Índice
ToggleAlterações Climáticas Ameaçam A Guiné-Bissau
As alterações climáticas representam uma grave ameaça ao desenvolvimento da Guiné-Bissau, como destaca o recente relatório do Banco Mundial. Este documento analisa, pela primeira vez, o impacto directo do clima em áreas essenciais do país, como a agricultura, as pescas e as infraestruturas, sublinhando a necessidade de medidas urgentes para proteger a economia e as populações mais vulneráveis.
Com o maior capital natural per capita da África Ocidental, a Guiné-Bissau é um país que se destaca pela sua riqueza natural. Esse património inclui ecossistemas preciosos, como as florestas de mangais e o Arquipélago dos Bijagós, vitais para o meio ambiente e para o sustento das comunidades locais.
Mas apesar de possuir um potencial significativo para um crescimento sustentável, o país enfrenta obstáculos críticos, como a elevada taxa de pobreza e a instabilidade política, o que aumenta a vulnerabilidade da Guiné-Bissau aos efeitos devastadores das alterações climáticas.
Impacto das Alterações Climáticas
A agricultura na Guiné-Bissau, representa uma das principais fontes de subsistência para a maioria da população e está particularmente exposta às mudanças climáticas.
De acordo com o Ministro da Economia, Plano e Integração Regional, Soares Sambú, a subida das temperaturas, a irregularidade das chuvas e o prolongamento das secas ameaçam directamente a produção agrícola, principalmente nas regiões interiores do país.
Esta realidade compromete a segurança alimentar e agrava a pobreza rural, num país onde grande parte da economia está dependente do sector agrícola. A castanha de caju que representa cerca de 90% das exportações do país, é um exemplo crítico da dependência de um único produto agrícola e expõe a economia a sérios riscos, tanto climáticos como de mercado.
Esta dependência expõe a economia guineense a riscos elevados, dado que, a volatilidade climática, pode levar ao declínio na produção de caju afectando de forma significativa o rendimento nacional.
“A dependência económica de um único produto de exportação como a castanha de caju expõe a economia a riscos externos”.
Afirmou o ministro Soares Sambú durante a apresentação do relatório.
No relatório aponta-se ainda que actualmente a Guiné-Bissau dispõe de recursos naturais que poderiam ser aproveitados para um crescimento sustentável, mas se nada for feito no domínio da adaptação às alterações climáticas o Produto Interno Bruto (PIB) ‘per capita’ conhecerá uma queda de 7,3% até 2050.
Riscos Para os Ecossistemas Costeiros
Além da agricultura, as pescas, outro sector fundamental para a economia e segurança alimentar do país, também estão ameaçadas pelas alterações climáticas. O aumento do nível do mar e a degradação dos ecossistemas marítimos colocam em risco as comunidades pesqueiras, especialmente nas zonas costeiras.
A representante do Banco Mundial na Guiné-Bissau, Rosa Brito, destacou que, apesar do capital natural significativo, o país enfrenta uma elevada vulnerabilidade às alterações climáticas que já afectam directamente as comunidades costeiras e aquelas que dependem da agricultura e da pesca como fontes de subsistência.
O arquipélago dos Bijagós, por exemplo, é um ecossistema fundamental para a conservação da biodiversidade, sendo também essencial para a subsistência das comunidades locais. Contudo, a subida do nível do mar e as mudanças climáticas, ameaçam a sustentabilidade destes habitats naturais, colocando em perigo tanto a biodiversidade quanto a sustentabilidade económica das populações.
A Fragilidade das Infraestruturas
Outro aspecto crítico abordado pelo relatório é a fragilidade das infraestruturas na Guiné-Bissau. Em resposta aos fenómenos climáticos extremos, como inundações e secas, é essencial a construção de infraestruturas mais preparadas para resistir a estas adversidades.
O relatório sugere que a melhoria das infraestruturas de transporte, energia e abastecimento de água poderia aumentar a capacidade do país de enfrentar as mudanças climáticas e melhorar a qualidade de vida da população.
