JMJ Vai Para Seul, África É Esquecida, Outra Vez.
A Jornada Mundial da Juventude 2023 (JMJ 2023), que se realizou em Lisboa, Portugal, terminou e, como de costume, após a missa do envio, foi anunciado o local e data do próximo evento. Para Surpresa de todos, ou nem por isso, mais uma vez, África, o único continente que até agora não albergou nenhuma JMJ, foi esquecida e ficou de fora, ficando marcada a JMJ 2027 para Seul na Coreia do Sul.
A JMJ 2023, marcou o encontro de mais de um milhão e meio de peregrinos, vindos de diversos continentes, para participar em celebrações religiosas, missas, palestras e momentos de partilha. O ponto alto do evento foi a presença e as mensagens do Papa Francisco, que enfatizou a importância da abertura, solidariedade e serviço à sociedade.
Durante uma semana repleta de atividades e emoções, os jovens peregrinos tiveram a oportunidade de ouvir as palavras do Papa Francisco que destacou a relevância da juventude na construção de um mundo melhor e exortou-os a enfrentar os desafios da vida sem medo.
O Papa também abordou questões cruciais, como os abusos sexuais na Igreja Católica, apelando à necessidade de enfrentar estas questões de frente e promover uma cultura de transparência e justiça.
Além disso, as questões de inclusão e tolerância também surgiram, destacando a necessidade de respeitar a diversidade e as diferentes orientações de todas as pessoas, especialmente em relação à comunidade LGBTQIA+.
Foi esta frase do Papa Francisco, sobre a inclusão de todos na Igreja que marcou o evento e que já está a gerar polémica.
“Na Igreja há lugar para todos, para todos. Na Igreja ninguém é excedentário, ninguém é excedentário, há lugar para todos. Tal como nós somos. Todos nós”.
Mas apesar das mensagens inspiradoras e do impacto positivo do encontro, a JMJ 2023 não ficou livre de polémicas. A discussão sobre os custos do evento, que totalizaram cerca de 161 milhões de euros, despertou preocupações em meio à situação económica de Portugal.
O Que é a JMJ
a JMJ é um encontro dos jovens de todo o mundo com o Papa e, simultaneamente, uma peregrinação, uma festa da juventude, uma expressão da Igreja universal e um momento forte de evangelização do mundo juvenil.
Inicialmente, acontecia todos os anos a nível diocesano, por altura do Domingo de Ramos e a partir de 2021 no Domingo de Cristo Rei. Recentemente, passou a realizar-se a cada dois, três ou quatro anos como um encontro internacional, numa cidade escolhida pelo Papa, sempre com a sua presença.
Esta iniciativa foi criada pelo papa João Paulo II (1920-2005) em 1985 (Ano Internacional da Juventude) e a primeira JMJ ocorreu no ano seguinte em Roma, Itália, numa celebração diocesana.
Já o primeiro encontro internacional realizou-se em Buenos Aires, Argentina, em 1987, a terra natal do Papa Francisco.
Na capital argentina, João Paulo II pediu aos jovens para comprometerem a sua energia juvenil “na construção da civilização do amor”.
Em 1989, Espanha acolheu pela primeira vez a JMJ, em Santiago de Compostela, onde os peregrinos rezaram pela paz. Nesse ano, o Muro de Berlim foi derrubado e, dois anos depois, uma Polónia livre (terra natal de João Paulo II) recebeu o encontro em Czestochowa.
Seguiu-se Denver, nos Estados Unidos da América, em 1993 que, pela primeira vez, incluiu a via-sacra pelas ruas da cidade, mas foi a capital das Filipinas, dois anos mais tarde que registou a maior afluência de sempre numa JMJ.
Em 1997, a JMJ regressou à Europa, a Paris, onde mais de meio milhão de jovens encheram as ruas da capital francesa de alegria e fraternidade, numa edição que ficou marcada pela introdução dos Dias nas Dioceses (encontro que antecede a semana da JMJ) e do Festival da Juventude (programa cultural e artístico).
