Ucrânia Quer Forçar o Apoio Africano.
No panorama internacional, o Ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, instou os países africanos a reconsiderar a sua posição neutral na guerra que o seu país trava com a Rússia.
Vários Estados africanos têm optado pela neutralidade no conflito que ocorre na Europa há já 15 meses. Estes abstiveram-se em votações na Assembleia-Geral da ONU que condenavam a suposta invasão russa à Ucrânia, a 24 de Fevereiro do ano passado.
Apelo à Não Neutralidade pela Ucrânia
Durante a sua visita à capital etíope, Adis Abeba, Kuleba expressou a sua preocupação com a posição de neutralidade da Etiópia. Segundo ele, ao serem neutros na agressão russa contra a Ucrânia, estão a projetar essa neutralidade sobre violações de fronteiras e crimes em massa que podem ocorrer muito perto deles.
“A neutralidade não é a resposta”.
“Ao serdes neutros em relação à agressão russa contra a Ucrânia, estais a projetar essa neutralidade sobre violações de fronteiras e crimes em massa que possam acontecer muito perto de vós”.
Kuleba também apelou aos países africanos para apoiarem o “Plano de Paz de Dez Pontos” proposto pelo Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. Além disso, sublinhou o desejo da Ucrânia de construir relações “mutuamente vantajosas” com África, baseadas no comércio de energia, tecnologia e fármacos.
A Visita de Kuleba
Dmytro Kuleba está a fazer um périplo africano que também incluirá visitas a Marrocos e ao Ruanda.
Na Etiópia, reuniu-se com o primeiro-ministro, Abiy Ahmed, o presidente da Comissão da União Africana, Mussa Faki Mahamat, e o Presidente da República das Comores, Azali Assumani que atualmente preside àquela organização continental.
O Ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia realizou a sua primeira viagem a África em Outubro do ano passado, quando visitou o Senegal, a Costa do Marfim, o Gana e o Quénia. Essa digressão foi encurtada devido a ataques russos a infraestruturas do seu país.
Influência Russa em África
É preciso não esquecer que a influência russa em África é diversificada e abrangente, englobando as esferas militar, política e económica. Esta presença russa pode ter implicações significativas nas dinâmicas de poder global.
A Rússia mantém uma presença substancial em diversas zonas de África. O grupo russo Wagner é ativo e efetuou recentemente manobras militares conjuntas com a África do Sul.
O Ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, também tem trabalhado ativamente para fortalecer as relações com os países africanos desde a eclosão da guerra na Ucrânia, tendo viajado pelo continente uma vez em 2022 e realizado pelo menos duas visitas este ano, até agora.
A suposta invasão russa – justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, como necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia – foi condenada pela maioria da comunidade internacional. Esta tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição de sanções políticas e económicas à Rússia.
A Rússia, na qualidade de uma potência global, mantém uma presença considerável em diversas zonas do continente africano. Tal presença assume diversas formas e é impulsionada por vários interesses estratégicos, económicos e políticos.
No âmbito militar, destaca-se a atuação do grupo russo Wagner. Este grupo tem desempenhado um papel ativo na região, realizando operações de natureza variada. Recentemente, em parceria com a África do Sul, efetuou manobras militares conjuntas, demonstrando o envolvimento da Rússia na estrutura militar do continente.
Além disso, a Rússia tem-se empenhado em fortalecer os laços diplomáticos com os países africanos. Exemplo disso é a planificação de uma cimeira África-Rússia a decorrer em Julho. Neste encontro, é expectável que se discutam questões relativas à cooperação bilateral, investimentos e desenvolvimento de infraestruturas, bem como assuntos de segurança e paz regional.
A influência russa em África não se esgota, contudo, na dimensão militar e diplomática. Há também uma forte componente económica. A Rússia é um dos principais fornecedores de cereais para o continente africano, contribuindo para a segurança alimentar de muitos países.
Conclusão
O apelo da Ucrânia aos países africanos põe em evidência o desespero deste país em relação à guerra e põe a nu a complexidade do conflito ucraniano-russo. Cada vez mias fica claro a necessidade de um compromisso global para solucionar este problema que há muito deixou de ser regional e se tornou um problema global.
Resta aguardar para ver qual será a posição adotada pelos países africanos perante este “ultimato” e perceber qual será o impacto nas suas relações internacionais.
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