Soares Sambú reforçou a importância de investir neste sector, alertando que:
“A construção de infraestruturas preparadas para enfrentar as alterações climáticas extremas é essencial para proteger as comunidades e promover o desenvolvimento”.
O aumento das temperaturas e períodos longos de seca poderão concorrer para a redução do PIB guineense até 4,1% em 2050, nota-se no relatório que refere ainda que a pobreza rural tende a aumentar enquanto as infraestruturas, os sistemas da educação e saúde do país mantêm-se subdesenvolvidos.
Necessidade do Apoio Internacional
Para enfrentar os desafios das alterações climáticas, a Guiné-Bissau depende significativamente de financiamento externo. Embora o país tenha “ambições de mitigação” que visam reduzir as emissões de gases de efeito de estufa em 30% até 2030, enfrenta restrições financeiras que dificultam a implementação de políticas eficazes de combate às alterações climáticas.
O relatório do Banco Mundial sublinha que a “instabilidade política, as fragilidades institucionais e os recursos financeiros limitados” representam obstáculos consideráveis ao avanço dos objectivos climáticos.
Soares Sambú apelou, assim, aos parceiros internacionais para que mantenham o apoio ao país na implementação das prioridades identificadas no relatório. Uma das estratégias sugeridas inclui a adopção de práticas agrícolas e pesqueiras sustentáveis, além da protecção dos recursos naturais.
Estas práticas poderiam não só reduzir as emissões, mas também assegurar a preservação do capital natural guineense, essencial para um desenvolvimento mais seguro e estável.
A Importância da Estabilidade Política
O relatório destaca ainda que o fortalecimento da governação e a criação de um ambiente favorável ao investimento são essenciais para aumentar a capacidade da Guiné-Bissau em responder aos desafios climáticos. Rosa Brito explicou que:
“Para promover transformações positivas e um crescimento seguro, é fundamental alinhar os objectivos do desenvolvimento sustentável com a luta contra as alterações climáticas”.
Este alinhamento exige uma abordagem integrada que combine melhorias na governação, diversificação económica e conservação dos recursos naturais. Para enfrentar a crise climática, o relatório recomenda um quadro estratégico que promova práticas agrícolas adequadas ao clima, conservação de florestas e energias renováveis.
Com um crescimento socioeconómico mais robusto, a Guiné-Bissau estará mais bem preparada para se proteger contra os impactos das mudanças climáticas, garantindo assim o desenvolvimento a longo prazo.
Conclusão
As alterações climáticas impõem desafios urgentes e complexos à Guiné-Bissau, com impactos directos na agricultura, nas pescas e nas infraestruturas. Apesar de possuir o maior capital natural per capita da África Ocidental, o país enfrenta graves limitações que dificultam a implementação de medidas eficazes de adaptação às mudanças climáticas.
A dependência de um único produto de exportação e as elevadas taxas de pobreza aumentam a vulnerabilidade económica, tornando o país mais susceptível às consequências da crise climática. O relatório do Banco Mundial oferece um quadro estratégico que sublinha a importância de uma resposta integrada, baseada na estabilidade política, no fortalecimento institucional e no apoio financeiro externo.
Com o compromisso de alcançar uma redução significativa das emissões de gazes de efeito de estufa, até 2030, a Guiné-Bissau necessita de um desenvolvimento socioeconómico sustentável que proteja as comunidades mais vulneráveis e conserve os seus recursos naturais.
O sucesso deste esforço dependerá da cooperação internacional e da determinação local em adoptar práticas sustentáveis, garantindo um futuro mais seguro para o país e para as gerações futuras.
O problema das Alterações Climáticas, está a afectar todo o planeta, mas será que a Guiné-Bissau, está preparada para as enfrentar? Queremos saber a tua opinião, não hesites em comentar e se gostaste do artigo partilha e dá um “like/gosto”.
Imagem: © 2024 DR