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ToggleÁfrica Com Voz Estratégica no Fórum do G20
A cimeira ministerial em Joanesburgo, a realizar entre 20 e 22 de Fevereiro de 2025, revela-se um teste à capacidade africana de mediar conflitos e promover agendas como o desenvolvimento sustentável e a equidade. A ausência dos EUA, porém, lança uma enorme sombra sobre o diálogo multilateral.
Marco Rubio, chefe da diplomacia norte-americana, justificou o boicote afirmando:
“África está a fazer coisas muito más”.
A declaração reflecte fissuras geopolíticas, enquanto a África do Sul defende pontes entre o Sul e o Norte, segundo as palavras do ministro Ronald Lamola.
Presidência Sul-Africana
A África do Sul assume o G20 com o foco do clima, crescimento económico e da justiça social. O país dá prioridade à Agenda 2030, pressionando pelo financiamento à adaptação climática para as nações pobres, as mais afectadas pelos desastres naturais, devido ao aquecimento global.
A troika (Brasil, África do Sul e EUA) enfrenta vários desafios. A ausência norte-americana em reuniões ministeriais fragiliza a cooperação, especialmente em temas como as reformas de instituições financeiras internacionais, crítica para resolver os problemas de África.
A presidência sul-africana também procura ampliar o espaço para a União Africana (UA) que integra o G20 desde 2023.
“É uma oportunidade para defender o desenvolvimento do Sul”.
Afirmou o ministro Ronald Lamola, destacando a necessidade de serem efectuadas parcerias tecnológicas para combater a fome.
Vários críticos, porém, apontam as contradições. O alinhamento com a Rússia em votos na ONU e a queixa contra Israel no Tribunal de Haia geram divisões, evidenciadas pelo protesto de Marco Rubio.
Tensões e Geopolítica
A reunião ocorre num panorama de instabilidade: as guerras na Ucrânia e em Gaza, as ameaças comerciais de Trump e a rivalidade EUA-China. A presença de Serguei Lavrov (Rússia) e Wang Yi (China) contrasta com a delegação norte-americana que se apresenta sem representantes de peso.
A decisão de Trump de retomar diálogos bilaterais com Moscovo, ignorando o G20, sinaliza o desprezo pelos fóruns multilaterais. Já a UE, representada por Kaja Kallas, tenta equilibrar o apoio a Kiev com parcerias na energia limpa em África.
A acusação de “antiamericanismo” contra Pretória também agrava as relações. Marco Rubio criticou a expropriação de terras na África do Sul, uma política que o governo defende, como reparação histórica pós-apartheid.
Para vários analistas, o boicote dos EUA reflecte uma estratégia de marginalizar as agendas do Sul Global.
“É uma tentativa de enfraquecer propostas de solidariedade entre países em desenvolvimento”, observou um diplomata africano.
Conclusão
A cimeira do G20 em África simboliza um avanço na representação do continente, mas expõe fracturas no sistema internacional. A capacidade de mediação da África do Sul será crucial para evitar o colapso do diálogo Norte-Sul.
O desafio permanece: como harmonizar interesses divergentes num mundo polarizado. A resposta africana, centrada no clima e na equidade, pode vir a definir o legado desta presidência histórica.
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Imagem: © 2025 Phill Magakoe / AFP