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Quarta-feira, Novembro 20, 2024

Líbia: Inundações Causam Mais de 5.200 Mortos

O aquecimento global está directamente relacionado ao aumento da temperatura da água do mar, o que contribui para a formação de ciclones e tempestades mais poderosas.

Líbia: Inundações Causam Mais de 5.200 Mortos.

A Líbia, uma nação marcada por décadas de instabilidade política e conflitos armados, após a divisão política que assola o país desde o assassinato de Muammar Kadafi em 2011, está agora a enfrentar uma catástrofe de proporções inimagináveis devido às inundações que assolaram o país.

As imagens de destruição, cidades inteiras submersas e comunidades isoladas revelam o impacto devastador da tempestade Daniel, que se transformou em um ciclone tropical do Mediterrâneo. Com um número crescente de mortos (5.200) e desaparecidos (10.000), a Líbia depara-se com desafios monumentais para encontrar sobreviventes e para prestar assistência às vítimas.

O planeta parece estar-se a vingar das feridas que a humanidade lhe tem feito, só este ano, já ocorreram mais desastres naturais, do que na última década. Ainda nem acabou o rescaldo do terramoto no Marrocos e agora enfrentamos as inundações na Líbia, com os números de mortos a aumentarem a cada dia que passa.

 

Mais de 5.200 Mortos, até Agora…

Imagem © 2023 DR (20230912) Líbia Inundações Causam Mais de 5.200 MortosA Líbia, uma nação do norte da África, enfrenta uma tragédia de proporções catastróficas devido às inundações devastadoras desencadeadas pela tempestade Daniel.

Até o momento, o último balanço oficial, segundo o ministro do Interior do país, reporta que mais de 5.200 pessoas perderam a vida devido às inundações. No entanto, é importante ressalvar que este número trágico está em constante mudança, à medida que as operações de resgate e salvamento continuam, sem contar que a tragédia se agravou, com o rompimento simultâneo de duas barragens.

As inundações, descritas como “catastróficas” pelas autoridades locais, causaram a destruição de bairros inteiros, isolando comunidades e tornando as estradas intransitáveis. Além dos mortos confirmados, a Cruz Vermelha alerta que pelo menos 10.000 pessoas estão desaparecidas, um número que gera grande preocupação, uma vez que as chances de sobrevivência diminuem à medida que o tempo passa.

A cidade mais gravemente afetada é Derna, localizada no leste da Líbia, onde já estão mais de 2.000 mortos contabilizados. Esta cidade costeira foi atingida de forma devastadora pelas inundações e a maior parte das vítimas mortais está concentrada nesta área.

As imagens que circulam nas redes sociais mostram uma paisagem apocalíptica, com ruas inundadas, edifícios destruídos e corpos à espera de identificação e enterro nas praças públicas. É um panorama que lembra a destruição causada por desastres naturais em outras partes do mundo.

O acesso a Derna e outras cidades afetadas está extremamente comprometido devido aos danos nas infraestruturas, incluindo estradas e pontes destruídas pelas enchentes. Isso tem dificultado o trabalho das equipas de resgate e a entrega de ajuda humanitária tão necessária às comunidades isoladas.

As autoridades locais têm feito apelos desesperados por ajuda internacional, uma vez que a capacidade do governo líbio, dividido em dois, é nula e as organizações locais estão sobrecarregada pela magnitude da tragédia.

 

A Líbia em Estado de Emergência

Além da devastação causada pelas inundações, a Líbia enfrenta esta catástrofe num contexto de divisão política e conflitos internos. O país está dividido entre duas administrações rivais, cada uma controlando diferentes partes do território. Uma administração está baseada no leste da Líbia, na cidade de Tobruk, enquanto a outra, reconhecida internacionalmente, opera a partir da capital, Trípoli, no Oeste.

Essa divisão política tem sido uma fonte constante de conflitos e instabilidade no país desde o assassinato de Muammar Kadafi em 2011, durante a chamada “Primavera Árabe”. Essa pseudo revolta popular, manipulada por forças externas ao país, resultou na queda do regime de Kadafi, mas também mergulhou a Líbia em uma década de caos.

Com diferentes grupos armados, milícias e potências estrangeiras com interesses no terrenos e a tentarem conquistar influência e controle no país. A instabilidade política e a falta de um governo central coeso têm prejudicado a capacidade da Líbia de responder eficazmente a desastres naturais e crises humanitárias.

