Saídas Da CEDEAO Levam A Morte Anunciada.
A CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental), enfrenta uma morte anunciada, com o recente anúncio do Burkina Fasso, do Níger e do Mali sobre sua retirada imediata da organização, tornando ainda mais complexa a geopolítica na África Ocidental
Esta decisão, tomada por governos liderados por juntas militares não reconhecidas internacionalmente, levanta questões cruciais sobre a dinâmica regional, as relações diplomáticas e as consequências para a estabilidade política e económica.
O anúncio conjunto destes países saírem da CEDEAO reflete uma decisão soberana, justificada por sanções impostas e condenação dos golpes de Estado ocorridos nestes países. Presentemente governados por juntas militares e que assumem plenamente as suas responsabilidades perante a história, respondendo às expectativas das suas populações.
No entanto, esta decisão, levanta questões sobre o futuro da cooperação regional e a eficácia da CEDEAO.
O Comunicado
O comunicado conjunto emitido pelos líderes destes Estados sahelianos destaca a falha notável da CEDEAO em cumprir os ideais dos pais fundadores e do espírito do pan-africanismo. Após 49 anos de participação na organização, o Burkina Fasso, o Níger e o Mali, expressam pesar pela distância crescente entre a CEDEAO e as suas aspirações.
A acusação de falta de apoio na luta contra o terrorismo e a insegurança, suscita preocupações sobre o papel efetivo da CEDEAO na região, revelando uma disparidade entre a organização e os desafios enfrentados por estes Estados sahelianos.
A ausência de um suporte eficaz, levou estes países a questionarem a utilidade contínua da organização regional, indicando uma insatisfação profunda e levanta dúvidas sobre sua eficácia na promoção da estabilidade regional.
Apesar dos procedimentos claros para a retirada estabelecidos pelo tratado, exigindo o período de um ano antes que a retirada tenha efeito, bem como a falta de uma notificação formal, pode complicar o processo de saída destes países.
A opção dos três países, de uma saída directa e imediata, pode criar fissuras na integridade institucional da CEDEAO, trazendo incertezas sobre o impacto nos demais membros, afetando a livre circulação de bens e cidadãos e gerando preocupações sobre o futuro do bloco.
A Presente Situação
Os recentes golpes de Estado no Burkina Fasso, no Níger e no Mali desestabilizaram governos democraticamente eleitos, resultando na ascensão de juntas militares ao poder. A CEDEAO, criticou os governos dos três países, chegando a ponderar ações militares para restaurar a ordem democrática.
As acusações de ingerência ocidental, especialmente da antiga potência colonial, França, criaram tensões geopolíticas, levando à formação da Aliança dos Estados do Sahel (AES) em Setembro sinalizando uma resposta coordenada a desafios comuns.
A região enfrenta não apenas desafios políticos, mas também ameaças significativas de grupos extremistas islâmicos, intensificando a necessidade de uma resposta unificada. A expulsão das tropas francesas e a presença de mercenários russos no terreno complicaram ainda mais a situação.
A Oxford Economics
A consultora Oxford Economics avaliou a retirada como uma perda significativa para a CEDEAO, enfraquecendo a sua integridade institucional e aumentando a insegurança no Sahel.
A previsão de que a saída dos três países arrasa quaisquer esperanças de restaurar a democracia, levanta preocupações sobre o futuro político da região. Além disso, o impacto económico pode resultar em condições mais difíceis, afetando a migração e a segurança alimentar na área.
Embora o tratado da CEDEAO exija uma notificação formal com um ano de antecedência, a falta de clareza se os três países seguiram esse procedimento levanta dúvidas sobre a legalidade da retirada, já que a CEDEAO, ainda não recebeu uma notificação formal e direta, enfrentando um desafio diplomático significativo.
A União Africana
A União Africana, pelo seu lado, apela ao diálogo e à preservação da unidade da CEDEAO. O presidente da UA expressou profundo pesar pela saída dos três países e incentivou a que haja um diálogo fraterno, longe de interferências externas.
Os esforços para preservar a unidade da CEDEAO tornam-se uma prioridade, destacando a importância de resolver as tensões diplomáticas e manter a solidariedade africana já que a organização enfrenta desafios significativos na aplicação de medidas e na gestão das consequências da retirada desses países.
O comunicado da UA surgiu após a declaração do ministro dos Negócios Estrangeiros do Mali, Abdoulaye Diop, feita no Conselho de Ministros extraordinário, na segunda-feira e divulgada pela Presidência do Mali nessa mesma noite, na qual defendeu que os três países trabalhem “pelos seus próprios interesses, livres de influências externas prejudiciais“.
A decisão de se retirarem da CEDEAO é uma resposta direta às sanções económicas e financeiras impostas pela organização. A pressão para retornar à ordem constitucional aumenta e a retirada é vista como uma forma de reafirmar a autonomia e os interesses dos Estados envolvidos.
O envolvimento de diversos actores internacionais em regiões afectadas pelo terrorismo mostra a importância da cooperação global. As mudanças na dinâmica de cooperação internacional, especialmente nas respostas a ameaças terroristas, podem moldar o cenário futuro.
Conclusão
À medida que o Burkina Fasso, o Níger e o Mali enfrentam desafios significativos após a saída da CEDEAO, as perspectivas futuras para a África Ocidental permanecem incertas. A possibilidade de golpes em outros países, conforme apontado por analistas, destaca a instabilidade regional.
Os desdobramentos nas próximas semanas e meses moldarão o futuro político, económico e diplomático da região. A retirada destes países da CEDEAO representa um desafio expressivo para a região, influenciando diretamente o curso político, económico e diplomático.
O actual panorama na África Ocidental exige uma análise aprofundada das causas e efeitos destas decisões políticas. A comunidade internacional observa atentamente, ciente de que o desenrolar destes eventos moldará não apenas o futuro destas nações, mas também a dinâmica regional como um todo.
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Imagem: © 2024 DR