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Segunda-feira, Outubro 6, 2025

PR de Angola Condecora Mais De 380 Militares

383 militares das Forças Armadas Angolanas (FAA) vão ser condecorados na terça-feira, segundo a lista oficial divulgada pelo Governo angolano, na 7.ª cerimónia de condecorações no âmbito do 50.º aniversário da independência nacional.

PR de Angola Condecora Mais De 380 Militares


Em Angola, as condecorações presidenciais voltam a estar no centro das atenções, das celebrações dos 50 anos da independência. A recente lista divulgada pela Presidência da República, com nomes ilustres e figuras controversas, reacende o debate sobre os critérios e o simbolismo destas distinções nacionais.

Mais do que simples gestos protocolares, as condecorações representam uma leitura política da história recente do país. Entre os agraciados, destacam-se antigos dirigentes do MPLA, militares de carreira e personalidades ligadas à construção do Estado angolano.

Contudo, a inclusão de figuras envolvidas em polémicas judiciais e a ausência de outros nomes de relevo têm alimentado críticas públicas e reflexões sobre o verdadeiro alcance da homenagem.

As distinções inserem-se nas comemorações do cinquentenário da independência de Angola, simbolizando não apenas a gratidão do Estado pelos serviços prestados, mas também a tentativa de reforçar a unidade nacional em torno dos ideais de paz e desenvolvimento.

Num país ainda marcado pelas memórias da guerra e pelas tensões políticas, a entrega destas medalhas ganha um peso simbólico que transcende a cerimónia: é, em última análise, um espelho do modo como Angola escolhe lembrar os seus heróis.


Os Nomes da Controvérsia


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Imagem: © 2025 CIPRA

Entre os agraciados que o Presidente da República de Angola vai condecorar, figuram nomes como o general Fernando da Piedade Dias dos Santos “Nandó”, antigo presidente da Assembleia Nacional e o general Paulo Pfluzer Barreto de Lara “Paulo Lara”, filho do nacionalista Lúcio Lara e membro-fundador da Associação Tchiweka de Documentação, a título póstumo.

A lista inclui ainda o general Bento dos Santos “Kangamba”, empresário e dirigente desportivo, que chegou a ser detido em 2020 quando tentava alegadamente fugir do país, no âmbito de um processo de fraude.

Kangamba, que já viu o seu nome envolvido em vários casos de justiça, estava acusado de usar em proveito próprio mais de cinco milhões de euros que lhe teriam sido entregues para financiar uma campanha do seu partido, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), que está no poder em Angola desde 1975.

Outro dos nomes que se destacam na lista é o de Eduardo Ernesto Gomes “Bakalof”, uma das vítimas da tentativa do golpe de Estado de 27 de Maio de 1977, conhecido como “Fraccionismo” que envolveu duas facções rivais do MPLA deixando um número indeterminado de mortes que, segundo algumas fontes não governamentais, como a Amnistia Internacional, podem chegar aos 30.000.

No total foram atribuídas nas seis cerimónias realizadas desde abril 3.686 condecorações, mas nem todos os condecorados quiseram receber a distinção e alguns expressaram publicamente os motivos da sua recusa.

A próxima cerimónia pretende reconhecer o contributo de dezenas de oficiais superiores e generais pela sua dedicação e bravura em serviço, incluindo cerca de 50 condecorações atribuídas a título póstumo, reflectindo o reconhecimento do Estado por serviços prestados ao longo de várias décadas, tanto no período da guerra como na consolidação da paz.


Honrar Quem Merece


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Imagem: © 2025 CIPRA

As condecorações inserem-se nas comemorações dos 50 anos da independência de Angola, que se assinalam a 11 de Novembro de 2025, e visam reconhecer personalidades e instituições, nacionais e estrangeiras, cujas acções deixaram marca na história do país.

A Medalha Comemorativa dos 50 Anos da Independência Nacional distingue combatentes da libertação, diplomatas, artistas, empresários, desportistas e outros profissionais, considerados promotores da paz e do desenvolvimento.

Diferente de outras condecorações angolanas, esta medalha é efémera — criada apenas para o ano jubilar e divide-se em três classes: Honra (para líderes e estadistas), Independência (para os que lutaram pela libertação) e Paz e Desenvolvimento (para os construtores da Angola moderna).

De acordo com a lista nominal tornada pública, 91 militares receberão a Medalha do Valor das Forças Armadas Angolanas, 2.ª Classe, enquanto outros 43 serão distinguidos com a Medalha do Valor das FAA, 3.ª Classe.

No mesmo acto, 30 militares receberão a Medalha da Defesa Nacional, 1.ª Classe, outros 30 a Medalha da Defesa Nacional, 2.ª Classe, e 95 a Medalha da Defesa Nacional, 3.ª Classe. As distinções abrangem igualmente a Medalha Militar dos Serviços Distintos, atribuída em três níveis: 7 militares na 1.ª Classe, 31 na 2.ª Classe e 56 na 3.ª Classe.

As condecorações enquadram-se no Decreto Presidencial n.º 12/96 que regula a atribuição de medalhas militares visando reconhecer actos de bravura, lealdade, dedicação e serviços de elevado mérito prestados no âmbito da defesa e segurança do Estado, sendo atribuídas exclusivamente pelo Presidente da República, João Lourenço, evocando “os sacrifícios e conquistas colectivas” do povo de Angola.

Ainda assim, o critério de escolha continua a suscitar reservas: vários sectores da sociedade questionam a ausência de nomes relevantes da cultura, do desporto e da política, num gesto que, para muitos, deveria reflectir de forma mais ampla o contributo colectivo do povo angolano.


Conclusão


As condecorações presidenciais de 2025, ligadas as comemorações dos 50 anos de Independência de Angola, foram concebidas para marcar um momento de exaltação nacional, mas também um momento de profunda reflexão.

Mais do que premiar o passado, elas convocam o país a pensar o futuro — um futuro onde o mérito, a ética e o serviço público sejam o verdadeiro critério de distinção. No cinquentenário da independência, Angola honra os seus heróis, mas o maior desafio permanece: transformar o reconhecimento simbólico em inspiração concreta para as novas gerações.


O que pensas destas condecorações pelas comemorações dos 50 Anos de Independência de Angola? Queremos saber a tua opinião, não hesites em comentar e se gostaste do artigo partilha e dá um “like/gosto”.

 

Imagem: © 2025 Ampe Rogério
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