A actual tragédia desta inundação expõe ainda mais a fragilidade das infraestruturas líbias que já estavam em estado de deterioração devido aos anos de conflito. Estradas, pontes e redes de telecomunicações foram afectadas, tornando ainda mais difícil para quem quer que seja, coordenar operações de resgate e assistência humanitária.

O presidente do Conselho Presidencial da Líbia, Muhammad Manfi, declarou várias províncias da região nordeste da Cirenaica como “zona de desastre” e apelou à comunidade internacional para que forneça ajuda humanitária.

Al Manfi afirmou já ter contatado países como Espanha e Itália para coordenar o seu apoio e as petrolíferas Total (França) e Eni (Itália) comprometeram-se a fornecer três aviões à disposição do Governo de Benghazi na terça-feira. Tunísia, Egito, Argélia e Catar ofereceram ajuda.

 

Resposta Internacional

Imagem © 2023 DR (20230912) Líbia Inundações Causam Mais de 5.200 MortosNo meio a essa crise humanitária, a comunidade internacional tem-se mobilizado para oferecer ajuda à Líbia. Países como Espanha, Itália, Canadá, Estados Unidos e Turquia expressaram a sua solidariedade e disposição para enviar assistência às vítimas das inundações. A União Europeia também se manifestou pronta para ajudar, reconhecendo a gravidade da situação.

A Organização Internacional para as Migrações (OIM) informou que mais de 2.000 pessoas em Benghazi foram afetadas pelas chuvas e estão atualmente abrigadas em escolas da cidade. As inundações também forçaram a evacuação de pacientes do Centro Médico Al Baida.

A OIM destacou os danos significativos nas infraestruturas, incluindo estradas e redes de telecomunicações, bem como a deslocação de centenas de famílias.

O Alto Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Josep Borrell, lamentou os danos causados pelo ciclone Daniel e pelas chuvas torrenciais na Líbia, afirmando que a UE está pronta para ajudar o país.

A Turquia enviou aviões com funcionários para auxiliar nos esforços de resgate, enquanto os Emirados Árabes Unidos também se comprometeram a fazer o mesmo. A situação é de alerta máximo, e as autoridades estão a procurar todas as formas possíveis de fornecer ajuda às comunidades afectadas.

 

Papa Francisco Reza Pela Líbia

O Papa Francisco recebeu com tristeza, a notícia das violentas inundações provocadas por chuvas torrenciais na Líbia. A mensagem, assinada pelo secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Pietro Parolin, foi enviada ao núncio apostólico na Líbia, Dom Savio Hon Tai-Fai, e publicada nesta terça-feira, 12. O cardeal expressa a dor do Papa pelas mortes e destruição causadas no país.

“Ele [o Papa] assegura as suas orações pelas almas dos que morreram e pelos que choram pelas suas perdas”.

“A Sua Santidade, também expressa proximidade espiritual aos feridos, àqueles que temem pelos seus entes queridos desaparecidos e às equipes de emergência que providenciam o resgate e assistência”.

 

Mudanças Climáticas

A tempestade Daniel, que se transformou em um ciclone tropical do Mediterrâneo, é descrita por especialistas como um fenômeno “extremo em termos de volume de água“. As mudanças climáticas têm desempenhado um papel significativo no aumento da intensidade de tempestades como esta.

Depois de ter perdido intensidade, a tempestade voltou a ganhar força ao chegar à Líbia, com ventos que chegaram a 180 km/hora e precipitações entre 50 e 250 mm, segundo o Centro Meteorológico Regional Árabe. Isso causou inundações em uma vasta área que vai de Benghazi até El Beida.

De acordo com o Centro Nacional de Meteorologia da Líbia, a tempestade deverá avançar cada vez mais para leste, ao redor das áreas de Jaghbub, e alcançar as regiões na fronteira com o Egito.

É preciso não esquecer que o aquecimento global está directamente relacionado ao aumento da temperatura da água do mar, o que contribui para a formação de ciclones e tempestades mais poderosas.

A tempestade Daniel não afetou apenas a Líbia, também causou destruição em outros países do Mediterrâneo, incluindo a Grécia, a Turquia e a Bulgária, resultando em pelo menos 27 mortes nestas regiões. Isso levanta preocupações sobre a crescente ameaça de ciclones tropicais no Mediterrâneo devido às mudanças climáticas.

