Nigéria: Bola Tinubu ganha, mas há polémica.
Os nigerianos votaram na continuidade política na Nigéria. Bola Tinubu, o candidato do partido no poder, foi declarado vencedor das presidenciais de sábado, no entanto, apesar de favorito, perdeu popularidade durante a campanha.
Segundo os resultados anunciados na televisão, Tinubu obteve 8,79 milhões de votos (37%), Atiku Abubakar ficou em segundo lugar, com 6,98 milhões de votos (29%), e Peter Obi, na terceira posição, teve 6,1 milhões (25%).
O presidente eleito agradeceu aos seus apoiantes na capital, Abuja, e dirigiu uma mensagem aos adversários políticos:
“Aproveito esta oportunidade para apelar aos meus colegas para que nos deixem formar uma equipa”.
“É a única nação que temos. É um país e temos de construir juntos”.
Bola Tinubu sucede a Muhammadu Buhari, que não pôde candidatar-se à reeleição após ter cumprido dois mandatos consecutivos.
Quem é Bola Tinubu
Bola Tinubu, com a simpática idade de 70 anos, venceu as eleições presidenciais com o slogan de campanha “emi lo kan” que em Yoruba significa “esta é a minha vez”
A 1 de Março de 2023, foi declarado vitorioso na corrida para liderar a democracia mais populosa de África.
“Gostaria de dedicar este dia e registá-lo como o momento em que juramos unir-nos para que a Nigéria se erga”.
“Estamos comprometidos com o progresso, desenvolvimento e a renovação da esperança dos nigerianos”.
Afirmou Bola Tinubu, o novo Presidente eleito da Nigéria.
Bola Tinubu nasceu em Lagos em 1952, numa família muçulmana do grupo étnico Yoruba, que é a maioria no sudoeste nigeriano.
Nos anos 70, estudou nos Estados Unidos enquanto trabalhava como lavador de louça, taxista e guarda noturno para financiar a sua educação. Licenciou-se na Universidade de Chicago em 1979, onde obteve licenciatura em administração de empresas.
Depois de trabalhar para empresas de consultoria americanas, regressou à Nigéria, nos anos 80, e trabalhou para a companhia petrolífera Mobil, como auditor. Envolveu-se pela primeira vez na política nos anos 90 e foi eleito governador de Lagos quando o Governo militar terminou, em 1999.
Por vezes referido como o “padrinho” político, Tinubu tem sido conhecido por exercer o poder nos bastidores e usar a sua extensa rede para apoiar os candidatos ao cargo.
O apoio de Tinubu ajudou o Presidente cessante Muhammadu Buhari a ganhar dois mandatos, em 2015 e 2019.
Acredita-se que seja um dos políticos mais ricos da Nigéria, mas a fonte da sua riqueza é desconhecida.
O influente político, a que alguns chamam mesmo de “fazedor de reis”, tem interesses numa série de empreendimentos comerciais, desde meios de comunicação social e aviação a consultoria fiscal, além de hotéis e imobiliárias.
Também já foi acusado de corrupção, lavagem de dinheiro e de operar mais de uma dúzia de contas bancárias estrangeiras, mas nunca foi indiciado e nega ter cometido atos ilícitos.
Desde que deixou o cargo de governador de Lagos, em 2007, foi Tinubu quem escolheu todos os subsequentes candidatos vencedores.
A polémica
Os dois principais candidatos da oposição já exigirem a anulação das eleições, considerando que os atrasos na contagem dos resultados tinham dado lugar a irregularidades.
Abubakar também terminou em segundo lugar na última votação, em 2019, tendo depois recorrido desses resultados antes do processo ser arquivado.
O partido de Tinubu, “All Progressives Congress”, instou a oposição a aceitar a derrota e a não causar problemas.
Os partidos têm agora três semanas para recorrer dos resultados, mas uma eleição só pode ser invalidada se se provar que o órgão eleitoral nacional não seguiu a lei e agiu de formas que poderiam ter alterado o resultado. Até agora, o Supremo Tribunal da Nigéria nunca anulou uma eleição presidencial.
Peter Obi, terceiro ou primeiro?
Peter Obi, o candidato do Partido Trabalhista, que obteve 25% dos votos de acordo com os resultados oficiais, ficando por isso em terceiro, prometeu provar em tribunal que os seus apoiantes foram “roubados” da vitória.
“Ganhamos a eleição e vamos provar isso aos nigerianos”.
“O povo bom e trabalhador da Nigéria foi novamente roubado pelos nossos supostos líderes em quem confiavam”.
Afirmou Obi, na sua primeira declaração púbica após saber os resultados oficiais das eleições presidenciais.
Obi recusou-se a dizer que evidências tinha para provar que ganhou a eleição, mas a sua contestação provavelmente baseou-se na incapacidade da Comissão Nacional Eleitoral Independente (Inec) de publicar os resultados das votações em tempo real usando um novo sistema de transmissão.
A diretriz do Inec para as eleições na Nigéria, afirma explicitamente que os resultados de cada uma das mais de 176.000 seções eleitorais iria ser transmitidos eletronicamente em tempo real e carregados imediatamente no site.
Mas isso não aconteceu no dia das eleições, com o Inec a pedir desculpas pelo que chamou de “falhas técnicas” e a garantir que quaisquer discrepâncias entre os resultados no portal e os “resultados físicos” seriam investigados e resolvidos o mais breve possível.
Mas, dias após o fim das eleições, a comissão ainda não colocou todos os resultados das seções eleitorais no seu site.
As eleições também sofreram longos atrasos, o que levou alguns eleitores a fazerem filas durante a noite para votar e, a votação, foi estendida até domingo em algumas áreas.
Houve inclusive alguns casos de homens armados a atacaram as assembleias de voto e a roubaram as urnas.
A questão a por é esta: será que estes problemas foram suficientes para afetar o resultado das Eleições Presidenciais da Nigéria, já que Tinubu teve uma margem de vitória de cerca de 1,8 milhões de votos?
No entanto, como também, Atiku Abubakar, o candidato do principal partido da oposição, o PDP que ficou em segundo lugar com 29% dos votos, contestou o resultado, a polémica está lançada.
O que achas desta situação? Será que a democracia na Nigéria, está a começar a sofrer com a corrupção do resto do continente? Queremos saber a tua opinião, não hesites em comentar e se gostaste do artigo partilha e dá um “like/gosto”.
Imagem: © 2023 Pius Utomi Ekpei