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ToggleÁfrica Precisa De $194 Mil Milhões Ano Para ODS
A Assembleia Geral das Nações Unidas debateu uma Nova Parceria para o Desenvolvimento, onde se previu que o crescimento económico de África será de 3,4% este ano e de 3,8% em 2025. Além disso, a população africana em idade activa deverá aumentar em 450 milhões até 2035.
A lacuna de financiamento para o desenvolvimento de África aumentou para 1,6 biliões de dólares, uma situação agravada por um sistema que favorece as elevadas taxas de juro e o pagamento da dívida, em detrimento de investimentos na adaptação climática e em serviços sociais.
De acordo com o presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas, Philémon Yang, várias economias africanas enfrentam dificuldades para pagar as suas dívidas.
Desigualdades Estruturais
Para acelerar as acções regionais e alcançar os objectivos da Agenda 2030 para o Desenvolvimento, Yang apelou à necessidade urgente de enfrentar as desigualdades estruturais e melhorar as condições de vida dos 462 milhões de pessoas que vivem em pobreza extrema no continente.
Este apelo foi feito na passada segunda-feira, durante o debate sobre a Nova Parceria para o Desenvolvimento de África, onde se avaliou a implementação do desenvolvimento sustentável e o apoio internacional. O evento também abordou as causas dos conflitos e a promoção de paz duradoura e desenvolvimento sustentável na região.
Ainda no campo económico, Philémon Yang mencionou que o continente precisa de mais 194 mil milhões de dólares de financiamento por ano para atingir os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) até ao final desta década.
Segundo o líder da Assembleia Geral, mesmo perante as perspectivas difíceis, a África Subsaariana tem mostrado sinais de resistência, com um crescimento económico de 2,6% em 2023. Para este ano, prevê-se um crescimento de 3,4%, e de 3,8% em 2025.
Causas da Injustiça e Desigualdade
Para Yang, é necessário um plano abrangente que promova a paz e fortaleça o Estado de direito em África. Esta estratégia incluiria reformas legais e transformações sociais que abordassem as causas profundas da injustiça e desigualdade. Ele sublinhou a importância de dar prioridade há dignidade humana.
No caminho para alcançar o acesso universal à justiça, o presidente pediu o fim das barreiras sistémicas que perpectuam os ciclos de pobreza e excluem as pessoas da educação, do emprego, dos mercados e de serviços essenciais para a sua plena participação na vida social e económica.
Philémon Yang sublinhou que a actual geração tem o dever de apoiar a engenhosidade inexplorada da África, lançando as bases para um crescimento inclusivo e prosperidade compartilhada, reconhecendo que a população activa africana poderá crescer em 450 milhões até 2035.
Ele realçou que, com os investimentos correctos em educação, sistemas de saúde, tecnologia e empreendedorismo, o potencial para impulsionar mudanças transformadoras em África é ilimitado.
Mais Investimento, Menos Custos
Para atrair mais investimentos e reduzir custos, Philémon Yang defendeu a melhoria da gestão financeira, mobilização de recursos domésticos e o uso estratégico da dívida como ferramenta de desenvolvimento. Essas acções, segundo ele, devem contar com o apoio financeiro internacional e com a redução dos riscos financeiros.
Yang também pediu uma reforma mais ambiciosa da arquitectura financeira mundial, de forma que esta possa responder melhor às necessidades de África e permitir que o continente explore o seu vasto potencial económico.
Paz Duradoura e Combate ao Extremismo
No seu discurso, Yang destacou que a paz duradoura só prevalecerá com soluções políticas para os vários conflitos que afectam o continente, especialmente em regiões como o Sahel, o Sudão, a República Democrática do Congo e a Somália. Ele afirmou que é igualmente urgente o combate ao terrorismo e ao extremismo violento que continuam a ameaçar a estabilidade em várias partes da África.
Conclusão
Os desafios que África enfrenta são profundos e exigem uma reformulação urgente das prioridades globais que actualmente favorecem o pagamento de dívidas em vez de investimentos estruturais. As medidas propostas, como o fortalecimento da educação, saúde e empreendedorismo, apontam para um futuro promissor, onde o crescimento inclusivo pode ser alcançado.
No entanto, sem uma mudança significativa na arquitectura financeira mundial que inclua maior equidade e representatividade para as economias africanas, África continuará refém das barreiras sistémicas que perpetuam a pobreza.
A verdadeira mudança depende de compromissos tangíveis, tanto internos como externos que dêem prioridade ao bem-estar das populações africanas e permitam a sua plena participação no desenvolvimento sustentável.
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Imagem: © 2021 Rémi Schapman / @WIA Initiative