 

Esforços de Resgate na Líbia

Imagem © 2023 DR (20230912) Líbia Inundações Causam Mais de 5.200 MortosOs esforços de resgate e assistência humanitária estão em pleno andamento no leste da Líbia. O governo líbio anunciou a mobilização de recursos para ajudar as populações atingidas pelas inundações. Isso inclui o envio de 50 ambulâncias e uma equipe de 75 médicos e enfermeiros para Derna, juntamente com suprimentos médicos e materiais destinados a reforçar os hospitais das áreas rurais afetadas.

As operações de busca e salvamento continuam a toda a força, com equipas de emergência a trabalhar incansavelmente para localizar sobreviventes e recuperar os corpos das vítimas. No entanto, as condições agrestes nas áreas afetadas, incluindo a falta de infraestrutura e acesso limitado, tornam essa tarefa extremamente difícil.

O Crescente Vermelho anunciou a morte de três dos seus membros durante operações de resgate em Derna. A falta de recursos e o difícil acesso a estas zonas montanhosas obrigou equipes de resgate e cidadãos a retirar vítimas dos escombros com utensílios domésticos e a sepultá-las em valas comuns no cemitério de Martouba, a cerca de vinte quilômetros de distância.

 

Apelo à Solidariedade

O alto representante da União Europeia, Josep Borrell, ressalvou a importância da solidariedade internacional neste momento crítico. Ele destacou que a UE está a acompanhar de perto a situação e está pronta para ajudar a Líbia nas suas operações de resposta a desastres.

A Líbia já recebeu um pronto apoio da Turquia que enviou equipas de emergência para auxiliar nas operações de resgate. Os Emirados Árabes Unidos também se comprometeram a oferecer ajuda e outros países também já o fizeram.

Foi também criada uma ponte aérea entre a capital, Trípoli, e a região oriental para transportar os feridos mais críticos e a companhia aérea nacional Afriqiya Airways ofereceu voos gratuitos para a circulação de pessoal médico e agentes humanitários.

O primeiro-ministro do Governo de Unidade Nacional (GUN), Abdulhamid Debiba, radicado em Trípoli, prometeu que o Estado indenizará todos os afectados pelas cheias e decretou três dias de luto pelas vítimas além de ordenar que as bandeiras em todo o país sejam içadas a meia haste.

Por seu lado, o Executivo paralelo, apoiado pelo Parlamento e sediado em Benghazi, decretou este domingo e segunda-feira feriado em todas as instituições e escolas públicas – com exceção das forças de segurança, médicos e profissionais essenciais – da região da Cirenaica que controla a sua administração.

A Missão das Nações Unidas na Líbia (Unsmil) afirmou num comunicado que está a acompanhar de perto a situação de emergência e está pronta para fornecer assistência humanitária urgente para complementar os esforços nacionais e locais.

 

Conclusão

As inundações na Líbia representam uma das maiores tragédias humanitárias da região e expõem as vulnerabilidades do país em face aos desastres naturais, em parte devido à sua divisão política e décadas de conflito. Com mais de 5.200 mortos e milhares de desaparecidos, a magnitude da devastação é avassaladora.

Neste momento de crise, a solidariedade internacional desempenha um papel crucial na resposta a esta tragédia. A comunidade internacional, apesar de se encontrar assoberbada com o sismo que ocorreu em Marrocos, uniu-se para oferecer assistência, demonstrando a importância da cooperação global em tempos de necessidade.

As mudanças climáticas também estão em foco, uma vez que a tempestade Daniel é vista como um exemplo do impacto do aquecimento global na intensidade das tempestades no Mediterrâneo. Esta catástrofe serve como uma nota sombria da necessidade de haver uma ação global para combater as mudanças climáticas e para nos prepararmos para desastres naturais cada vez mais frequentes e intensos.

Neste momento de luto e desespero, a esperança reside na solidariedade e na capacidade de resposta humanitária, que podem ajudar a aliviar o sofrimento das vítimas e apoiar a Líbia no seu longo percurso de recuperação.

 

O que achas das consequências de mais este desastre natural, agora na Líbia? Queremos saber a tua opinião, não hesites em comentar e se gostaste do artigo partilha e dá um “like/gosto”.

 

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Imagem: © 2023 DR
Francisco Lopes-Santos

Atleta olímpico, tem um Doutoramento em Antropologia da Arte e dois Mestrados um em Treino de Alto Rendimento e outro em Belas Artes. Escritor prolifero, já publicou vários livros de Poesia e de Ficção, além de vários ensaios e artigos científicos.

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Francisco Lopes-Santos
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