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ToggleVenâncio Mondlane Regressou a Moçambique
O candidato presidencial Venâncio Mondlane, chegou hoje a Maputo cerca das 8h20 locais, após dois meses e meio fora do país. A chegada, ficou marcada por um ambiente tenso sobre fortes medidas de segurança no Aeroporto Internacional de Maputo. Mondlane esteve por detrás da contestação aos resultados das eleições gerais de 9 de Outubro de 2024 afirmando sempre ter sido o vencedor.
O regresso de Mondlane ocorre num período de profunda crise política e social, com denúncias de repressão violenta contra os seus apoiantes e acusações de fraude eleitoral. Em declarações aos jornalistas, o político reiterou a sua disponibilidade para o diálogo, ao mesmo tempo que denunciou práticas que descreveu como “genocídio silencioso”.
A multidão que se reuniu para recebê-lo no aeroporto foi dispersada com gás lacrimogéneo e tiros por parte das forças de segurança, evidenciando o ambiente tenso que tem dominado o país desde as eleições. Contudo, Mondlane insiste em permanecer no território, afirmando que a sua luta pela verdade e justiça eleitoral será conduzida em solo moçambicano, independentemente dos riscos pessoais.
Chegada Tensa de Mondlane
Venâncio Mondlane aterrou em Maputo às 08h20, sob uma forte presença policial e militar. A sua chegada foi um símbolo da sua determinação em enfrentar as autoridades moçambicanas e uma demonstração da sua resolução que não podia ser mais clara.
“Se me quiserem assassinar, assassinem”.
“Se quiserem prender-me, prendam”.
Nas imediações do aeroporto, centenas de apoiantes concentraram-se para acolher o candidato, mas enfrentaram barreiras impostas pelas forças de segurança que bloquearam os acessos ao local.
Poucos minutos após o desembarque, Mondlane reiterou que o seu regresso marca o início daquilo que denominou de “Ponta de lança”, uma nova fase de contestação eleitoral. O candidato presidencial acusou o regime de fomentar uma estratégia de repressão brutal contra os seus apoiantes, com sequestros, execuções extrajudiciais e valas comuns a serem reportadas.
Ainda assim, Mondlane mostrou-se disponível para o diálogo, sublinhando que a sua presença em Moçambique visa quebrar a narrativa de que estaria a evitar negociações.
“Estou aqui presente para o diálogo, para ir à mesa de negociações”, declarou.
Denúncias de Repressão
Desde o anúncio dos resultados eleitorais pelo Conselho Constitucional a 23 de Dezembro que declarou Daniel Chapo vencedor com 65,17% dos votos, Moçambique tem assistido a um aumento significativo da violência. Segundo organizações da sociedade civil, os confrontos entre manifestantes e as forças de segurança já resultaram em cerca de 300 mortos e mais de 500 feridos.
Mondlane descreveu esta repressão afirmando que os seus apoiantes têm sido alvos de perseguições sistemáticas.
“As pessoas estão a ser sequestradas nas suas casas, executadas extrajudicialmente e enterradas em valas comuns”, afirmou.
Embora o Supremo Tribunal tenha declarado que não existem mandados de captura contra Mondlane, o Ministério Público abriu processos contra ele, acusando-o de ser o autor moral das manifestações que resultaram em destruição de património público avaliada em mais de dois milhões de euros.
Apesar destas acusações, Mondlane manteve-se firme no seu compromisso de lutar pela verdade eleitoral. Durante um discurso no centro de Maputo, reafirmou-se como vencedor das eleições de 9 de Outubro e renovou os seus apelos à resistência pacífica.
Apelo ao Diálogo
Mesmo num panorama de tensão crescente, Venâncio Mondlane lembrou a necessidade de diálogo como forma de resolver a crise. Em declarações aos jornalistas, destacou que não pode permanecer no exterior enquanto o povo moçambicano enfrenta situações de repressão violenta.
“Não me interessa o que eu vou passar, mas vou provar que não estou aqui por medo”.
“Estou aqui para lutar pelos valores da verdade, justiça e unidade”, afirmou.
Mondlane sublinhou ainda que a sua presença no país é um acto de sacrifício e compromisso com a história, colocando os interesses do povo acima das suas preocupações pessoais.
Cinco partidos políticos, incluindo a Frelimo e a Renamo, manifestaram abertura para integrar Mondlane em negociações internas. Contudo, o líder da oposição mantém a sua recusa em aceitar os resultados proclamados pelo Conselho Constitucional, considerando-os fraudulentos e ilegítimos.
Conclusão
O regresso de Venâncio Mondlane a Moçambique representa um momento decisivo na política nacional. Num país profundamente dividido e marcado por episódios de violência, a sua presença reacende a luta pela verdade eleitoral e pela justiça social.
Num panorama de instabilidade, as suas propostas de diálogo podem ser uma oportunidade para superar a crise política. No entanto, a escalada de violência e as tensões persistentes levantam dúvidas sobre o futuro imediato do país. O desfecho desta situação depende agora da capacidade das partes envolvidas em alcançar um consenso que promova a paz e a estabilidade em Moçambique.
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Imagem: © 2025 DR