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Quinta-feira, Março 27, 2025

África Com Voz Estratégica no Fórum do G20

A presidência rotativa da África do Sul no G20 coloca o continente africano no centro das decisões mundiais, num momento em que as tensões geopolíticas e ausências marcantes, como os EEUA, desafiam a unidade do grupo.

África Com Voz Estratégica no Fórum do G20


A importância de África na reunião do G20 ganha um destaque inédito em 2025, com a presidência rotativa da África do Sul. Pela primeira vez, o continente africano está à frente da liderança do fórum que reúne as maiores economias mundiais, representando 85% do PIB mundial e dois terços da população mundial.

A cimeira ministerial em Joanesburgo, a realizar entre 20 e 22 de Fevereiro de 2025, revela-se um teste à capacidade africana de mediar conflitos e promover agendas como o desenvolvimento sustentável e a equidade. A ausência dos EUA, porém, lança uma enorme sombra sobre o diálogo multilateral.

Marco Rubio, chefe da diplomacia norte-americana, justificou o boicote afirmando:

África está a fazer coisas muito más”.

A declaração reflecte fissuras geopolíticas, enquanto a África do Sul defende pontes entre o Sul e o Norte, segundo as palavras do ministro Ronald Lamola.


Presidência Sul-Africana


A África do Sul assume o G20 com o foco do clima, crescimento económico e da justiça social. O país dá prioridade à Agenda 2030, pressionando pelo financiamento à adaptação climática para as nações pobres, as mais afectadas pelos desastres naturais, devido ao aquecimento global.

A troika (Brasil, África do Sul e EUA) enfrenta vários desafios. A ausência norte-americana em reuniões ministeriais fragiliza a cooperação, especialmente em temas como as reformas de instituições financeiras internacionais, crítica para resolver os problemas de África.

A presidência sul-africana também procura ampliar o espaço para a União Africana (UA) que integra o G20 desde 2023.

“É uma oportunidade para defender o desenvolvimento do Sul”.

Afirmou o ministro Ronald Lamola, destacando a necessidade de serem efectuadas parcerias tecnológicas para combater a fome.

Vários críticos, porém, apontam as contradições. O alinhamento com a Rússia em votos na ONU e a queixa contra Israel no Tribunal de Haia geram divisões, evidenciadas pelo protesto de Marco Rubio.


Tensões e Geopolítica


Imagem © 2021 Alamy (20250220) África Com Voz Estratégica no Fórum do G20A reunião ocorre num panorama de instabilidade: as guerras na Ucrânia e em Gaza, as ameaças comerciais de Trump e a rivalidade EUA-China. A presença de Serguei Lavrov (Rússia) e Wang Yi (China) contrasta com a delegação norte-americana que se apresenta sem representantes de peso.

A decisão de Trump de retomar diálogos bilaterais com Moscovo, ignorando o G20, sinaliza o desprezo pelos fóruns multilaterais. Já a UE, representada por Kaja Kallas, tenta equilibrar o apoio a Kiev com parcerias na energia limpa em África.

A acusação de “antiamericanismo” contra Pretória também agrava as relações. Marco Rubio criticou a expropriação de terras na África do Sul, uma política que o governo defende, como reparação histórica pós-apartheid.

Para vários analistas, o boicote dos EUA reflecte uma estratégia de marginalizar as agendas do Sul Global.

“É uma tentativa de enfraquecer propostas de solidariedade entre países em desenvolvimento”, observou um diplomata africano.


Conclusão


A cimeira do G20 em África simboliza um avanço na representação do continente, mas expõe fracturas no sistema internacional. A capacidade de mediação da África do Sul será crucial para evitar o colapso do diálogo Norte-Sul.

O desafio permanece: como harmonizar interesses divergentes num mundo polarizado. A resposta africana, centrada no clima e na equidade, pode vir a definir o legado desta presidência histórica.

 


Como achas que vai ser a presidência do G20 pela África do Sul? Queremos saber a tua opinião, não hesites em comentar e se gostaste do artigo partilha e dá um “like/gosto”.

 

Imagem: © 2025 Phill Magakoe / AFP
Francisco Lopes-Santos

Atleta olímpico, tem um Doutoramento em Antropologia da Arte e dois Mestrados um em Treino de Alto Rendimento e outro em Belas Artes. Escritor prolifero, já publicou vários livros de Poesia e de Ficção, além de vários ensaios e artigos científicos.

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Francisco Lopes-Santos
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