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Situado no sul de Inglaterra, o Museu Powell-Cotton, está aberto a colaborações para estudar a vasta coleção de milhares de objetos culturais indígenas angolanos recolhidos no início do século XX por exploradores britânicos, disse hoje uma fonte da instituição.
O Museu Powell-Cotton encontra-se numa propriedade histórica de dez hectares em Birchington, a cerca de 110 quilómetros de Londres. O acervo é composto sobretudo por objetos de África e da Ásia colecionados pelo explorador e caçador Percy Powell-Cotton (1866-1940).
Além de milhares de animais selvagens embalsamados, a coleção do museu inclui objetos do quotidiano e cerimoniais de povos indígenas de diferentes países, incluindo jóias, vestuário, instrumentos musicais, ornamentos e utensílios feitos com materiais como a madeira ou barro.
A Coleção
A coleção de cultura material angolana foi sobretudo o resultado de duas viagens das filhas de Powell-Cotton, Diana e Antoinette, em 1936 e 1937, nas quais recolheram quase cinco mil objetos. Diários detalhados da época descrevem não só os nomes dos objetos na fonética original, como o preço pelos quais foram comprados a nativos através de ajudantes contratados de propósito para a expedição.
No entanto, existem falhas porque centenas de fotografias feitas na altura não foram devidamente catalogadas, deixando por explicar onde foram captadas, quem figura e que situação retratam.
“Penso que a atenção delas [Diana e Antoinette] foi desviada por causa da Segunda Guerra Mundial e elas acabaram por não conseguir fazer o que tinham planeado”.
Afirmou a arquivista do museu, Hazel Basford. Existente desde 1896, o Museu Cotton-Powell tem em curso um projeto de renovação e interpretação de toda a coleção, que abrange desde o final do século XIX a meados do século XX. Este ano, o museu apresentou uma nova área dedicada à África Oriental, com objetos de países como o Quénia, Uganda, Sudão do Sul e Etiópia.
“O museu possui alguns artefatos espirituais maravilhosos sobre os quais sabemos muito pouco e que precisam desesperadamente de conservação”.
Disse a diretora das coleções, Mady Beardmore. Estes incluem uma série de máscaras que faziam parte de cerimónias de iniciação masculina recolhidas no sul do país. Além do trabalho de restauro físico, o museu quer compreender a importância espiritual e a melhor forma de as tratar.
A médio prazo, o museu gostaria de colaborar com membros da comunidade e com instituições culturais angolanas para reinterpretar a coleção que terá cerca de cinco mil objetos, além de centenas de fotografias e filmes realizados durante viagens realizadas em 1936 e 1937.
“Disseram-me que possuímos a maior coleção de material angolano fora da própria Angola. Temos uma grande responsabilidade de tentar compreender bem essa coleção e de a tratar com respeito”, afirmou a responsável.
O objetivo é renovar a galeria mais antiga do museu, substituindo a maioria das legendas antiquadas por descrições atualizadas com mais contexto sobre o significado e histórias dos proprietários originais e das comunidades a que pertenceram.
Esta nova exposição é o resultado de uma colaboração entre o Museu Powell-Cotton e um grupo consultivo exterior para que a coleção seja apresentada de uma forma mais rigorosa e ética.
Restituição Cultural
Consciente das discussões atuais sobre a proveniência do acervo de muitos museus ocidentais e de coleções privadas ao longo de décadas de colonização, Beardmore não exclui falar sobre a possibilidade de repatriação de peças.
“Estamos abertos a falar com as comunidades e a trabalhar com as pessoas para garantir que estas coleções sejam mais conhecidas no seu próprio país e estamos abertos a essas discussões”, adiantou.
Conclusão
É de estranhar que o governo angolano, tão empenhado em querer recuperar peças angolanas que se encontram em museus em Portugal e no Brasil, cuja proveniência é clara e de comprovada aquisição, portanto, sem serem de origem duvidosa, tenha comportamento diferente em relação a outros países.
Quando os museus britânicos se propõem colaborar, para melhor “reinterpretar as coleções” e expolas “com dignidade”, já não se importam que se tratam de peças cuja origem seja pouco clara e mais do que duvidosa.
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Imagem: © 2018 cairodeb / flickr