que defende igualmente a reativação do campismo que ali existe, junto à praia de Xai-Xai, para promover aquele nicho de turismo.
O responsável considera que se trata de “um turismo de pequena escala, de pequeno custo, mas é turismo”.
Explorar o Potencial de Xai-Xai
Xai-Xai possui praias seguras e locais deslumbrantes, oferecendo um ambiente único. O exemplo disso é o “Reef Resort” que atrai turistas da África do Sul, Botsuana, Tanzânia, Europa e Moçambique. No entanto, há falta de atividades para turistas interessados em explorar as “praias virgens” de Xai-Xai.
A criação de roteiros turísticos autênticos e pacotes para turistas nacionais é vista como uma oportunidade para desbloquear o potencial de Xai-Xai, uma “pérola” que aguarda ser descoberta. O caminho para o sucesso envolve atrair mais investidores, promover a segurança da região e criar iniciativas turísticas mais abrangentes.
“Nós temos uma das melhores praias em termos de segurança (…) É uma das vantagens que nós temos, ter uma praia para banhistas que é espetacular”, sublinha.
Que o diga Ernesto Pita, gestor do “Reef Resort”, naquela praia, onde emprega 75 trabalhadores com uma oferta de 20 casas, com capacidade máxima para mais de 150 pessoas, por estes dias com lotação “esgotada” e já recuperado dos efeitos da pandemia de covid-19.
Ainda assim queixa-se da falta de outras ofertas para os turistas que procuram as “praias virgens” de Xai-Xai.
“Precisamos de olhar mais para outras coisas que o turista precisa de fazer enquanto está aqui em Xai-Xai”.
“Essa é a parte mais essencial. Neste momento estamos somente a olhar para o lado de alojamento e em que não é tudo”.
“Precisamos de olhar para as atividades, Xai-Xai não tem atividades”.
Aponta, queixando-se ainda da subida das taxas da pesca recreativa, das poucas ocupações que os turistas encontram ali, além da praia e da natureza.
“É um nicho que se perde”, observa.
Poucas centenas de metros ao lado fica o Resort Go Wild, com oito casas, cinco apartamentos e também vista privilegiada para a praia, quase selvagem, protegida pelo verde da vegetação. É ali que trabalham 15 pessoas e também de casa cheia.
“Esta época de verão por acaso começámos bem, temos equipas de turistas espanholas que vêm, que fazem excursão, então param aqui para passar a noite”.
“Mas não temos atividades. A nossa praia não tem atividades. Dizem que parece que Xai-Xai não está em Moçambique, Inhambane tem mais oportunidades”.
Conta Abraão Zandamela, gerente daquela unidade hoteleira.
A criação de “roteiros” para levar os turistas a conhecerem as tradições da província ou desenvolver pacotes para cativar os turistas nacionais são iniciativas que diz faltar, de forma a “usufruir” da “pérola” que é Xai-Xai.
“É tranquilo, tranquilo. Não temos criminalidade aqui (…) As pessoas também são acolhedoras. Só temos de chamar mais turistas e haver mais iniciativas, mais gente com bom coração para investir”, remata.
Conclusão
Xai-Xai, conhecida pelas suas praias espetaculares e seguras para banhistas, oferece um convite irresistível para o turismo, mas carece de actividades e infraestrutura para turistas. A região enfrenta desafios que vão além da acomodação e a necessidade de desenvolver actividades turísticas bem como de melhorar as acessibilidades e promover a região, são vitais.
Com um ambiente seguro e acolhedor, a cidade possui potencial para atrair visitantes ávidos por explorar as “praias virgens” de Xai-Xai. Investimentos em atividades turísticas e roteiros que ressalvem as tradições locais, bem como uma oferta de atividades variadas, pode atrair turistas ávidos por explorar as riquezas culturais de Moçambique, podendo ser a chave para promover o turismo.
O desenvolvimento sustentável e o incentivo à hospitalidade são cruciais para desbloquear o potencial de Xai-Xai que promete ser um tesouro ainda não descoberto e não explorado.
Já tinhas ouvido falar em Xai-Xai? Ficaste curioso e com vontade de visitar o local? Queremos saber a tua opinião, não hesites em comentar e se gostaste do artigo partilha e dá um “like/gosto”.
Imagem: © 2023 DR