Ainda no continente europeu, 2000 foi o ano da JMJ em Roma, para de seguida ser em Toronto, Canadá (2002), a última a que João Paulo II presidiu.
O papa anunciou então que a JMJ seguinte, em 2005, seria em Colónia, na Alemanha, mas foi o seu sucessor, o alemão Bento XVI (1927-2022), a presidir às celebrações.
Sydney, na Austrália, em 2008, é considerado o primeiro encontro da JMJ totalmente moderno, com a presença do evento nas redes sociais.
Em 2011, a JMJ retornou a Espanha, desta vez à capital, Madrid, e dois anos depois, já no pontificado de Francisco, o encontro mundial de jovens católicos teve como palco, pela primeira vez, um país de língua portuguesa: o Brasil.
O Papa Francisco presidiu ainda às jornadas de Cracóvia, na Polónia, em 2016, da Cidade do Panamá, em 2019 que contou com a presença da Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima e agora, à de Lisboa que contemplou uma deslocação a Fátima.
A JMJ 2023
A JMJ é um evento global que reúne jovens católicos de diferentes partes do mundo para celebrar a fé, compartilhar experiências e fortalecer a espiritualidade. A edição de 2023 chegou ao seu fim, trazendo consigo uma série de reflexões sobre os desafios e oportunidades que a juventude enfrenta nos tempos atuais.
Uma dessas reflexões foi a importância do comprometimento com a mudança e a tolerância. A mensagem do Papa Francisco sobre não confundir “egoísmo disfarçado de amor” ecoou nos corações dos jovens, lembrando-os de que a verdadeira solidariedade e serviço são fundamentais para construir um mundo melhor.
Uma característica marcante da JMJ é o foco no serviço e na caridade. Os jovens são incentivados a envolverem-se em iniciativas que beneficiem os menos privilegiados, promovendo assim a transformação social. Projetos comunitários, ações de voluntariado e outras formas de serviço são maneiras tangíveis pelas quais os jovens podem continuar a viver o espírito da JMJ nas suas vidas diárias.
Além de reunir jovens católicos, a JMJ também é um espaço para o diálogo inter-religioso e intercultural. Os encontros entre representantes de diferentes crenças e culturas promovem a compreensão mútua e o respeito, contribuindo para um mundo mais harmonioso e cooperativo.
Outro ponto de discussão que emergiu durante a Jornada Mundial da Juventude foi a importância do comprometimento com a mudança e a tolerância. A mensagem do Papa Francisco sobre não confundir “egoísmo disfarçado de amor” ecoou nos corações dos jovens, lembrando-os de que a verdadeira solidariedade e serviço são fundamentais para construir um mundo melhor.
A Próxima JMJ
Na missa do envio que encerrou a JMJ em Portugal, o Papa pediu aos jovens para não terem medo e perante 1,5 milhões de pessoas que se encontravam no evento, o Papa Francisco anunciou que a próxima JMJ será realizada em 2027 em Seul na Coreia do Sul e que todos os jovens estavam convidados a irem a Roma ao Jubileu em 2025.
A notícia de que a próxima Jornada Mundial da Juventude acontecerá em 2027 na vibrante cidade de Seul, na Coreia do Sul, trouxe uma mistura de emoções e expectativas. Essa escolha é um testemunho da natureza verdadeiramente global da Igreja Católica e da JMJ que reúne jovens de diferentes partes do mundo para celebrar a fé, a solidariedade e o amor.
No entanto, os representantes da África dos Sul, ficaram descontentes já que estavam à espera que fosse anunciado que, finalmente, a JMJ seria realizada, pela primeira vez num país africano, já que África é o único continente onde, até ao momento, não se realizou nenhuma JMJ.
