O animal mais perigoso do planeta Terra, evoluiu.

Quando se fala no animal mais perigoso da terra, muitas imagens vêm à nossa mente. Se perguntarmos aleatoriamente a várias pessoas, como eu fiz, qual é para eles o animal mais perigoso da terra, obtemos respostas que vão desde o tubarão, ao leão, passando pelo ser humano. Só que estão todos enganados.

O animal mais perigoso do planeta Terra, é o “minúsculo” mosquito.

 

O Mosquito

O relacionamento de África com o mosquito é atroz. Este pequeno inseto voa por todo o lado, matando indiscriminadamente. Ele voa e voa, picando tudo e todos como se nada fosse, infligindo doenças perigosas e ceifando milhões de vidas. A maioria dessas vidas, são crianças com menos de cinco anos.

Os insetos são os principais vetores de doenças, incluindo, Chikungunya, malária, encefalite, febre amarela, elefantíase e dengue. Estima-se que 700 milhões de pessoas são afetadas e 800.000 pessoas são mortas a cada ano por todas essas doenças combinadas, de acordo com relatórios globais.

Os números são assustadores, mas a realidade permanece. É justo culpar uma criatura que precisa de “um acordo de parceria” para procriar e sobreviver? Na realidade, não, o ser humano pode evitar toda esta mortandade, sem matar os inocentes mosquitos, basta para isso aprendermos a viver sem produzir lixo.

Os mosquitos não “atacam” ninguém “excepcional”, na realidade, são o exemplo de democracia e igualdade que nós, seres humanos, devíamos seguir, pois para este animal, não importa a condição ou o estatuto de ninguém.

Não se importam se somos pobres ou ricos, se somos homem ou mulher, em que parte do mundo vivemos, nem se vivemos nos subúrbios ou em apartamentos de luxo, muito menos se importam com a nossa cor da pele. Como vêm, animal mais democrático do que este, não existe.

Na realidade, este simpático animal, apenas se preocupa com duas coisas, fazer a sua vidinha, em paz e sossego e, se nós criamos condições favoráveis, para ele “sugar o nosso sangue” como se fosse um familiar chegado.

 

Uma nova espécie

Uma nova espécie de mosquito invasora, foi detectada em África e, provavelmente, foi responsável por um grande surto de malária na Etiópia no início deste ano. Uma descoberta que os especialistas chamaram de “um sinal preocupante” já que o progresso contra a doença corre o risco de desaparecer.

Tadesse, O cientista-chefe do Instituto de Pesquisa, Armauer Hansen, em Adis Abeba, Fitsum Tadesse, investigou este surto de malária, rasteando mais de 200 casos, examinaram mosquitos próximos e testando mosquitos invasores para o parasita da malária.

Não encontraram muitos dos mosquitos que normalmente espalham a malária em África, pelo contrário, encontraram altas densidades dos mosquitos invasores, por isso, Tadesse e os colegas, concluíram que estes mosquitos invasores estavam “fortemente ligados” ao surto.

Esta nova espécie de mosquito, conhecida como Anopheles stephensi, foi encontrada pela primeira vez em África, em 2012, no Djibuti e, desde então, foi encontrado no Sudão, Somália, Iêmen e Nigéria e suspeita-se que este “pequeno, novo animal” esteja por trás do recente aumento da malária no Djibuti,

O grande problema com este novo “mortífero2 animal, é que a maior parte da malária em África costuma ocorrer em áreas rurais, já que os mosquitos nativos geralmente não gostam de se reproduzir em cidades poluídas ou recipientes artificiais como baldes, garrafas de plástico e lixo, mas estes novos mosquitos invasores, podem prosperar facilmente em tais condições.

Mas o mais preocupante, é que as principais medidas de controle de mosquitos usadas em África – como mosquiteiros e pulverização interna – provavelmente não funcionarão contra este perigoso animal invasor, já que eles tendem a picar as pessoas ao ar livre.

 

A situação actual

Mas não é só com a malária que nos devemos preocupar. Mais de vinte pessoas no Congo-Brazzaville são atualmente tratadas do vírus Chikungunya, todos os dias, desde o último surto que teve início em Abril de 2019.

E aqui voltamos à questão da limpeza. Dificilmente conseguimos atravessar a cidade de Ponta Negra, no Congo, sem ver bueiros entupidos e sarjetas perigosamente abertas, cheias de lixo e água suja. Um terreno fértil para este animal proliferar.

A capital do Gana, Acra, como muitos outros países africanos, não é exceção. Montes de lixo e águas estagnadas, na capital distrital e em outros lugares. E quando as chuvas vêm, os maus sistemas de drenagem acumulam lixo de uma parte do país à outra, como se fossem ‘barcos de cruzeiro’.

É tão comum visitar centros recreativos, ou até mesmo participar de reuniões sociais e ver as pessoas vagando descuidadamente ao seu redor. Hoje, o mundo reclama da necessidade de salvar o nosso planeta dos resíduos plásticos. Mas na realidade, precisamos é de nos salvar a nós mesmos.

Com o lixo que abunda em todas as grandes cidades africanas, não nos devemos preocupar com as baleias e outros animais marinhos que estão a morrer por causa dos resíduos plásticos, devemos sim preocupar-nos com o pequeno animal que gosta e prolifera com o lixo. O nosso velho amigo e companheiro de longa data, o mosquito.

 

O que se deve fazer

Embora alguns países africanos, como a África do Sul, tenham elevado o nível e outros estejam a empregar a sua criatividade e tecnologia para reciclar resíduos, muito mais precisa ser feito.

Os líderes africanos devem reinvestir esforços no trabalho com parceiros internacionais e na incorporação da gestão de resíduos como um aspecto importante das intervenções políticas.

As escolas e os pais devem desempenhar o seu papel crucial para garantir que as crianças desenvolvam o hábito de uma vida saudável. As atitudes devem mudar. É possível viver numa África livre e saudável, basta querermos

 

Conclusão

Infelizmente, possuir um prédio inacabado em algumas partes da África, é como possuir um depósito de lixo. Algumas pessoas rapidamente transformam-no em um lugar para descartar convenientemente os resíduos domésticos e esvaziar todo o lixo envolvente, mas se pensar que ao fazer isso está a pôr em risco a sua vida, talvez pensasse duas vezes antes de o fazer.

É por isso que é tão importante mudar as mentalidades. É preciso que as pessoas compreendam que ao descartarmos o lixo de forma indiscriminada, não estamos só a prejudicar o planeta, estamos também a pôr a nossa própria existência em risco.

É claro que muitos irão dizer, eu sou apenas uma pessoa, eu sozinho não consigo fazer a diferença. A quem pensa assim eu respondo desta forma. Na minha terra, Angola, à um ditado muito certeiro que deixo a quem tem esses “nobres” pensamentos.

“Se achas que és muito pequeno para fazer a diferença, tenta dormir com um mosquito”.

 

O que achas desta situação? Sabias que o mosquito era um animal tão perigoso? Queremos saber a tua opinião, não hesites em comentar e se gostaste do artigo partilha e dá um “like/gosto”.
Imagem: © DR 
Francisco Lopes-Santos
Francisco Lopes-Santos

Ex-atleta olímpico, tem um Doutoramento em Antropologia da Arte e dois Mestrados um em Treino de Alto Rendimento e outro em Belas Artes. Escritor prolifero, já publicou vários livros de Poesia e de Ficção, além de vários ensaios e artigos científicos.

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