Guiné-Bissau: crioulo e línguas nacionais no ensino.

O ministro da Função Pública da Guiné-Bissau,  Cirilo Djaló, defende a introdução do crioulo e línguas nacionais no ensino e considera que o português “não é sentido como um meio de comunicação indispensável” por uma larga maioria da população.

O ministro falava, em representação da titular da pasta da Educação, na abertura de um seminário de apresentação de um estudo de viabilidade sobre a introdução de línguas nacionais e o crioulo no sistema educativo guineense.

O seminário é coorganizado entre o Governo da Guiné-Bissau e pela delegação da UNESCO no país.

Na qualidade de antigo ministro da Educação, Cirilo Djaló exortou as entidades envolvidas no setor do ensino a acelerarem os esforços no sentido de criar normas linguísticas para o crioulo e línguas nacionais que, disse, devem ser introduzidas no sistema escolar.

“Nenhum país conseguiu desenvolver-se na base de um sistema educativo em que o ensino é exclusivamente ministrado numa língua que a maioria da população ignora”.

“O desenvolvimento durável é possível só quando acompanhado por um sistema educativo em que as comunidades beneficiárias se apropriam deste”, observou Djaló.

O ministro da Função Pública da Guiné-Bissau notou que toda a África tem atualmente como um dos principais desafios a problemática do uso das línguas nacionais no sistema do ensino, nomeadamente ao nível de modalidade de utilização das mesmas, disse.

Na Guiné-Bissau, sublinhou Cirilo Djaló, não existe uma política para as línguas nacionais, estatuto apenas reservado ao português, língua oficial.

“No plano jurídico apenas o português, língua oficial, é que possui um estatuto definido, sendo ao mesmo tempo língua do ensino, em todos os níveis escolares, língua de administração e da justiça, língua da imprensa escrita e principal língua do audiovisual”.

“Porém, no plano sociológico, apesar do grande prestígio que lhe é conferido pela lei, o português repousa sobre bases sociais muito estreitas”, destacou o governante guineense.

Cirilo Djaló notou ainda que, no processo de aquisição de conhecimentos para os alunos, enquanto as línguas nacionais não contam com estatuto definido e com o alfabeto proposto pela Guiné-Bissau, ainda por aprovar, o português acaba por ser utilizado apenas nas salas de aulas.

“Esta função comunicativa é largamente preenchida pelo crioulo e as outras línguas nacionais”.

“Paradoxalmente, não beneficiam de estatuto oficial e o alfabeto proposto não foi reconhecido oficialmente até agora”, sublinhou Cirilo Djaló.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!