Moïse Katumbi: Concorre À Presidência Da RDC.
Moïse Katumbi, uma das pessoas mais poderosas da República Democrática do Congo (RDC), empresário ligado às minas e ao futebol, cujas ambições presidenciais nunca estiveram em dúvida, concorre à presidência do país.
Apesar de já o ter tentado anteriormente, no passado, inúmeros obstáculos impediram-no de seguir em frente, incluindo uma sentença de prisão, ameaças de morte e exílio.
Agora, o magnata multimilionário e popular líder do futebol, espera que 2023 seja o ano em que finalmente conquistará o cargo máximo. O Sr. Katumbi afirma que o o seu sucesso anterior em impulsionar a infraestrutura e a educação enquanto era governador da província mais rica do país, Katanga, foi “o programa piloto para o Congo“.
Se vencer as eleições presidenciais a 20 de Dezembro, ele também promete reformar a segurança e direcionar o leste da RDC para a tão esperada paz. O carismático líder de 58 anos do partido “Juntos pela República” é considerado um favorito – até agora, quatro outros candidatos da oposição desistiram para apoiá-lo.
No entanto, os críticos do Sr. Katumbi questionam o seu histórico de transparência e acusam-no de usar a política para promover os seus interesses comerciais pessoais – algo que ele sempre negou.
Moïse Katumbi
Nasceu a 28 de Dezembro de 1964 na aldeia de Kashobwe, perto da fronteira com o Uganda. O seu pai, Nissim Soriano, fugiu de Rhodes na Grécia, para a África Central após sobreviver ao Holocausto Nazi e casou-se com Virginie Katumbi, uma mulher congolense da realeza da tribo Kazembe-Lunda.
Diz-se que a família abandonou o sobrenome Soriano nos anos em que a RDC era chamada Zaire e governada por Mobutu Sese Seko, adoptando o sobrenome mais africano de Katumbi do lado da mãe.
O jovem Moïse passou a sua infância perto do Lago Mweru, na província sul do Katanga que um dia governaria. O seu pai administrava um próspero negócio de pesca e, o Sr. Katumbi, supostamente vendia peixe para a gigante estatal de minas da RDC, Gécamines, quando ainda era adolescente.
A a sua educação comercial foi cortesia do seu meio-irmão mais velho, Raphaël Soriano, de quem ele se tornou o único fornecedor de rações para os mineiros da Gécamines. Eles também administravam um negócio de importação e exportação na vizinha Zâmbia.
Parte desses ganhos foi direcionada para restaurar um clube de futebol muito amado, à a sua antiga glória. O TP Mazembe (as iniciais são abreviação de “Tout Puissant” ou “Todo-Poderoso”), fundado por monges beneditinos.
Tornou-se uma das equipes mais bem-sucedidas da África subsaariana durante as duas décadas de presidência de Raphaël Soriano e manteve essa distinção desde que Moïse Katumbi assumiu o comando há 26 anos.
A Corrida Para a Presidência
Will he, or won’t he? That has long been the question [“Will he, or won’t he? That has long been the question”, tradução livre, ele fará, ou não fará? Essa tem sido há muito tempo a pergunta, é uma paródia ao famoso monólogo de Hamlet, de William Shakespeare. O monólogo original começa com as palavras “To be, or not to be: that is the question” (“Ser, ou não ser: eis a questão”). A alusão é uma maneira de brincar com a linguagem e incorporar um toque literário ou dramático à expressão.], foi uma frase que apareceu na comunicação social, parodiando o facto de ele ser o eterno candidato à presidência, mas nunca ter concretizado a corrida. A pergunta a fazer agora é: Será desta?
Como aliado próximo do presidente Joseph Kabila, o Sr. Katumbi recebeu a a sua bênção para concorrer como governador na potência económica da RDC, Katanga. A sua eleição em 2007 foi certa, dada A sua popularidade como chefe do TP Mazembe e o fato dos outros dois candidatos terem desistido.
Apesar da sua vasta influência nos campos desportivo, mineiro e posteriormente político, o Sr. Katumbi sempre negou qualquer conflito de interesses.
Numa entrevista dada à BBC em 2016, disse:
“Eu nunca misturo política e negócios”.
“Eu nasci em uma família onde se faziam negócios, [quando] entrei para a política, já era empresário. Parei esse trabalho, não precisa de os misturar”.
Os planos do Sr. Katumbi de concorrer à presidência em 2016 foram frustrados depois de ter sido condenado à revelia por contratar mercenários dos EUA no estrangeiro, o que o forçou a deixar o país por três anos.
Ele afirmou que as acusações eram motivadas politicamente, surgindo um ano depois de deixar o partido PPRD do presidente Kabila e o cargo de governador, acusando o Sr. Kabila de planear um terceiro mandato inconstitucional. As acusações foram posteriormente retiradas.
Houve rumores de ameaças de morte e o Sr. Katumbi acusou o governo do Congo de tentar envenená-lo, o que foi desmentido oficialmente por um porta-voz do país. “O plano deles era matar-me“, insistiu o Sr. Katumbi na época, “porque eles têm medo da minha popularidade“.
Em Outubro deste ano, um caso judicial que sugeria que o Sr. Katumbi tinha dupla nacionalidade, por causa do seu falecido pai e, portanto, não seris elegível para concorrer à presidência, foi rejeitado. Os seus apoiantes afirmaram que isso era mais uma tentativa de o prejudicar.
Conclusão
Moïse Katumbi, uma figura destacada na RDC, anuncou a sua candidatura presidencial. Esta candidatura, traz consigo, uma narrativa marcada por desafios superados no setor das minas e do futebol. A sua promessa de reformas e a luta constante pela paz, no leste do país delineiam as suas intenções políticas.
Contudo, as críticas à sua transparência e as alegações de interesses comerciais pessoais têm gerado controvérsia sobre a sua idoneidade.
O histórico de obstáculos superados e a influência em setores-chave posicionam-no como um candidato a ser observado, destacando, no entanto, a incerteza em torno da questão central: conseguirá Katumbi concretizar o seu sonho presidencial desta vez?
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Imagem: © 2023 DR