Mas ao percebermos que a JMJ irá para Seul, é impossível não recordar o recorde de participantes que foi estabelecido nas Filipinas, em 1995, onde quatro milhões de peregrinos se reuniram para a missa de encerramento em Manila, uma demonstração poderosa da unidade da juventude católica. A escolha de Seul como a próxima sede é uma oportunidade para recriar esse momento.
Um Adeus e um Até Breve
A JMJ de Lisboa foi muito mais do que um evento religioso. Foi uma jornada de inspiração e transformação, onde jovens de diferentes culturas e origens se reuniram para partilhar alegrias, desafios e esperanças. A escolha de Seul como a próxima cidade-sede apenas reforça a mensagem de que a fé e a solidariedade transcendem fronteiras e unem corações.
E enquanto as emoções da JMJ estão frescas na memória, é hora de olhar para o futuro com esperança e determinação. A próxima JMJ em Seul promete ser mais um capítulo emocionante na história da Igreja Católica e da juventude global. Os jovens de todas as nações têm a oportunidade de se unirem, celebrarem a fé e enfrentarem juntos os desafios do mundo atua
Ao encerrar a JMJ, o Papa Francisco despediu-se dos jovens peregrinos, encorajando-os a continuarem firmes na sua fé e compromisso com um mundo melhor. Assim, os jovens retornam às suas casas com os corações cheios de esperança, inspiração e a determinação de tornar o mundo um lugar mais amoroso e inclusivo.
Os Números da CPLP
A JMJ 2023 contou ainda com uma grande participação de peregrinos inscritos dos países lusófonos, provenientes de Portugal (19.350), Brasil (5.826), Angola (752), Cabo-Verde (940), São Tomé e Príncipe (513), Moçambique (312), Guiné-Bissau (122) e Timor-Leste (62). No entanto, é preciso não esquecer que muitos peregrinos não se inscreverem, limitaram-se a aparecer na JMJ.
As Mensagens
Nesta JMJ o Papa Francisco, deixou alguns “chavões” para nos deixarem a pensar no futuro, essas mensagens são algo a reter por todos os jovens peregrinos, no seu regresso a casa.
“Na Igreja há lugar para todos, para todos. Na Igreja ninguém é excedentário, ninguém é excedentário, há lugar para todos. Tal como nós somos. Todos nós”.
“O ÚNICO MOMENTO EM QUE É LÍCITO OLHAR UMA PESSOA DE CIMA PARA BAIXO É PARA AJUDÁ-LA A LEVANTAR-SE”.
“Às vezes na vida há que sujar as mãos para não sujar o coração”.
“Uma vida sem crises é uma vida asséptica é como água destilada, não tem sabor a nada”.
“Na vida, nada é grátis, tudo se paga. Só uma coisa é gratuita: o amor de Jesus”.
“Não esqueçais que temos necessidade de uma ecologia integral, de escutar o sofrimento do planeta juntamente com o dos pobres”.
“Não basta que um cristão esteja convencido, deve ser convincente”.
“Nunca te canses de perguntar. Fazer perguntas é bom”.
“A alegria é missionária”.
“Sejam surfistas do amor”.
“A capelinha onde nos encontramos constitui uma bela imagem da Igreja: acolhedora e sem portas”.
Conclusão
Enquanto as cortinas se fecham sobre a JMJ em Lisboa, o verdadeiro espetáculo está apenas a começar. O legado deixado por este encontro inspirador perdurará, impulsionando os jovens a serem líderes de esperança, embaixadores de compaixão e construtores de um mundo mais justo e solidário.
Assim, com corações cheios de gratidão e entusiasmo, os jovens se despedem-se de Lisboa, prontos para trilhar o próximo capítulo emocionante das suas jornadas pessoais e coletivas. A JMJ é uma lembrança constante de que, independentemente das fronteiras que nos separam, somos todos membros de uma única família humana, unidos pelo desejo comum de construir um mundo melhor.
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Imagem: © 2023 DR