6.4 C
Londres
Sexta-feira, Janeiro 31, 2025

RDC: Centenas de Mortos Nos Últimos 3 Dias

O leste da República Democrática do Congo (RDC) vive uma escalada de violência sem precedentes, com centenas de mortos e milhares de deslocados. A tomada de Goma pelo grupo M23 e os ataques das ADF em Ituri agravam a crise humanitária, enquanto a comunidade internacional procura soluções.

RDC: Centenas de Mortos Nos Últimos 3 Dias


A escalada do conflito no leste da República Democrática do Congo (RDC) atingiu níveis alarmantes nas últimas semanas, com combates intensos a provocarem centenas de mortos e milhares de deslocados.

A cidade de Goma, capital da província do Kivu Norte, tornou-se o epicentro da violência, após o grupo armado M23, apoiado por forças do Rwanda, ter anunciado a sua captura. A situação humanitária é crítica, com hospitais sobrecarregados e a população civil a enfrentar um panorama de medo e incerteza.

Segundo dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo governo congolês, pelo menos 700 pessoas morreram e 2.800 ficaram feridas nos combates que ocorreram entre 26 de Janeiro e o final da semana passada e só nos últimos 3 dias morreram mais de 100 pessoas.

A ONU alerta que estes números podem ainda aumentar, dada a instabilidade e a presença de munições não deflagradas nas áreas afectadas. Jean-Pierre Lacroix, chefe das operações de manutenção da paz da ONU, descreveu a situação como “tensa e volátil”, com tiroteios ocasionais a continuarem a assustar os habitantes de Goma.

O conflito no leste da RDC não se limita a Goma. A província de Ituri, no nordeste do país, também tem sido palco de ataques violentos, desta vez protagonizados pelas Forças Democráticas Aliadas (ADF), um grupo rebelde com ligações ao Estado Islâmico.

Num ataque recente, pelo menos 28 civis foram mortos em aldeias da região de Walese Vonkutu. Este panorama de violência generalizada levou o Papa Francisco a apelar ao fim das hostilidades, sublinhando a necessidade de proteger a população civil e de encontrar soluções diplomáticas para o conflito.


Tomada de Goma


O grupo armado M23, apoiado por forças do Rwanda, anunciou na segunda-feira a captura de Goma, a maior cidade do leste da RDC. Este desenvolvimento marcou um ponto crítico no conflito que já dura há mais de três anos.

Segundo relatos da ONU, os combates em Goma deixaram cadáveres nas ruas e hospitais sobrelotados, com mais de 100 mortos e cerca de mil feridos registados apenas nos últimos três dias.

A situação é descrita como “caótica”, com a população a fugir em massa para áreas mais seguras. Jean-Pierre Lacroix, chefe das operações de manutenção da paz da ONU, expressou preocupação com o avanço do M23 e das forças do Rwanda em direcção a Bukavu, capital da província de Kivu Sul.

“Segundo as informações de que disponho, o M23 e as FDR (forças armadas do Rwanda) estão a cerca de 60 quilómetros de Bukavu e avançam rapidamente”, afirmou.

A possível tomada do aeroporto de Kavumu, localizado a sul de Goma, é vista como uma ameaça adicional à estabilidade da região. O governo congolês acusa o Rwanda de apoiar directamente o M23, uma alegação que Kigali nega.

No entanto, relatórios de peritos da ONU confirmam a presença de soldados do Rwanda no território congolês, bem como o fornecimento de armas e logística ao grupo rebelde. Esta intervenção externa tem agravado as tensões entre os dois países, com o Conselho de Segurança da ONU a condenar o “desrespeito descarado” pela soberania e integridade territorial da RDC.


Crise Humanitária


A escalada do conflito no leste da RDC provocou uma crise humanitária de grandes proporções. Desde o início de Janeiro, mais de 500.000 pessoas foram deslocadas devido aos combates, segundo dados do governo congolês. Muitas destas pessoas encontram-se agora em campos de refugiados superlotados, sem acesso a alimentos, água potável ou cuidados médicos adequados.

A ONU e várias organizações não-governamentais estão no terreno a tentar prestar assistência, mas os recursos são insuficientes face à magnitude da crise. O Papa Francisco apelou ao fim da violência, destacando a necessidade de proteger a população civil e de encontrar uma solução pacífica para o conflito.

“Exorto todas as partes em conflito a empenharem-se na cessação das hostilidades e na protecção da população civil de Goma e de outras regiões afectadas pelas operações militares”, disse o sumo pontífice.

O apelo foi repetido por vários líderes internacionais, incluindo o secretário-geral da ONU, António Guterres que nomeou um novo comandante para as forças de paz na RDC. A comunidade internacional tem sido pressionada a agir, mas até agora as respostas têm sido limitadas.

O Uruguai anunciou um cessar-fogo mediado pela missão da ONU, mas o acordo ainda não foi confirmado oficialmente pelo governo congolês ou pelo M23. Enquanto isso, manifestantes em Kinshasa atacaram várias embaixadas, incluindo a do Rwanda, acusando os países estrangeiros de inacção perante a crise.


ADF em Ituri


Enquanto a atenção se concentra em Goma, a província de Ituri, no nordeste da RDC, continua a ser assolada por ataques das Forças Democráticas Aliadas (ADF). Este grupo rebelde, de origem ugandesa, tem ligações ao Estado Islâmico e é responsável por inúmeros ataques contra civis na região.

Num incidente recente, pelo menos 28 pessoas foram mortas em aldeias do distrito de Walese Vonkutu, segundo a Convenção para o Respeito dos Direitos Humanos (CRDH). As ADF têm sido alvo de operações militares conjuntas entre as Forças Armadas da RDC (FARDC) e o exército do Uganda, mas os resultados têm sido limitados.

A região de Ituri, rica em ouro e outros recursos naturais, é um dos principais focos de conflito, com vários grupos armados a disputarem o controlo do território. A presença das ADF e de outras milícias tem tornado a vida da população local um inferno, com relatos frequentes de massacres, raptos e violência sexual.


Conclusão


A escalada do conflito no leste da RDC representa uma ameaça grave não apenas para a estabilidade do país, mas para toda a região dos Grandes Lagos. A tomada de Goma pelo M23, o avanço das forças do Rwanda e os ataques das ADF em Ituri criaram um panorama de violência generalizada, com consequências devastadoras para a população civil.

A comunidade internacional tem um papel crucial a desempenhar na resolução deste conflito, mas até agora as respostas têm sido insuficientes. É urgente que sejam envidados todos os esforços diplomáticos para alcançar uma cessar-fogo e para garantir a protecção dos civis.

A crise humanitária na RDC exige uma resposta coordenada e eficaz que vá além das declarações de condenação e dos apelos à paz. Enquanto isso, o povo congolês continua a pagar o preço mais alto, numa guerra que parece não ter fim à vista.

 


O que pensas desta crise na RDC? Queremos saber a tua opinião, não hesites em comentar e se gostaste do artigo partilha e dá um “like/gosto”.

 

Imagem: © 2025 Moise Niyonzima / EPA
Logo Mais Afrika 544
Mais Afrika

Olá 👋
É um prazer conhecermo-nos.

Regista-te para receberes a nossa Newsletter no teu e-mail.

Não enviamos spam! Lê a nossa política de privacidade para mais informações.

Ultimas Notícias
Noticias Relacionadas

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Leave the field below empty!

Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!

error: Content is protected !!