Amnistia Internacional denuncia o Senegal.
A Amnistia Internacional denunciou a repressão dos direitos humanos no Senegal acusando o Governo de reprimir de restringir a liberdade de expressão e de reunião, proibir manifestações e prender jornalistas e figuras da oposição.
Samira Daoud, diretora regional da Amnistia Internacional para a África Ocidental e Central, expressou preocupação num comunicado divulgado na passada sexta-feira, 17 de Março de 2023, destacando que várias “vozes dissidentes” têm sido reprimidas nos últimos meses.
A organização não-governamental (ONG) fez o alerta após confrontos entre a polícia e apoiantes do líder da oposição, Ousmane Sonko, candidato às eleições presidenciais de 2024. A oposição informou que pelo menos 180 pessoas foram detidas e 51 ficaram feridas nos distúrbios em Dacar e noutras cidades. Os incidentes evidenciam o crescente clima de tensão política no país.
Julgamento de Sonko adiado
Sonko deveria comparecer em tribunal num processo de difamação interposto pelo ministro do Turismo senegalês, Mame Mbaye Niang, a quem acusou de desviar cerca de 44 milhões de euros.
O julgamento foi adiado para 30 de março e o partido de Sonko, PASTEF, revelou que o estado de saúde do líder era preocupante após ser atacado e gaseado pela polícia. Sonko também enfrenta acusações de violação desde 2021, envolvendo a jovem massagista Adji Sarr.
Samira Daoud pediu às autoridades que respeitem os direitos humanos, parem o uso excessivo da força, permitam a cobertura mediática das manifestações e respeitem as liberdades de expressão e de reunião pacífica. A Amnistia Internacional lamentou a repressão a várias vozes dissidentes, incluindo políticos e jornalistas, e instou o governo a tomar medidas para garantir a proteção dos direitos fundamentais.
Investigação pendente
Quase dois anos após as violentas manifestações de 2021, as mortes de civis ainda não foram investigadas, com números oficiais a apontar para 13 mortes e a Amnistia Internacional para 14. Daoud sublinhou a importância de levar à justiça os suspeitos do uso ilegal da força durante a repressão de protestos anteriores e garantir que as liberdades civis sejam respeitadas.
As tensões políticas aumentam no Senegal devido ao caso judicial sobre Sonko, acusado de violação, e ao recente julgamento por difamação. Sonko denunciou a instrumentalização da justiça pelo poder de Macky Sall, Presidente desde 2012, para o excluir das eleições de 2024. A incerteza sobre a busca de um terceiro mandato por Sall, algo que a Constituição impede, contribui para a tensão.
Sonko, conhecido pelo seu discurso “antissistema”, critica a má governação, a corrupção e o neocolonialismo francês, angariando muitos seguidores entre a juventude senegalesa. A crescente popularidade de Sonko e seu discurso podem representar um desafio ao atual governo e ao status quo político.
Impacto internacional
A situação no Senegal também atraiu a atenção da comunidade internacional, levantando preocupações sobre a estabilidade política e o respeito aos direitos humanos na região. Organizações internacionais e países vizinhos estão atentos ao desenrolar dos acontecimentos, enquanto os cidadãos senegaleses enfrentam um cenário de crescente instabilidade.
A Amnistia Internacional apela às autoridades senegalesas para que garantam a proteção dos direitos humanos e a aplicação da lei de forma justa e imparcial. A organização exorta o governo a investigar prontamente as violações passadas e a garantir um ambiente seguro e livre para o exercício das liberdades fundamentais no país.
A resolução pacífica das tensões políticas e o respeito aos direitos humanos são essenciais para garantir a democracia e o bem-estar dos cidadãos senegaleses.
Conclusão
As violações dos direitos humanos e a repressão política no Senegal, ilustram como a falta de respeito às liberdades fundamentais e às instituições democráticas podem levar à instabilidade e minar o tecido social.
Para resolver este problema e levar o governo senegalês a tomar medidas concretas para abordar as preocupações levantadas pela Amnistia Internacional, é crucial estabelecer um diálogo aberto e inclusivo entre todas as partes envolvidas e garantindo que o governo tome medidas concretas para proteger os direitos humanos.
A comunidade internacional tem o dever de apoiar os esforços para promover o respeito às liberdades fundamentais e a justiça no país.
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Imagem: © DR